Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

31/05/2012

Do engajamento ao bestialógico, passando pelo “patrulhamento”B


Blog do Emir

Por Emir Sader

Especialmente desde a ditadura, a direita brasileira foi se sentindo cada vez mais complexada, com sentimento de inferioridade diante da esquerda. Não era apenas porque ela defendia soluções de força, violentas, tinha a figura de seus chefes em obtusos chefes militares, mas também porque artistas, intelectuais, todos os que se identificavam com a cultura e a inteligência, não eram de direita, mas de esquerda.
Bastou terminar a ditadura para que uma espécie de “liberou geral” se abater sobre alguns artistas e intelectuais, como se todos e tudo agora fossem iguais – liberais, democratas, ditadura, democracia. Alívio para alguns, que já não teriam que aparecer denunciando as ações da ditadura e poderiam se dedicar a compor, a escrever, sem nenhum compromisso com a realidade concreta. Como se todo o resto – exploração, dominação, discriminação etc. etc. – tivessem desaparecido da noite pro dia e estivéssemos na maior das democracias.
Já um pouco antes, houve quem começasse a decretar o fim do artista engajado. No Brasil, ganhou forma na expressão da revolta contra o que seria um “patrulhamento” das organizações de esquerda sobre artistas e intelectuais, o que supostamente lhes retiraria a liberdade de criação. Sob a caricatura de um alegado “stalinismo” dos partidos de esquerda, se manifestava uma primeira forma de descompromisso com a realidade concreta e com o povo, mediante expressões do individualismo e do egoísmo. O liberalismo assumia o lugar do socialismo na cabeça e no comportamento de muita gente
O fim da ditadura inaugurou assim a temporada da debandada do campo da esquerda por intelectuais e artistas que, livres de qualquer constrangimento moral, aderiram ao pensamento conservador, com os respectivos espaços com que a direita passou a retribuir-lhes o papel de clowns que passaram a desempenhar.
Escandalizar manifestando explicitamente o racismo, o machismo, o obscurantismo, passou a ser moda entre jornalistas, escritores, artistas, nos espaços da mídia monopolista, que pregou o golpe militar, apoiou a ditadura e se enriqueceu com ela.
Mais recentemente, passou a ser moda escrever livros sobre o politicamente incorreto, contanto que, com ajuda dos colegas da mídia, possa frequentar duas ou três semanas a lista dos mais vendidos – cujas denúncias sobre as fraudes na revista Veja foram objeto de artigos do Luis Nassif. Atacar aos que eles consideram “ícones” da esquerda: Chico Buarque, Antonio Candido, Marilena Chaui.
Um desses clowns, que se jactava de fazer esse papel, escritor fracassado, terminou abandonando tudo e fugindo do país, para nao acabar como o Paulo Francis – boquirroto como ele, que fez denúncia sem fundamento contra a Petrobras, e morreu angustiado porque iria à falência com a multa que teria que pagar.
Periodicamente saem livros que se pretendem engraçadinhos, supostamente para “desmistificar” as interpretações da esquerda sobre o Brasil ou a América Latina. Desparecem em poucas semanas, sem pena nem glória, ninguém nem se lembra do nome dos autores. Em geral, são empregados da velha mídia, que promove seus livros.
São bestialógicos, que revelam a ignorância sobre o Brasil e a América Latina, pessimamente escritos, por editoras desconhecidas, que desaparecem sem pena, nem glória. Não sabem distinguir Valparaiso de Guadalajara, Guayasamin de Botero, cueca de vallenato, montoneros de tupamaros (como confundiu recentemente um global recém ingressado à Academia Brasileira de Letras).
É que a realidade da história do Brasil e da America Latina os incomoda, por isso periodicamente se dedicam a “desmistificar” o Che, os que lutaram contra a ditadura, Cuba, Hugo Chávez, e tudo o que represente os ideais populares e que, para seu desespero, se projetam e se perpetuam no tempo, sem dar bola para os latidos desses cães da guarda dos seus patrões e da direita brasileira.

30/05/2012

Veja, Gilmar e o Editor Imaginário


Por Maurício Caleiro, no blog Cinema & Outras Artes:

Após o período atípico, sem manchetes denunciativas nas capas, que se seguiu à instalação da CPI do Cachoeira, a revista Veja tenta sair das cordas publicando, na edição desta semana, uma denúncia em que um seu velho conhecido – o ministro Gilmar Mendes, do STF – afirma que o ex-presidente Lula o teria pressionado para que tentasse adiar a data do “julgamento do Mensalão” para depois das eleições municipais deste ano. Em troca, segundo a revista, o ex-presidente ofereceria ao magistrado“blindagem” contra eventuais acusações na CPI do Cachoeira.

Logo após a revista chegar às bancas, jornalistas e blogueiros passaram a apontar as múltiplas inconsistências da matéria - trabalho facilitado, inicialmente, pela negação peremptória da veracidade da denúncia feita pela única testemunha presencial do encontro entre Mendes e Lula (o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim) e complementado, na noite de ontem, pelo depoimento do próprio Gilmar Mendes ao Jornal Nacional, em que afirma que “ele [Lula] não pediu nada diretamente a mim”.

Factoide de curta duração
Não é meu interesse, aqui, repisar os múltiplos fatos e constatações que desmontaram o factoide de Veja em questão de horas, nem especular o que teria levado Mendes a desmentir a revista já na segunda-feira. As explicações estão aí, aos borbotões, na internet e no pouco que resta de imprensa séria no Brasil.

