Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

15/11/2013

Dieese ressalta racismo brasileiro no mercado de trabalho


O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta quarta-feira (13) a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) com o tema Os Negros no Trabalho. Esse é o 13º ano consecutivo que o PED analisa questões referentes ao desenvolvimento do mundo do trabalho no país. “A dinâmica do mercado de trabalho expressa padrões vigentes das relações raciais que se apresentam na sociedade brasileira”, diz trecho da apresentação do estudo.

Na apresentação foi explicado que essa é uma pesquisa contínua, ou seja, feita todos os dias, pelas quais são entrevistadas cerca de 600 mil pessoas. Como este levantamento refere-se ao biênio 2011-2012, dá um total aproximado de 1,2 milhão de entrevistados, o que por si só apresenta a dimensão da situação dos cidadãos e cidadãs brasileiros no mercado de trabalho.

Os Negros no Trabalho (veja pesquisa completa aqui) derruba o mito de que essa parcela da população brasileira tem salário menor por possuir menos escolaridade. O estudo constatou justamente o contrário, pois quanto maior a escolaridade a diferença salarial entre negros e não negros cresce.

No período avaliado, comprovou-se que com o aumento dos anos de estudo, cresce o fosso salarial entre os brasileiros de cores diferentes. Na indústria de transformação a desigualdade de rendimento por hora entre negros e brancos era de 18,4% no ensino fundamental incompleto e 40,1% para as pessoas com ensino superior completo. Já no setor do comércio, os índices ficaram em 19,7% para os que não completaram o fundamental e 39,1% para aqueles com  diploma universitário. Na construção civil, onde a presença de negros é muito maior do que a de brancos, a diferença salarial registrada foi de 15,6% sem fundamental completo e 24,4% para quem já saiu da universidade.

Também comprovou-se que os trabalhadores negros têm menos escolaridade. Entre 2011 e 2012, 27,3% entre os negros ocupados não tinham ensino fundamental completo e somente 11,8% contavam com diploma universitário. Já na parcela dos não negros os índices eram 17,8% e 23,4% respectivamente. Outro dado fundamental refere-se à diferença salarial entre negros e brancos. Já entre a sete regiões metropolitanas pesquisadas, Salvador apresentou a maior disparidade. A capital baiana lidera o ranking onde os negros recebem 40,14% a menos do que os brancos, seguida por São Paulo (38,95%) e em último vem Fortaleza onde os negros ganham 24,34% a menos. No total da pesquisa, o negro brasileiro ganha salário 36,11% menor do que os brancos no país.

A pesquisa do Dieese ressalta a dissimulação do racismo brasileiro. Mesmo com a Abolição aos negros couberam os cargos de menor remuneração no mercado de trabalho, os ex-escravos foram jogados à própria sorte, abandonados pelo Estado. Essa realidade se reflete na pesquisa no sentido pelo qual, “a questão racial interfere par designar lugares para trabalhadores negros na estrutura produtiva, passíveis d serem traduzidos por situações de discriminação não determinadas pelos critérios objetivos da produção, que acarretam desvantagens aos afro-brasileiros”, concluem os responsáveis pelo levantamento.

A uma semana de se comemorar o Dia da Consciência Negra - quarta-feira que vem (20) -, os dados da pesquisa mostram o traço racista da sociedade brasileira - que vem desde o Brasil colônia -, onde os empresários contratam seus funcionários com base na aparência física, levando menos em conta a capacidade de trabalho apresentada pelo candidato. Com esse critério e com um padrão europeu de aparência, aos negros ficam os trabalhos de menor prestígio e de menos rendimentos. Esse estudo pode subsidiar os setores do movimento sindical interessados na luta pela igualdade de direitos para todos os brasileiros.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

10/08/2013

Dilma: 1º semestre foi melhor que uma gestão inteira de FHC


Dilma refutou argumentos de críticos de que uma conjuntura econômica mais favorável justificaria os resultados de seu governo. “Ah, vão dizer que a situação naquela época era diferente. Mas o ponto é exatamente esse. A situação naquela época era diferente. É diferente. Esse governo tem compromisso com o emprego, tem compromisso com a redução da inflação e tem compromisso com o bem-estar da população”, disse.

Dilma lembrou que FHC criou uma lei que impedia o governo federal de expandir a rede de escolas técnicas. “Nós tivemos que ir à Justiça derrubar essa proibição para poder investir em ensino técnico profissionalizante no Brasil”, lembrou. Desde que foi criado, em 2011, o Pronatec já formou quatro milhões de estudantes.

