Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

28/04/2012

Que diabos posso?

Que diabos eu posso fazer com meu joelho,
com a minha perna tão longa e magra,
meus braços, minha língua,
com os meus olhos fracos?



O que eu posso fazer neste redemoinho
cheio de idiotas?
O que eu posso fazer com esta podridão inteligente
e doces meninas que não querem o homem, mas a poesia?
O que eu posso fazer entre os poetas uniformizados
pela academia ou o comunismo?



O que posso fazerentre vendedores e políticos
ou pastores?
Que diabos eu posso fazer,
se eu não sou santonem herói, nem vilão,
ou adorador da arte, ou rebelde?
O que eu posso fazer se eu posso fazer tudo
mas não tenho nenhum desejo, apenas olhar e olhar?

O vento e a alma

Com tanta veemência o vento
do mar, os seus sons
espalham elementos
no silêncio da noite.



Sozinho em sua cama, você ouve
insistente os cristais
brincando, chorando e chamando
por alguém perdido.



Mas não é ele quem está insone
Eu sinto, mas que com uma outra força
que seu corpo é agora prisão
No vento estava livre, 

Só tendo a alma a recordar.

Essência feminina


Essência feminina

Ah, mulher...
Estratificando sua mente e alma
Encontra-se grandeza.
Reviravoltas hormonais.
Teu interior vulcânico,
Complexo processo rico e doloroso.
Todo o corpo é decadente e passageiro.
O que não a impede de ser vaidosa.
De ser criativa e inteligente.
No consciente: uma constelação inerente.
No inconsciente: mel e fel.
É nos teus sonhos que virá a cura.
Tuas janelas d'alma são preocupação e sedução.
Feliz e intensa serás, se não se deixar levar
Por preconceituosas óticas que paralisam.
E Deus recolherá tuas lágrimas,
Recompensada serás na hora certa.
Pois, a costela de Adão era feita de cálcio,
Mas, também de ligações de açúcares,
Cloreto de sódio e essência feminina.
Gerou-se então, o botão da flor sanguínea
Mulher, mãe, adolescente, idosa ou menina.
Cópia de Querubins e Serafins.
Suavidade e vida que cria vida.
Conforto doce cuja contemplação vicia...
Suas pernas, mesmo cansadas: são colunas.
Seus braços, seu colo quente e seu corpo:
São irresistíveis fontes de prazer para a criança.
Seja essa criança da idade que for...

Viceversa (Mario Benedetti)


Tengo miedo de verte 
necesidad de verte 
esperanza de verte 
desazones de verte 

tengo ganas de hallarte 
preocupación de hallarte 
certidumbre de hallarte 
pobres dudas de hallarte 

tengo urgencia de oírte 
alegría de oírte 
buena suerte de oírte 
y temores de oírte 

o sea 
resumiendo 
estoy jodido 
y radiante 
quizá más lo primero 
que lo segundo 
y también 
viceversa.

Hagamos un trato (Mario Benedetti)

Compañera 
usted sabe 
puede contar 
conmigo 
no hasta dos 
o hasta diez 
sino contar 
conmigo 

si alguna vez 
advierte 
que la miro a los ojos 
y una veta de amor 
reconoce en los míos 
no alerte sus fusiles 
ni piense qué delirio 
a pesar de la veta 
o tal vez porque existe 
usted puede contar 
conmigo 

si otras veces 
me encuentra 
huraño sin motivo 
no piense qué flojera 
igual puede contar 
conmigo 

pero hagamos un trato 
yo quisiera contar 
con usted 

es tan lindo 
saber que usted existe 
uno se siente vivo 
y cuando digo esto 
quiero decir contar 
aunque sea hasta dos 
aunque sea hasta cinco 
no ya para que acuda 
presurosa en mi auxilio 
sino para saber 
a ciencia cierta 
que usted sabe que puede 
contar conmigo.