Tampouco me interessa, no curto espaço deste artigo, analisar a incompatibilidade da conduta de Gilmar Mendes com a posição que ocupa: como reconheceria qualquer pessoa ciente das leis, ainda que a acusação fosse verdadeira, seria obrigação de um ministro do STF levá-la à Justiça, e não, após mais de um mês de silêncio, fazer futricas na menos confiável das publicações brasileiras.

Lúdica imprensa
O que gostaria de propor aos leitores e leitoras neste texto é um exercício mental, um jogo, que pede uma certa dose de abstração, tendo como meta produzir uma reflexão sobre o jornalismo brasileiro hoje: façamos como Carlinhos Cachoeira e brinquemos de editor.

A proposta do jogo é que nos coloquemos no lugar do editor de uma hipotética revista jornalística séria. Tentemos evitar, portanto, assumir uma posição ideológica pré-determinada e tenhamos como meta principal simular adotar os mesmos critérios práticos que o jornalismo historicamente chama para si – checagem de informações, ouvir os dois lados, equilíbrio, responsabilidade social, defesa do interesse público.

Comecemos fazendo um esforço para esquecer, por um momento, a biografia e as peculiaridades dos personagens envolvidos na última “denúncia”da Veja, publicação que – com o perdão pelo duplo sentido - também deve ser abstraída de nosso pensamento.Conservemos a mesma denúncia, feita porém a uma revista jornalística séria de um país democrático: um ministro da Suprema Corte acusa um ex-presidente (por duas vezes eleito) de tê-lo pressionado para que convencesse colegas de toga a optarem pelo adiamento de determinado julgamento, envolvendo acusação de corrupção contra o partido político do ex-mandatário (mas não diretamente contra este). Em troca, ele teria prometido “aliviar a barra” do denunciante se e quando pipocassem acusações contra este numa CPI em andamento.

Jornalismo dentro da lei
Antes de examinarmos o caso é forçoso constatar que tudo o que se refere à denúncia teria de ser checado e rechecado pelos editores, antes da eventual publicação da matéria, posto que, além de serem estes os procedimentos recomendados pelo bom jornalismo, o que está em jogo envolve altas personalidades da República e poderia provocar sérias consequências tanto no campo jurídico quanto político-eleitoral. Desnecessário observar que a constatação de eventual leviandade por parte da publicação fatalmente acarretaria danos, não só à sua imagem pública, mas no âmbito judicial, já que a existência e o cumprimento de leis que regulamentam o exercício do jornalismo são característica comum aos países de democracia consolidada.

Um primeiro fator a se considerar pelo editor da revista seria o da credibilidade da testemunha. Ser ministro do Supremo ajuda, mas, como se sabe, quanto mais avançada a democracia, menos vale o “critério”da carteirada, do “você sabe com quem está falando?”. Uma publicação jornalística séria levaria em conta se o denunciante tem uma história moral condizente com a que se espera de alguém que tem assento na mais alta corte do país ou seu passado é entremeado de episódios obscuros, suspeitas, ligações com personalidades políticas controversas, perda da compostura em púbico, grampos sem áudio. A opinião pública e seus pares de toga o respeitam, ou ele já chegou a ser publicamente acusado, por um deles, de estar “na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro”?

Testemunha-chave
Uma segunda medida, porém elementar, seria se inteirar se haveria testemunhas que pudessem corroborar ou desmentir a acusação feita pelo ministro e, em havendo, entrevistá-la(s). Afinal, uma terceira pessoa que reafirmasse o ocorrido, a depender de sua credibilidade e do grau de coincidência com a denúncia originalmente formulada, forneceria uma evidência mais consistente para a publicação da denúncia, reduzindo o ônus da revista – ao passo que, se esse terceiro elemento fosse reticente ou desmentisse a acusação, acenderia um alerta e faria aumentar a desconfiança na redação quanto à veracidade do relato do magistrado.

Ora, nenhuma publicação séria do mundo publicaria uma denúncia contra um ex-presidente ciente de que esta seria desmentida pela única testemunha presencial capaz de corroborá-la, como Jobim o fizera em relação à denúncia de Veja/Mendes. Nosso jogo deveria, portanto, terminar aqui, já que um editor responsável e jornalistas honrados jamais concordariam em assinar uma matéria tão leviana, alicerçada em bases tão frágeis. Mas, entre nós, brasileiros, o jornalismo responsável anda tão escasso que proponho brincarmos de imprensa séria um pouquinho mais.

Coerência lógica
Consideremos então que, para nosso valoroso redator, tão essencial quanto as medidas acima elencadas seria um exame da plausibilidade da denúncia. Várias questões então se colocariam para ele. A primeira delas diz respeito à probabilidade lógica: o STF tem 11 membros. Do time atual, o ex-presidente indicou seis nomes, e sua sucessora, do mesmo partido, dois. Já o ministro acusador foi indicado por um ex-presidente que antecedeu a ambos mandatários e lhes faz oposição, indicação que, segundo alguns, se deu como forma de recompensar a extrema leniência com que o nomeado desempenhou o papel de Procurador-geral da República em seu governo.

Ora, por que o ex-presidente agora acusado, ao invés de pressionar os oito ministros nomeados por ele e sua sucessora, preferiria ir ter com um magistrado nomeado pelo seu principal opositor? Mais: por que o faria, se fora anteriormente publicamente agredido pelo mesmo ministro, que declarou que iria “chamá-lo às falas” por conta de uma denúncia de grampo no STF - publicada, aliás, na mesma revista ora sob suspeita, e jamais comprovada?