A presidenta também ressaltou que o mero crescimento do Produto Interno Bruto do país não representa o desenvolvimento do povo (segundo o IBGE, o PIB de 2012 cresceu 0,9% e 2,7% em 2011). “O sinônimo de crescimento não é uma medida econômica. Tem que crescer a qualidade de vida da população, tem que melhorar os serviços públicos para que haja também melhorias de vida, na renda, no emprego, na qualidade de trabalho de cada um dos brasileiros e brasileiras.”

Educação

Dilma disse ainda que uma das prioridades do governo federal é assegurar os investimentos para educação. Ela voltou a defender o uso dos recursos advindos do petróleo para aumentar a competitividade do país, por meio de profissionais mais bem qualificados.

“A capacitação profissional é fundamental para o Brasil. Nós precisamos ter uma ênfase na educação por todos os motivos. Hoje, eu vou falar da competitividade da economia brasileira. (…) Nós temos sempre de procurar aumentar, tanto a competitividade, mas sobretudo a produtividade da nossa economia. E a gente sabe que o profissional melhor formado (…) vai também produzir mais valor, ser capaz de ter um salário melhor e tudo isso vai contribuir para o crescimento do Brasil”, ressaltou.

A presidenta afirmou que seu governo teve grande empenho para ter qualidade de ensino profissional compatível com a necessidade do mercado de trabalho.

Antes da cerimônia, Dilma visitou as instalações do novo campus de Osório do IFRS.

Campus

A inauguração do campus de Osório, atende cerca de 400 alunos em cursos técnicos e superiores, faz parte da ação de expansão da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. A rede é composta por 38 institutos federais presentes em todos estados, com oferta de ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas e cursos de pós-graduação. No evento, ainda foi realizada a formatura de 430 alunos dos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Eleições 2014

Ao ser questionada se estava se preparando para a campanha eleitoral, a presidenta afirmou, em entrevista coletiva na Zona Sul de Porto Alegre, que ainda não tem motivos para fazer campanha e quer apenas governar.

"Eu estou defendendo aqui o meu governo. Eu não faço campanha, sabe por quê? Todo o resto é que tem de fazer campanha porque aqui é o meu lugar. Eu estou sentada neste lugar, eu estou exercendo o governo. Eu quero é governar. Estou preparadíssima para governar até o dia 31 de dezembro de 2014", afirmou.

Com agências e blog do Planalto

31/07/2013

Dia do Orgasmo: comemore o seu prazer todos os dias - 31/07

Você já ouviu falar muito sobre ele e tem até um dia para celebrar a data: o Dia do Orgasmo. Sim, é neste dia 31 de julho! Mas você tem algumas certezas e muitas dúvidas. Acha que nunca experimentou um orgasmo ou que jamais conseguirá? Ou chega ao ápice, mas num dia é uma delícia e no outro apenas uma sensação 'meia-boca'? Então, é claro, você pensa (erroneamente) que tem problemas e dos grandes!

Quantas indagações sobre um mesmo tema. Bem, essas dúvidas todas só provam uma coisa: o mecanismo capaz de levá-la ao superorgasmo está funcionando e muito bem! Mas que mecanismo é este?

Sua mente. Exatamente. Não é no aparelho genital que o orgasmo começa a ser 'arquitetado', mas na sua mente. Transe preocupada, ansiosa, tensa e o resultado será incapacidade em alcançá-lo. Transe relaxada e terá um belo orgasmo, ou um superorgasmo ou ainda vários, em série. Bom? Ótimo! A mulher que treina a musculatura genital, que dedica tempo ao autoconhecimento de seus mecanismos de prazer está a mais de meio caminho para a satisfação total na vida sexual. E se esta mulher entende que seu corpo reage a uma mente receptiva os resultados serão imbatíveis.

No momento em que começa o seu encontro amoroso, desligue imediatamente o contato com todo o resto.

Não pense em nada que não seja o que está sentindo, qual a posição que a deixa mais relaxada e acompanhe de pertinho as sensações, mas sem intervir mentalmente. Apenas sinta. Isso é aprendizado.

Ninguém consegue de uma hora para outra. Sim, pensamentos indesejados chegarão e tentarão se instalar, mas sacuda ligeiramente a cabeça, movimente-se, crave os dentes (de levinho) naquele saboroso corpo que está bem perto do seu e dedique-se a beijá-lo ainda mais. Esses são mecanismos para expulsar os pensamentos intrusos.