Los Enemigos (Pablo Neruda)

Ellos aquí trajeron los fusiles repletos
de pólvora, ellos mandaron el acerbo
exterminio,
ellos aquí encontraron un pueblo que cantaba,
un pueblo por deber y por amor reunido,
y la delgada niña cayó con su bandera,
y el joven sonriente rodó a su lado herido,
y el estupor del pueblo vio caer a los muertos
con furia y con dolor.
Entonces, en el sitio
donde cayeron los asesinados,
bajaron las banderas a empaparse de sangre
para alzarse de nuevo frente a los asesinos.

Por esos muertos, nuestros muertos,
pido castigo.

Para los que de sangre salpicaron la patria,
pido castigo.

Para el verdugo que mandó esta muerte,
pido castigo.

Para el traidor que ascendió sobre el crimen,
pido castigo.

Para el que dio la orden de agonía,
pido castigo.

Para los que defendieron este crimen,
pido castigo.

No quiero que me den la mano
empapada con nuestra sangre.
Pido castigo.
No los quiero de embajadores,
tampoco en su casa tranquilos,
los quiero ver aquí juzgados
en esta plaza, en este sitio.

Quiero castigo.

Ahora es Cuba (Pablo Neruda)

Y luego fue la sangre y la ceniza.

Después quedaron las palmeras solas.

Cuba, mi amor, te amarraron al potro,
te cortaron la cara,
te apartaron las piernas de oro pálido,
te rompieron el sexo de granada,
te atravesaron con cuchillos,
te dividieron, te quemaron.

Por los valles de la dulzura
bajaron los exterminadores,
y en los altos mogotes la cimera
de tus hijos se perdió en la niebla,
pero allí fueron alcanzados
uno a uno hasta morir,
despedazados en el tormento
sin su tierra tibia de flores
que huía bajo sus plantas.

Cuba, mi amor, qué escalofrío
te sacudió de espuma la espuma,
hasta que te hiciste pureza,
soledad, silencio, espesura,
y los huesitos de tus hijos
se disputaron los cangrejos.

26/04/2012

Como imaginar uma orgia (Luiz Fernando Verissimo)






A minicâmera e o grampo telefônico ainda podem fazer mais pela moral na política do que toda a fiscalização e todos os mandamentos cristãos juntos. Supõe-se que depois dos escândalos recentemente grampeados as pessoas fiquem mais cautelosas, ou mais reticentes. Corruptos e corruptores continuarão a existir mas não agirão nem falarão mais tão livremente, pelo menos não antes de procurar a câmera e o microfone escondidos. O que deve no mínimo dificultar os negócios.

Os avanços da técnica revolucionaram o registro histórico. Imagine se quando o Kennedy foi assassinado já existissem os gravadores e os celulares que hoje substituem as câmeras fotográficas até no aniversário do cachorro. Em vez daquele precário filme em 8 mm do atentado, estudado e reestudado quadro a quadro na busca de vestígios de uma conspiração, haveriam teipes e fotos de todos os ângulos e com todas as respostas, como a cara, o nome e o CIC dos possíveis conspiradores.

Mas a técnica, ao mesmo tempo que desestimula a falcatrua, comprova a denúncia, desmancha o mistério e enriquece a notícia, pode empobrecer nossa percepção dos fatos. As grandes batalhas e os grandes eventos da era pré-fotográfica foram registrados em quadros épicos em que o artista ordenava a cena em função do efeito, não do fato, ou não exatamente do fato. A Primeira Guerra Mundial não foi mais terrível do que muitas guerras anteriores, só foi a primeira guerra filmada, a primeira com a imagem tremida e sem cor, e por isso parece tão mais feia do que as guerras heroicamente pintadas. A guerra do Vietnã foi a primeira transmitida pela tevê, a primeira em que o sangue respingou no tapete da sala. Por isso deu nojo. Os americanos aprenderam a lição e transformaram sua invasão do Iraque num videogame.