Fora de timing
Certamente nosso brioso editor, já picado pela vespa da perplexidade (ele é um editor imaginário, mas é humano), quedaria a pensar por que cargas d'água um ex-presidente desejoso de manipular a data do tal julgamento iria pressionar um ministro sem posição de comando no tribunal ou função especial alguma no “julgamento do Mensalão”,ao invés de acossar os presidentes do STF e do TSE ou o relator do caso? “Isso não faz sentido algum”, refletiria o nobre homem.

Por fim, pensaria nosso já estupefato editor, por que o ex-presidente, que poderia ter feito como seu antecessor e mandado engavetar a granel denúncias que o desagradassem, se tinha interesse em manipular o “julgamento do Mensalão”, não o fez antes, no poder?

Essa questão certamente estaria na pauta da entrevista com o ex-presidente, a qual, obedecendo parâmetros éticos mínimos, deveria não apenas dar a voz ao outro lado para que se posicionasse ante as acusações que lhe são feitas, mas publicá-las com destaque textual e fotográfico proporcional ao dado às acusações e ao acusador. Isso, conclui o editor, se não existissem tantos furos a impedir a realização de uma matéria minimamente séria, que pode destruir nossa reputação.

Uma questão de ética
Xingando mentalmente o pauteiro que propôs uma matéria tão sem sustentação, nosso valoroso editor desiste de publicar a matéria e comunica a decisão aos demais profissionais envolvidos – não sem uma sutil reprimenda entrelinhas.

Desliga o computador, fechas as gavetas e, com a consciência leve assegurando a dignidade com que os jornalistas de Veja não podem nem sonhar, sai assobiando pelas ruas com as mãos nos bolsos, vendo a tarde cair.

O Mundo do Faz de Conta




Há três períodos distintos no comportamento das pessoas, o primeiro é o ser, 
segundo é o ter e o terceiro é o faz de conta... A grande maioria das pessoas 
está na fase do faz de conta...

Reflitam!!

Recentemente uma professora, que veio da Polônia para o Brasil ainda 
muito jovem, proferia uma palestra e com muita lucidez trazia pontos 
importantes para reflexão dos ouvintes. 

"Já vivi o bastante para presenciar três períodos distintos no comportamento 
das pessoas", dizia ela. 

O primeiro momento eu vivi na infância, quando aprendi de meus pais que 
era preciso ser. Ser honesta, ser educada, ser digna, ser respeitosa, ser amiga, 
ser leal. 

Algumas décadas mais tarde, fui testemunha da fase do ter. Era preciso 
ter. Ter boa aparência, ter dinheiro, ter status, ter coisas, ter e ter... 

Na atualidade, estou presenciando a fase do faz de conta." 

Analisando sob esse ponto de vista, chegaremos à conclusão que a professora 
tem razão. Hoje, as pessoas fazem de conta e está tudo bem. 

Pais fazem de conta que educam, professores fazem de conta que ensinam, 
alunos fazem de conta que aprendem. 

Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de 
conta que se preocupam com o povo e o povo faz de conta que acredita. 

Pessoas fazem de conta que são honestas, líderes religiosos se passam por 
representantes de Deus, e fiéis fazem de conta que têm fé. 

Doentes fazem de conta que têm saúde, criminosos fazem de conta que são 
dignos e a justiça faz de conta que é imparcial. 

Traficantes se passam por cidadãos de bem e consumidores de drogas fazem 
de conta que não contribuem com esse mercado do crime. 

Pais fazem de conta que não sabem que seus filhos usam drogas, que se 
prostituem, que estão se matando aos poucos, e os filhos fazem de conta que 
não sabem que os pais sabem. 

Corruptos se fazem passar por idealistas e terroristas fazem de conta que são 
justiceiros... E a maioria da população faz de conta que está tudo bem... 

Mas uma coisa é certa: não podemos fazer de conta quando nos olhamos 
no espelho da própria consciência. Podemos até arranjar desculpas para 
explicar nosso faz de conta, mas não justificamos. 

Importante salientar, todavia, que essa representação no dia-a-dia, esse faz 
de conta, causa prejuízos para aqueles que lançam mão desse tipo de comportamento. 

A pessoa que age assim termina confundindo a si mesma e caindo num vazio, 
pois nem ela mesma sabe quem é, de fato, e acaba se traindo em algum 
momento. E isso é extremamente cansativo e desgastante. 

Raras pessoas são realmente autênticas. Por isso elas se destacam nos ambientes 
em que se movimentam. São aquelas que não representam, apenas são o que são, 
sem fazer de conta. 

São profissionais éticos e competentes, amigos leais, pais zelosos na educação 
dos filhos, políticos honestos, religiosos fiéis aos ensinos que ministram. 

São, enfim, pessoas especiais, descomplicadas, de atitudes simples, mas coerentes 
e, acima de tudo, fiéis consigo mesmas. 

A pessoa que vive de aparências ou finge ser quem não é corre sérios riscos de 
entrar em depressão. 
Isso é perfeitamente compreensível, graças à batalha que trava consigo mesma 
e o desgaste para manter uma realidade falsa. 

Se é fácil enganar os outros, é impossível enganar a própria consciência. 
Por todas essas razões, vale a pena ser quem se é, ainda que isso não agrade 
os outros. Afinal, não é aos outros que prestaremos contas das nossas ações, 
e sim à nossa consciência.


