Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

12/03/2012

A TOCA DE KAFKA INVADE O TEATRO COM A ADAPTAÇÃO DE A CONSTRUÇÃO PARA OS PALCOS


Os grandes escritores têm o talento, se é que podemos chamar assim, de se fazerem eternos e atemporais. Suas questões sempre nos interrogam, afetam e mudam nossa compreensão de nós mesmos, bem como da vida e do tempo que nos é dado viver. Tratando-se de Franz Kafka não poderia ser diferente. Quem nunca pensou ao acordar que talvez pudesse estar transformado em uma barata ou ter adquirido todas as formas de sua repugnância? Quem nunca se viu nos corredores asfixiantes de O Processo quando tem que resolver algumas dessas nossas questões da burocracia sem fim e inimaginável, que nem os fios do cabelo de Ariadne nos ajudariam a transpor?

Por fim, quem nunca levantou muros, construiu cercas e fechou portas e janelas tentando se proteger do mundo ou de si mesmo? São essas construções humanas que o escritor checo toma como metáfora em sua obra A Construção que agora chega aos palcos do teatro em um monólogo estrelado pelo ator Caco Ciocler e com adaptação de Roberto Alvim.

O texto de Kafka narra a vida de uma criatura que vive debaixo da terra cavando uma construção para se proteger do mundo. Metáfora que carrega uma densidade particular e que ecoa de forma expressiva no mundo contemporâneo das cercas elétricas, da solidão, do individualismo, da intolerância, em que nunca Sartre foi tão atual ao dizer que “o inferno são os outros”.

A adaptação de A Construção buscou preservar o impulso natural que marca a escrita kafkiana. Kafka sempre se deixou conduzir pela própria obra, muito mais do que conduzi-la, e essa experimentação constante em busca de outras habitações e outras vidas que simplesmente acontecem faz parte da proposta da peça.

A presença do sujeito vestido de sobretudo e chapéu que na obra de Kafka pode ser visto como “o outro”, esse estranho familiar, como diria Freud, que nos habita e ao mesmo tempo é habitado por nós, também aparece na peça e, assim como no texto literário, representa essa constante ameaça ao mundo que cavamos debaixo da terra, a persistente luz a perscrutar nossa toca ( o mundo imaginário criado pelo escritor)  pelas mais invisíveis fendas.

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