Outra coisa: todas as pessoas fantasiam no sexo. E fantasiar não é ruim ou forma de traição. Deixe livre sua mente para que as fantasias apimentem ainda mais este momento já tão gostoso. Sexo é bom. Não, na verdade é ótimo! É vida, pulsa e nos enche de vitalidade, mas para que realmente alcance o máximo é preciso que se conheça e se goste muito. Assim, começando em você, logo envolverá o parceiro e ambos poderão partilhar um encontro amoroso de verdade, forte, intenso e muito, muito prazeroso!
 
Você, mulher: importante mesmo é a relação, prazer é consequência. Não pense, não cobre e nem se cobre orgasmos. Lembre-se: a ansiedade irá agir exatamente como um bloqueio ao prazer. Apenas namore e curta cada minuto desse encontro maravilhoso. Entenda que haverá dias em que não alcançará o orgasmo, mas se isso acontecer é normal e não precisará se preocupar (nem julgar e condenar seu parceiro por isso).
 
Já você, homem: apenas os mentirosos nunca falharam. Nem todo dia seu corpo responderá 100%. Isso não quer dizer que você tem um problema, é um ejaculador precoce ou está impotente! Calma e muito carinho nessa hora. O amor a dois nunca deveria ser medido por desempenho sexual. Somos humanos e não reagimos como máquinas em produção em série.

E para ambos: exercícios pélvicos ampliam a capacidade orgástica e energética. Faça diariamente contrações. Existem exercícios tanto para mulheres como para homens. Em meu site vocês encontrarão informações completas sobre o treinamento e exercícios gratuitos para os dois. E, principalmente, façam tudo que estiver ao alcance para cultivarem o companheirismo.

Amantes maravilhosos são amigos inseparáveis que se conhecem profundamente. Não deixe a vergonha atrapalhar o mais importante sexo oral que conheço: falar do que se gosta! E, para provar que orgasmo não tem que ter um só dia, que tal uma maratona semanal para ampliar o orgasmo? Nada difícil. São apenas dicas que poderão 'aquecer' ainda mais o relacionamento! Um prazeroso Dia do Orgasmo para todos!

Porto de Quetzal: assassinato sob encomenda para privatização

 Leonardo Wexell Severo – ComunicaSul

Guatemala - Em Puerto Quetzal, no litoral Pacífico, tivemos contato com a luta – árdua e sangrenta - do movimento sindical da Guatemala contra o governo do presidente Otto Pérez Molina, reconhecido como “major Tito Árias”, ex-parceiro de armas do genocida Ríos Montt nos anos 80.

Localizada a 98 quilômetros da capital, a principal estrutura portuária guatemalteca envolve cerca de cinco mil trabalhadores e movimenta mais de metade das mercadorias que entram e saem do país maia. Devido à sua infraestrutura, localização e proximidade, tem papel relevante para a região, principalmente em relação às cargas em direção a Belize, El Salvador, Honduras e Nicarágua. A relevância estratégica do porto é facilmente explicada: os outros dois ficam no Atlântico, o de Cobigua, pertencente à multinacional bananeira estadunidense Chiquita Brands, e o de Santo Tomás de Castilla, estatal, mas que é somente pesqueiro.

O movimento comercial crescente na última década, entre 6% e 10% ao ano, tem movido as multinacionais a realizarem influentes e bem remuneradas “gestões” junto às autoridades pela privatização do Porto de Quetzal. Para potencializar os lucros, as empresas acionaram os aprendizes de Luciano Coutinho. O objetivo é que a desnacionalização seja feita com o maior aproveitamento de recursos públicos possível, travestindo o neoliberalismo da privatização em “usufruto” ou “concessão”. Retirados da cartilha do FMI, os apelos em prol da “modernização” e da “eficiência” de um “porto lento” em que “as filas prejudicam o país” são repetidos à exaustão, utilizando-se da mídia para identificar a defesa do patrimônio público nacional como “corporativismo” e a alienação da soberania como “progresso e desenvolvimento”.

Com a bússola virada para o Norte, seja Estados Unidos ou Europa, o governo tem respondido aos sucessivos protestos da população com bastante agilidade. A criminalização dos movimentos sociais mobiliza tropas do exército para proteger os interesses do capital estrangeiro nas bananeiras e mineradoras. O mesmo acontece agora na enorme parte do porto que acaba de ser repassada em “usufruto” por 25 anos. Para prorrogar este prazo por outro período igual, a empresa necessitará tão somente enviar uma “solicitação” com três meses de antecedência.