(Mensagens do Velho Sábio - 
http://www.velhosabio.com.br/momentodereflexao/516
/Faz+de+conta.html)

A pretensão de pautar as urnas de 2012 (Saul Leblon)


Blog das Frases

Qualquer brasileiro tem o direito de dizer que considera inconveniente atropelar o processo eleitoral de 2012 com o julgamento do chamado mensalão. Não se pode subtrair a um líder político como Lula, que combateu a ditadura, liderou greves históricas, disputou, perdeu e ganhou eleições presidenciais, tendo sido conduzido duas vezes ao cargo máximo da Nação, a prerrogativa de externar idêntico ponto de vista. 

Mais que um direito, mais que uma avaliação com a qual muitos democratas concordam, é um dever de Lula contribuir para a ordenação da agenda política nacional. Outra coisa é se o ex-presidente acertou em participar de um encontro a três, sendo os outros dois quem são, Gilmar Mendes e Nelson Jobim. 

A resposta a essa questão pertinente não avaliza a indisfarçável sofreguidão dos que querem pautar a democracia brasileira, impondo como prioridade fazer o julgamento do chamado 'mensalão' incidir na campanha de 2012.

Reduzir as eleições municipais em 5.560 municípios a um plebiscito em torno desse episódio controvertido contempla forças que não se consideram habilitadas para enfrentar o debate municipal com propostas e, mais que propostas, com o legado de suas escolhas estratégicas pesado e medido pelo veredito da história recente.

A manifestação democrática de Lula nesse sentido, se houve, incomoda muito; mas é legítima. 

Derivar daí um enredo fantasioso, desmentido por testemunho insuspeito, de chantagem e ofertas de capangagem política é uma narrativa que ademais de caluniosa excreta o suor frio do desespero. Embora provoque desconcerto pela audácia, no fundo há coerência na tentativa de pautar a democracia brasileira.

A trajetória de certos personagens e veículos que se notabilizaram como a corneta mais estridente do conservadorismo nativo atingiu um beco sem saída. A dobra da história não lhes é favorável. A esmagadora eleição de Dilma Rousseff derrotou , pela terceira vez consecutiva, a aposta na manipulação midiática da opinião pública como receita de sucesso
eleitoral. O stress dos materiais é evidente no almoxarifado conservador. 

Faltam-lhe peças de reposição. Ferrugem e fuligem corroem seus discursos e agendas. No auge da crise de Cachoeira, quando seu mundo ruiu, Agripino Maia, o líder que sobrou aos demos, decidiu escafeder-se em busca ar fresco junto a aliados no exterior: foi parar na Espanha, onde equivalentes ibéricos dos demos assumiram o governo para dobrar a aposta neoliberal. A sociedade espanhola esfarela em desemprego e recessão fatiada pelo açougue conservador com cortes sucessivos em várias frentes. Nesta 4ª feira, o risco país bateu o recorde da histporia do euro: os capitais fogem, a crise bancária se espalha. 

A mídia aliada se desgasta no esforço de preencher o vácuo com factóides que vão sedimentando a sua irrelevância. Sintomático nesse sentido é o declínio da outrora relevante página 2 da Folha, hoje preenchida com dificuldade por personagens do segundo escalão jornalístico que sofrem para empilhar palavras em comentários previsíveis e frequentemente descartáveis. O conjunto todo clama por uma renovação que não parece capaz de brotar das entranhas do velho aparato agônico. 

À consagradora avaliação dos dois governos Lula - que deixou a presidência com 80% de aprovação - não sucedeu o vaticinado fracasso de Dilma. Ao contrário. A presidenta que caminha para o seu ano e meio de gestão desfruta de credibilidade e prestígio igual ou superior aos de seus antecessores em igual período. Dilma consolida, dilata e radicaliza conquistas trazidas do ciclo que ajudou a erigir: politizou corajosamente a agenda dos juros acossando o território sagrado da lógica rentista; afrontou dogmas da ditadura ao instituir uma Comissão da Verdade que, nascida frágil, rompe a esférica blindagem de uma agenda tabu e pode surpreender.

No plano internacional, esfarela-se o leque de referências econômicas que sustentaram a hegemonia do mercadismo tupiniquim. O tripé surrado feito de privatizações, Estado mínimo e supremacia das finanças desreguladas sobre a economia e a sociedade reduziu povos à condição de nações zumbis; destruiu o Estado do Bem-Estar Social; arrasta o mundo há quatro anos para uma espiral descendente igual ou pior que aquela produzida pela grande depressão dos anos 30. Quem, hoje, em pleno controle de suas faculdades mentais apresentar-se-ia ao eleitor com a proposta de impingir ao Brasil um projeto anacrônico de laissez-faire como o que esmaga nações europeias, entregues a versões locais do programa demotucano?

A bandeira da moralidade, ademais, foi-lhes definitivamente subtraída pelo estouro da roleta tentacular da quadrilha Cachoeira. 

Restou assim requentar o pão amanhecido do 'mensalão', tarefa frágil a qual dedicam-se os centuriões dos interesses derrotados nas urnas e na história nos últimos anos. Gilmar Mendes perfila entre eles. É uma constatação biográfica assumida, não um dedo acusador. Na ausência dos titulares da linha de frente , assoberbados por processos criminais e derrotas eleitorais humilhantes, o ex-presidente do STF assumiu o vácuo para protagonizar o enredo do desespero, generosamente ecoado por Veja e seus satélites. 