Até surgir a possibilidade de ser tecnicamente denunciado, o político corrupto podia contar com a condescendência do público. Mesmo quando não havia dúvidas quanto à sua corrupção, havia sempre a suspeita de que não era bem assim. Sua culpa - até se ouvir sua voz gravada combinando a divisão dos milhões, ou ver sua imagem forrando os sapatos com dinheiro - era sempre uma conjetura. Imaginávamos o que acontecia nos bastidores do poder corrupto mas era um pouco como imaginar uma orgia romana, ou visualizar uma orgia romana através da imaginação de um artista. Agora não. Com a banalização do grampo telefônico e da minicâmera escondida, temos o que faltava no quadro. Temos todos os sórdidos detalhes e a orgia às claras. Temos o que enoja.

PSDEMB


Posted on  | Blog da Boitempo

"Fim e começo", de Lasar Segall (1928)
Por Izaías Almada
Enquanto a reforma política brasileira inspira a fantasia de inúmeros cidadãos e fica arquivada e esquecida em gavetas de Brasília, torna-se necessário, vez por outra, avaliarmos o quadro geral da República nessa área e nos debruçarmos sobre uma ou outra questão de inegável relevância.
Uma delas, em ano eleitoral, é a formação desse novo partido que, indicam as circunstâncias, se constituirá – mesmo diminuindo o número de seus representantes no Congresso a cada eleição – no arauto do atraso, profeta do passado, no exemplo da intolerância, no arrimo da imoralidade pública e privada. Trata-se do jovem Frankenstein dos nossos partidos, cujos remendos vão sendo costurados à medida que o país toma conhecimento da verdade sobre a grande conspiração entre bandidos da imprensa, bandidos do congresso nacional e bandidos de outras origens e atividades, também conhecidos por empresários de jogos ilegais.
Quando se pensa que chegamos ao fundo do poço da ignomínia e do deboche de honrados cidadãos, capazes que são de esticar a mão para dentro dos cofres públicos e recolhê-las para dentro dos próprios bolsos, os deuses da ética nos brindam com novas e patéticas novidades sobre o bloco dos bandidos do colarinho branco e de caráter bem sujo. Sobre o assunto, recomenda-se a leitura de A Privataria Tucana e os relatórios da PF sobre a operação Monte Carlo.
Saber que há grupos e corporações embaralhando e dando as cartas no jogo político e econômico do capitalismo, no jogo do público e do privado, não é propriamente uma novidade. Que se disputa o poder político seja através de eleições democráticas ou mesmo de revoluções populares ou golpes de estado, consoante o interesse a ser contemplado ou imposto, também isso é tão antigo quanto o próprio sistema e a história do homem. Logo, não seria nada espantoso para a atual sociedade brasileira mais essa investigação da Polícia Federal que veio à tona nas últimas semanas.
Contudo, ainda é possível a muitos de nós o sentimento de indignação ou, o que é pior, o amargor de nos sentirmos impotentes diante da pusilanimidade e do deboche com que certos políticos denigrem não só a sua própria imagem e a dos partidos que representam, mas – sobretudo – a natureza da atividade a que se dedicam como homens públicos e (na teoria, pelo menos) o de serem os guardiães dos princípios éticos e democráticos.
A ditadura de 1964/68 criou dois partidos políticos artificiais, Arena e MDB, apenas para dar ao país e talvez ao mundo a fugaz impressão de que a troca de generais e a existência de um congresso com dois partidos ali representados espalhassem a sensação de sermos uma ‘ditabranda’, segundo o neologismo criado por algum sociólogo de botequim…
