Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

28/03/2012

O liberalismo de guerra


Posted by Blog da Boitempo

Por Emir Sader

A OTAN foi organizada, durante a Guerra Fria, a partir da política de “contenção do comunismo”, para deter a suposta “ameaça soviética”. Foi a consolidação da hegemonia norte-americana sobre a Europa, de tal maneira que o Comandante Geral da OTAN sempre foi um militar norte-americano.
Com o fim da URSS, a OTAN deveria desaparecer. Mas a indústria bélica e a política militar em geral são parte essencial da economia e da política dominantes no campo imperialista e, como se poderia esperar, reciclaram a OTAN. Coube a Tony Blair formular a doutrina que passou a usar o seu nome, enunciando que a partir daquele momento a OTAN se encarregaria de desenvolver “guerras humanitárias”. Isto é, alegando a defesa dos direitos humanos, se reivindicaria o direito de intervir em conflitos nacionais onde os direitos humanos estivessem sendo desrespeitados.
Para isso, passaram a desrespeitar os acordos do fim da I Guerra Mundial, segundo os quais não haveria intervenção dentro de cada país, nem surgiria novas nações a partir do desmembramento das existentes, conforme a Doutrina Wilson e seu conceito de segurança nacional. A denúncia – não importa a fonte, nem sua manipulação pela mídia internacional – da existência de “massacres”, “crimes de lesa humanidade” etc. etc., que governos estariam colocando em prática, seria suficientes para intervenções militares da OTAN, como as que aconteceram na Iugoslávia, no Afeganistão, na Libia, entre outras.
Essa virada doutrinária foi um teste para os liberais e sua defesa dos direitos humanos. Como encarar um conceito tão contraditório como o de “guerras humanitárias”?
No livro publicado pela Boitempo, Espectro, de Perry Anderson, um dos ensaios mais significativos é justamente o que analisa a forma como três importantes teóricos como Norberto Bobbio, Jürgen Habermas e Jonh Rawls, chegaram a aderir ao conceito de “guerra humanitária” e à diferença entre guerras “boas e ruins”. O artigo se chama “Armas e direitos: o centro ajustável”.
Não vamos reproduzir aqui os raciocínios de Perry Anderson, remetemos à leitura desse artigo indispensável, mas apenas chamamos a atenção das armadilhas em que cai o pensamento liberal, que pretende ser o defensor mais radical dos direitos humanos, mesmo em algumas das suas expressões mais fortes teoricamente – como os três autores analisador nesse artigo – diante das situações concretas. Não foi de outra maneira que a social democracia europeia sempre se alinhou com os EUA na Guerra Fria, aderindo aos fantasmas do “perigo soviético”.
Hoje, os que ainda pretendem ser defensores radicais dos direitos humanos limitam sua ação às fronteiras do império norte-americano. Denunciam violações dos direitos humanos no Irã, na Síria, em Cuba etc. etc., mas se calam ou se empenham apenas formalmente diante do que acontece em Guantánamo, no Afeganistão, na Palestina…

Nenhum comentário:

Postar um comentário