A agressiva manipulação dos fatos a partir do encontro ocorrido no escritório do ex-ministro Jobim evidencia o peso e a medida que os factóides passaram a ocupar na arquitetura de sal de um aparato retalhado pelos ventos da história. Pautar a democracia através do jogral midiático é um requisito para legitimar o derradeiro suspiro dessa lógica: fazer do mensalão' uma borracha histórica; eclipsar derrotas e desnudamentos para postergar o funeral sem lágrimas da hegemonia conservadora no país.

Primeiro Atlas do Trabalho Escravo traz ferramenta de prevenção para as empresas


por Henrique Reis 

 

Descobrir o risco de envolvimento com trabalho escravo não é mais como procurar agulha num palheiro. Com o Atlas do Trabalho Escravo no Brasil, lançado hoje (16) pela OSCIP Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, é possível conhecer a probabilidade do fenômeno em setores da economia e municípios de todo o país. Atividades relacionadas com pecuária ou carvão vegetal, em certas regiões da Amazônia, estão entre os exemplos de risco muito alto de existência de trabalho escravo.
“Apresentamos uma ferramenta com a qual financiadores e empresas, em vez de reagir aos problemas, podem preveni-los, focando onde o risco é maior. Mas é essencial que a ferramenta seja atualizada constantemente”, destaca Roberto Smeraldi, Diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Realizado pelos geógrafos da USP Hervé Théry, Neli Aparecida de Mello, Julio Hato e Eduardo Paulon Girardi, com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Atlas foi desenvolvido com uma metodologia inédita que caracteriza a distribuição, os fluxos, as modalidades e os usos do trabalho escravo no país, nas escalas municipal, estadual e regional, utilizando fontes oficiais e consolidadas.
Os dois novos produtos que o Atlas oferece para a sociedade brasileira são o Índice de Probabilidade de Trabalho Escravo e o Índice de Vulnerabilidade ao Aliciamento. No primeiro caso, trata-se de uma ferramenta inovadora e essencial para gestores de políticas públicas e agentes do setor privado, que pode contribuir expressivamente em ações de planejamento.
“Em razão do Índice de Probabilidade estar disponível em escala municipal, as instituições financeiras poderão incorporar uma maior precisão nos procedimentos de avaliações de risco”, esclarece Oriana Rey, Assessora do Programa Eco-Finanças da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
O Índice de Vulnerabilidade ao Aliciamento, por sua vez, é uma ferramenta a ser aplicada principalmente por gestores de políticas públicas e sociais, uma vez que aponta para as regiões de origem do escravo.
Por meio da aplicação de metodologia, o Atlas também oferece um perfil típico do escravo brasileiro do século XXI ao decrevê-lo como um migrante maranhense, do Norte do Tocantins ou oeste do Piauí, de sexo masculino, analfabeto funcional, que foi levado para as fronteiras móveis da Amazônia, em municípios de criação recente, onde é utilizado principalmente em atividades vinculadas ao desmatamento.
“A ferramenta desenvolvida criou uma metodologia extremamente útil para a sociedade civil”, afirma Hervé Thery, co-autor do Atlas.

Algo de novo no reino das Universidades Federais?



ESCRITO POR MARCELO BADARÓ MATTOS   
Correio da Cidadania

São muitas vezes surpreendentes os caminhos que levam a movimentos coletivos como as greves. Quem poderia prever que depois de sete anos sem qualquer greve nacional unificada as Instituições Federais de Ensino Superior viveriam uma nova greve nacional, e com tanta força que recebeu em poucos dias a adesão dos(as) docentes de 44 instituições, incluindo praticamente todas as que foram criadas nesses últimos anos e a maior parte das grandes federais mais antigas, como a UFRJ, UFF, UNIRIO e UFRRJ (para ficar no exemplo das do Rio de Janeiro)?

Quem poderia dizer que nas novas instituições e nos novos campi das antigas, fruto do tão propagandeado processo de expansão formatado pelas regras do REUNI, surgiriam os setores docentes e discentes mais mobilizados para esse enfrentamento? Como imaginar que até naquelas instituições em que surgiu e implantou-se uma representação docente de caráter oficialista – o PROIFES –, cujo objetivo evidente é conter as lutas da categoria, fossem ressurgir movimentos autônomos das(os) docentes, convocando assembléias, contrariando direções pelegas e construindo também lá a mobilização (e ao que parece, em breve, a greve)? Quem apostaria que nas Instituições Federais de Ensino Superior, que por certo forneceram muitos votos ao atual governo federal na expectativa de manutenção da política de expansão e dos reajustes salariais anuais, tão forte e resoluta fosse a adesão a um movimento acusado pelo governo e os governistas de ser fruto de uma mera manipulação política de setores oposicionistas? A dinâmica dos conflitos sociais nos reserva surpresas, mas não nos dispensa de compreendê-las. Por que uma greve tão forte emergiu nestes últimos dias?

Para entendê-lo, é necessário reconhecer que a pauta do movimento, curta e direta, representa de fato uma forte insatisfação. A pauta: uma reestruturação da carreira docente e a melhoria das condições de trabalho. Sobre a carreira, a questão é simples: após 25 anos de aprovação do Plano Único que passou a reger a carreira docente, em 1987, sucessivas políticas salariais para a Universidade depreciaram e desestruturaram a carreira.