De lá para cá o país foi governado dentro da cartilha neoliberal e a tal Aliança Renovadora Nacional, antes de se tornar PFL e agora DEM, deitou e rolou sob a proteção da força militar, com a ajuda de uma imprensa subjugada ou defensora de seus próprios interesses e do interesse de seus grandes anunciantes, da cooptação sistemática de acadêmicos e intelectuais, da destruição das garantias dos trabalhadores, da escravização para o trabalho no campo, do sucateamento do ensino e da saúde, da privatização de empresas públicas, a tal ponto que a eleição de um operário metalúrgico e uma ex-guerrilheira, com milhões e milhões de votos nas urnas, mesmo que com grande empenho da parte deles, ainda não foi capaz de quebrar a espinha dorsal de tal domínio.
Entre 1964 e 2012, duas novas gerações de brasileiros passaram dos bancos escolares à direção de empresas, de alunos a professores, de eleitores de primeira viagem ao conjunto de novos governantes nos níveis municipais, estaduais e federais, de filhos a pais, de pais a avós, de indiferentes a participantes ou vice e versa, juntando-se todos aos mais velhos com a sua experiência adquirida no pós guerra para uma caminhada cheia de esperanças e frustrações. Todos, absolutamente todos, a se informarem e a formarem opiniões a partir de jornais, revistas semanais e canais de televisão, de cujos editais escorre o veneno da injúria, mata-se a reputação de adversários políticos e concorrentes nos negócios privados e, sobretudo, públicos.
Nessa caminhada sobrecarregada de decepções nos campos da política partidária, onde o que menos importa em muitos casos é o interesse do país; no exercício da justiça, cujo palco é manchado pela vaidade e até pela corrupção de juízes apequenados; na correção mais implacável das mazelas sociais, com um grau nada desprezível de sucateamento na educação formal; na luta pela soberania do país contra a eterna falácia dos entreguistas, e com as ideologias se baralhando, programas de governo se distanciando dos seus objetivos, políticos a mudarem de partidos, partidos a mudaram de nomes, o país a mudar de fisionomia, sendo que nos últimos nove anos – sob alguns bons aspectos – até para melhor, mas ainda assim sem a convicção de que se pode mudar mais e com mais verticalização e segurança.
Não obstante, pesados os prós e os contras, não podemos perder de vista a estratégia do adversário, quando ela existe e, sobretudo, a do inimigo. A cultura do dinheiro e do sucesso a qualquer custo, a competição selvagem como alavanca para o progresso e para o desenvolvimento, a eliminação paulatina dos conceitos éticos, a mentira e a falácia como armas de convencimento e difusão de ideias, continuam a ser o manancial onde se abastecem a esperteza de maus políticos, da imprensa venal e da justiça de classe, esse triunvirato de imenso poder corrosivo sobre uma sociedade que ainda não conseguiu se descolar inteiramente do seu passado de país escravagista, monocultor, aculturado e dependente.
A educação formal no Brasil ainda não foi capaz, apesar de inúmeras tentativas, de criar mecanismos que apetrechem o cidadão, desde os primeiros bancos escolares, a refletir e entender os direitos e deveres do convívio social, de maior respeito ao coletivo, aos direitos do outro, do combate cotidiano ao princípio de ‘tirar vantagem em tudo’ e até de aceitar a corrupção dos amigos e combater a dos adversários ou mesmo inimigos. A cultura do ‘farinha pouca meu pirão primeiro’… Ainda há um caminho a percorrer, difícil, cheio de armadilhas, que requer paciência e perseverança no dia a dia, nas semanas e meses que passam, inexoráveis. As eleições municipais de 2012 vão retomar esperanças e oferecer ao Brasil nova oportunidade de outro passo à frente, de outra batalha contra os que insistem em olhar para um país que quer abandonar o lado mais escuro do seu passado.
E se há um partido político que representa no Brasil de hoje não só uma visão de passado e de retrocesso político, a que devemos todos estar bem atentos para não retroagirmos nesse pouquinho de democracia conquistada, nos avanços na área econômica e na defesa de nossa soberania, esse partido que junta o reacionarismo conservador ao discurso da modernidade neoliberalizante, atende no momento pela obscena sigla de PSDEMB.