O que se reivindica é, basicamente, uma única linha de vencimento nos contracheques (com a incorporação das gratificações e o entendimento do percentual de titulação como parte do vencimento), com 13 níveis, steps (percentuais entre os níveis) de 5%, acesso interno à carreira ao nível de Professor Titular, com paridade entre ativos e aposentados e isonomia entre professores(as) da carreira do magistério superior e da carreira de ensino básico, técnico e tecnológico.

O piso para professor com jornada de 20 horas no início da carreira seria de R$ 2.329,35 (um salário mínimo do DIEESE, calculado com base nas necessidades mínimas de um trabalhador e sua família, conforme dita a Constituição). O governo acena com uma carreira mais desequilibrada em termos salariais, com um piso baixíssimo e promoções atreladas a critérios produtivistas, visando diferenciar um pequeno contingente melhor remunerado (por projetos e pela atuação em pós-graduações) e uma imensa maioria de docentes sobrecarregados com a elevação da carga de trabalho em salas de aulas de graduação. Já quanto às condições de trabalho, cinco anos após o início do REUNI, as instituições federais criaram centenas de novos cursos e ampliaram em dezenas de milhares as suas vagas de ingresso discente.

O governo, entretanto, não garantiu até agora nem mesmo o relativamente (à ampliação das matrículas) pequeno número de concursos públicos para docentes com o qual se comprometeu em 2007. As obras de expansão carecem de verbas para sua complementação, gerando ausência de laboratórios, bibliotecas e salas de aula nas novas unidades, assim como superlotação nas antigas. Some-se a isso a enorme deficiência no campo da assistência estudantil, cada vez mais necessária na medida em que, entre os novos estudantes, tendem ingressar contingentes cada vez maiores de trabalhadores(as) e filhos(as) de trabalhadores(as), sem condições de arcar com os custos de transporte, moradia, alimentação e material didático minimamente necessários para a vida universitária.

A greve pode ter colhido a muitos(as) de surpresa, mas está longe de ser um fenômeno de difícil explicação. Professores e professoras (e estudantes que aderem ao movimento em muitas universidades) optaram por esse instrumento de luta porque estão conscientes de sua necessidade diante da deterioração de sua carreira e das condições de trabalho. E perceberam que ou freiam agora o desmonte, ou serão arrastados ao fundo do poço em poucos anos.

Greve?

Tão logo a greve foi anunciada, surgiram de imediato combatentes anti-greve no interior das universidades. Seus argumentos não são novos para quem já viveu outros processos grevistas. Vale rebatê-los apenas para relembrar aspectos do passado recente das lutas em defesa da Universidade Pública que podem escapar àqueles(as) que  a elas se integraram nos últimos anos.

Greves paralisam só as graduações e prejudicam apenas os estudantes de graduação? Tal argumento foi usado principalmente a partir dos anos 2000, quando a pressão das agências financiadoras/avaliadoras sobre as pós-graduações para cumprirem metas produtivistas gerou um núcleo de docentes que assumiu internamente (ou como membros de comitês das agências) o papel de feitores da produtividade coletiva, alardeando o pânico dos prazos e metas ante qualquer rumor de questionamento.

As greves tradicionalmente pararam aulas de graduações e pós e podem continuar a fazê-lo. Prejudicam os estudantes? Momentaneamente prejudicam estudantes, professores e técnico-administrativos que as fazem, é óbvio, mas significam justamente o sacrifício de um calendário regular de atividades (com os prejuízos materiais e pessoais que isso pode representar) em nome de um projeto maior de Universidade Pública.

Assim evitamos a cobrança das mensalidades, com a greve de 1982; garantimos os direitos dos professores precariamente contratados ao longo da ditadura, com as greves da primeira metade dos anos 1980; conquistamos a isonomia entre instituições fundacionais e autárquicas e a carreira docente, com a greve de 1987; descongelamos as vagas para concursos docentes, com a greve de 2001; barramos ou derrubamos diversas propostas e práticas desastrosas para o caráter público e a qualidade do trabalho universitário (projeto GERES; propostas de “regulamentação” da autonomia; efeitos da reforma do Estado; carreira de “emprego público”; gratificações produtivistas, quebras de isonomia e paridade etc.); e preservamos minimamente os salários (que ainda assim perderam muito do seu valor de compra ao longo dos anos).

Estivemos longe de fazer greves meramente corporativistas, pois sempre pautamos a garantia da qualidade do trabalho de ensino, pesquisa e extensão nas universidades, o que foi sempre reconhecido pelos(as) estudantes, muitas vezes com greves conjuntas, como a que já ocorre agora em diversas universidades. Seriam os(as) estudantes tolos(as), que apóiam algo que lhes prejudica tanto assim? Ou o discurso que os vitimiza em relação à greve é apenas uma artimanha de desqualificação do movimento e da consciência estudantil?

Desqualificar as mobilizações de trabalhadores e de estudantes, qualificando-as como produto de minorias e forças “estranhas” (partidos, sindicatos, intenções políticas oposicionistas) ao corpo social – universitário neste caso –, é, aliás, uma das estratégias recorrentes nos argumentos anti-greve dos setores conservadores. Um recurso retórico em tudo congruente com a longa trajetória de desqualificação da população trabalhadora pelo discurso das classes dominantes, que no Brasil sempre apontaram as “ideologias alienígenas” (anarquistas, comunistas, sindicalistas, ou o que seja) como responsáveis pelas perturbações à ordem, através da “manipulação” de grupos tomados como “massas de manobra”, enquanto a maioria do “povo” – “ordeiro e pacífico” (claro!) – assistiu a tudo indiferente, quando não “bestializado”.

Teriam tanta força nas Universidades Federais dois ou três partidos de oposição de esquerda ao governo, que juntos somaram cerca de 1% na última eleição, para manipularem segundo seus interesses políticos dezenas de milhares de docentes? São as(os) docentes universitárias(os) tão parvos assim? E as(os) estudantes também? Se o Sindicato Nacional é tão carente de representatividade, por que reúne um contingente tão significativo de associados em suas sessões sindicais? Por que assembléias supostamente “ilegítimas” reúnem cada uma centenas de professores(as), que trocam informações, avaliam a situação, discutem e se posicionam coletivamente?

Por certo que o questionamento à legitimidade vem sempre acompanhado de tentativas de profecias auto-realizáveis: “não vou à assembléia porque ela é ilegítima e tem pouca participação” (e não indo, contribui-se para fazer menor a participação e assim argüir sua legitimidade). O que vem muitas vezes acompanhado de uma fala ainda mais auto-centrada de questionamento dos espaços coletivos de deliberação, não por cercearem a palavra, mas por aprovarem posturas contrárias às do indivíduo que questiona: “Já fui muito, mas desisti, pois o espaço é antidemocrático, já que toda vez que falei contra a greve perdi as votações”.

Há argumentos mais falaciosos, como o de que as greves não geram resultado algum ou que esvaziam a universidade dificultando o debate e a mobilização, ou ainda que docentes recebem seus salários quando fazem greve. Difícil tomá-los como simples fruto de diferentes visões políticas, pois falseiam a realidade. A história das greves docentes está sendo cada vez mais pesquisada e diversos trabalhos acadêmicos já fizeram o balanço e avaliaram a importância desses movimentos nas últimas três décadas. Um quadro sintético dos resultados das greves nas Instituições Federais pode ser consultado em http://www.sedufsm.org.br/index.php?secao=greve. As greves sempre potencializaram o debate – interno às Universidade e público – sobre as políticas para o ensino superior no país e parar a atividade universitária é o único meio de garantir mobilizações multitudinárias nas ruas.

Que debate sobre o ensino superior estão fazendo os anti-greve em suas aulas cotidianas? De que mobilizações em defesa da Universidade Pública estão participando enquanto dão suas aulas? Já quanto aos salários, não seria absurdo que o direito de greve fosse respeitado e os salários pagos, mas todos(as) se lembram de como em diversas greves que ultrapassaram um mês de duração os salários foram cortados (cuidado! O governo corta os salários de todo mundo, inclusive dos(as) que continuam dando aulas!), como na greve de 2001, em que dois meses foram sucessivamente cortados e só pagos depois que as mobilizações da greve arrancaram decisões judiciais favoráveis em meio a “guerras de liminares”.

Não é difícil entender as motivações dos(as) que se propõem a furar uma greve (fura-greves pode ser um “conceito nativo” com conotação negativa, como pelego, mas é compartilhado por todos os estudiosos dos fenômenos grevistas nas Ciências Humanas e Sociais, porque corresponde ao que expressa). Em alguns casos, acomodam-se a – e reproduzem – determinadas situações de poder; em outros, estão por demais enredados em mecanismos de apropriação privada de recursos através da Universidade Pública (como cursos pagos e consultorias); algumas vezes apenas estão aferrados à defesa do governo de “seu” partido. Outras vezes, um pouco de tudo isso está presente.

Fazer a greve

As respostas mais significativas aos anti-greve sempre foram construídas pelos próprios movimentos e seus resultados objetivos. Não se trata de docentes que não aprenderam com as lições do passado, mas de deliberada retomada de argumentos desgastados para marcar posição e construir a rede de reverberação interna às arengas conservadoras tradicionais dos governos e da mídia. No entanto, greves fortes e participativas, como está se desenhando desde o começo, atropelam sem maiores problemas tais tentativas de deslegitimação da luta coletiva.

Não há como prever os resultados finais da greve, mas desde já se podem perceber algumas conquistas significativas. Docentes e estudantes que ingressaram nos últimos tempos nas universidades participam ativamente de um movimento coletivo e sentem-se parte de uma comunidade universitária que pode sim atuar unida em torno de pautas comuns. No reino do individualismo, da concorrência e do produtivismo, ouve-se um coro de vozes falando como uma só, fazendo ecoar cantos de solidariedade, dignidade, coletividade e consciência de classe.

Nessa toada – de uma greve apoiada pela maioria da categoria, dada a justiça de suas reivindicações, e que ganha do apoio à adesão dos estudantes pelo aspecto da defesa da Universidade Pública e da qualidade do ensino –, estamos diante da construção de um movimento suficientemente forte para gerar repercussão pública, apoio social e, com essas condições, dobrar o governo e garantir ganhos efetivos. Transformar esse potencial em realidade é o que nos cabe a partir de agora.

29/05/2012

Médicos reprovados! - A sociedade precisa saber!






Os resultados do projeto-piloto criado pelos Ministérios da Saúde e da 
Educação para validar diplomas de médicos formados no exterior 
confirmaram os temores das associações médicas brasileiras.

Dos 628 profissionais que se inscreveram para os exames de proficiência 
e habilitação, 626 foram reprovados e apenas 2 conseguiram autorização 
para clinicar. A maioria dos candidatos se formou em faculdades 
argentinas, bolivianas e, principalmente, cubanas.

As escolas bolivianas e argentinas de medicina são particulares e os 
brasileiros que as procuram geralmente não conseguiram ser 
aprovados nos disputados vestibulares das universidades federais do País.

As faculdades cubanas, a mais conhecida é a - Escola Latino-Americana 
de Medicina (Elam) de Havana. São estatais e seus alunos são escolhidos 
não por mérito, mas por afinidade ideológica. Os brasileiros que 
nelas estudam não se submeteram a um processo seletivo, *tendo 
sido indicados por movimentos sociais, *organizações não 
governamentais e partidos políticos.*

Dos 160 brasileiros que obtiveram diploma numa faculdade cubana de 
medicina, entre 1999 e 2007, 26 foram indicados pelo *Movimento 
dos Sem-Terra (MST*).

Desde que o PT, o PC do B e o MST passaram a pressionar o governo 
Lula para facilitar o reconhecimento de diplomas cubanos, o Conselho 
Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira têm denunciado 
a má qualidade da maioria das faculdades de medicina da América Latina, 
alertando que os médicos por elas diplomados não teriam condições de 
exercer a medicina no País.

As entidades médicas brasileiras também lembram que, dos 
298 brasileiros que se formaram na Elam, entre 2005 e 2009, 
só 25 conseguiram reconhecer o diploma no Brasil e regularizar sua 
situação profissional.

Por isso, *o PT, o PC do B e o MST * optaram por defender o 
*reconhecimento automático do diploma*, *sem precisar passar 
por exames de habilitação profissional* - o que foi vetado 
pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira.

Para as duas entidades, as faculdades de medicina de Cuba, da 
Bolívia e do interior da Argentina teriam currículos 
ultrapassados, estariam tecnologicamente defasadas e não contariam 
com professores qualificados.

Em resposta, *o PT, o PC do B e o MST * *recorreram a argumentos 
ideológicos*, alegando que o modelo cubano de ensino médico 
valorizaria a medicina preventiva, voltada mais para a prevenção 
de doenças entre a população de baixa renda do que para a medicina 
curativa.

No marketing político cubano, os médicos "curativos" teriam interesse 
apenas em atender a população dos grandes centros urbanos, não se 
preocupando com a saúde das chamadas "classes populares".

Entre 2006 e 2007, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara chegou
 a aprovar um projeto preparado pelas chancelarias do Brasil e de Cuba, 
permitindo a equivalência automática dos diplomas de medicina expedidos 
nos dois países, mas os líderes governistas não o levaram a plenário, temendo 
uma derrota.

No ano seguinte, depois de uma viagem a Havana, *o ex-presidente 
Lula pediu uma "solução"* para o caso para os Ministérios da Educação e 
da Saúde.

E, em 2009, governo e entidades médicas negociaram o projeto-piloto 
que foi testado em 2010. Ele prevê uma prova de validação uniforme, 
preparada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
do MEC, e aplicada por todas as universidades. Por causa do 
desempenho desastroso dos médicos formados no exterior, o governo 
- mais uma vez cedendo a pressões políticas e partidárias – pretende 
modificar a prova de validação, sob o pretexto de "promover ajustes".

As entidades médicas já perceberam a manobra e afirmam que não 
faz sentido reduzir o rigor dos exames de proficiência e habilitação.

Custa crer que *setores do MEC continuem insistindo em pôr a 
ideologia na frente da competência profissional*, quando estão em 
jogo a saúde e a vida de pessoas.


Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,

Luta e conquista, apesar da crise



Por Luis Nassif

As seguintes suspeitas rondam o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente após sua última parceria com a revistaVeja. E não tem como seus pares ignorarem:

Há indícios de alguma forma de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Há suspeitas de uma viagem paga a Berlim e voos fretados no Brasil. Seja o que for, se os fatos existiram ou não, se imprudência, desvio ético ou corrupção, a corte precisa apurar. Não pode ignorar suspeitas graves. Há a necessidade premente de se saber a extensão de suas ligações com Demóstenes, Cachoeira e Veja.

Há pelo menos um ato da maior gravidade, que necessita ser esclarecido: a contratação do principal operador de Cachoeira – o araponga Jairo –, para trabalhar na segurança do STF. Há indícios de jogadas combinadas entre Veja, Cachoeira e Gilmar. Foi a matéria “A República do Grampo”, mais os factoides sobre o grampo no Supremo que provavelmente forneceram o álibi para que Gilmar contratasse Jairo. A República do Grampo era controlada por Carlinhos Cachoeira e, graças a Gilmar, o Supremo pode ter ficado à mercê da organização criminosa. O episódio da falsa escuta no Supremo envolveu a instituição em uma armação que até hoje não foi esclarecida.

Há indícios veementes de que o encontro com Lula foi solicitado pelo próprio Gilmar. E desconfiança que se destinava a obter o apoio de Lula contra as investigações da CPMI de Cachoeira. Qual a moeda de troca?
A matéria da duplaVeja-Gilmar manipula declarações de vários ministros da corte, tendo como endosso Gilmar Mendes.

Gilmar precisa ser chamado a se explicar. O Supremo não pode ficar inerte ante o risco de um mega-escândalo que poderá afetar sua imagem. E robustecer teorias conspiratórias – como a de que vários ministros estariam reféns de Gilmar.