Sabotando a concorrência
Tamanha identidade com a nação (dos outros) fez com o governo disponibilizasse 348.341 metros quadrados de porto, com sua saída ao mar, à Empresa Terminal de Contêineres Quetzal (TCQ), companhia inscrita na Guatemala, mas cuja matriz – driblando a lei local - está na Espanha. Vale lembrar que tal “consórcio”, liderado pela subsidiária da Terminal de Contêineres de Barcelona (TCB), foi constituído em abril deste ano com ridículos cinco mil quetzales – o equivalente a US$ 680,00. Atualmente o porto gera anualmente ao Estado cerca de 100 milhões de quetzales, o que representa 20% dos ingressos brutos do Estado, aponta a Superintendência de Administração Tributária (SAT).

A fim de colocar uma pá de cal na concorrência, o lado privado sai na frente para converter-se em porto “hub”, ao qual chegam navios de longo percurso que descarregam suas mercadorias para serem redistribuídas em trajetos mais curtos. Com 15 metros de calado contra 11,5 metros do porto público, o privado ganhará em profundidade os metros que faltarão ao “concorrente”, com a anuência e sabotagem da atual administração para receber as maiores e mais lucrativas embarcações, denunciam os sindicatos.

Para que tamanho atropelo fosse consumado, muito sangue correu, gente morreu, foi perseguida e demitida. O assassinato de Júlio Peña, dirigente dos trabalhadores da estiva, em janeiro deste ano, e a onda de demissões de lideranças que se seguiu aos tiros que o abateram são expressões do fascismo ainda vigente. Da mesma forma que as ameaças aos que persistiram em estruturar uma entidade sindical de representação desta mão de obra nas empresas privadas integram a extensa jornada de resistência.

100 balas para Pedro Zamora
No dia 15 de janeiro de 2007, após inúmeras ameaças de morte, Pedro Zamora, então secretário geral do Sindicato de Trabalhadores da Empresa Portuária Quetzal (Stepq), teve seu carro alvejado por mais de cem disparos quando retornava para casa com os dois filhos. “Ele se jogou sobre as crianças para protegê-las, recebendo 17 balaços. O filho menor, de apenas três anos, foi baleado mas sobreviveu. Para ter certeza da conclusão do ‘serviço’, um dos matadores se aproximou do veículo e disparou no rosto de Pedro”, conta Arturo Granados, do Sindicato Unido dos Trabalhadores (Sutraporquet).

Na avaliação de Granados o alvo era claro: silenciar uma voz de combate à privatização do porto, que ecoava denunciando as demissões arbitrárias, “mobilizava contra os atropelos na negociação do Pacto Coletivo de Trabalho e toda e qualquer violação aos direitos dos trabalhadores”.

A atrocidade ganhou repercussão nacional e internacional, fazendo com que os entreguistas de turno recuassem do seu objetivo privatizante. No dia 12 de fevereiro daquele ano os nove trabalhadores do Stepq, demitidos ilegalmente pela empresa portuária, foram recontratados e reintegrados com os mesmos cargos e salários. De lá para cá, mais do que um símbolo de eficiência, Puerto Quetzal é sinônimo de resistência e unidade da classe trabalhadora não só da Guatemala, como de toda a América Central. A experiência reuniu as três entidades sindicais da empresa, que passaram a atuar conjuntamente, superando eventuais divergências.

Governo manchado de sangue
A unidade sindical também é um dos motores do Movimento Sindical e Popular Autônomo da Guatemala, que reúne a Confederação de Unidade Sindical (CUSG), a Central Geral de Trabalhadores (CGTG), a União Sindical de Trabalhadores (Unsitragua) e o Movimento de Trabalhadores Camponeses e Camponesas de San Marcos (MTC), que têm comandado as mobilizações contra o entreguismo do governo Pérez Molina.

“Não são só os sindicalistas as vítimas do uso e abuso da repressão, mas o conjunto dos movimentos sociais, os camponeses, os estudantes, todos os que se confrontam com o interesse da oligarquia que age em sintonia com o governo dos Estados Unidos”, alertou Júlio Coj, da direção da Unsitragua. A submissão aos “interesses econômicos e à geopolítica estadunidense” vem de longe, tendo se explicitado com a atuação ianque na deposição do governo nacionalista de Jacobo Árbenz, deposto por um golpe orquestrado pela CIA em 1954. Posteriormente, ganhou magnitude – e apoio israelense - na longa noite de terror entre 1960 e 1996, com pelo menos 250 mil mortos e desaparecidos, conforme levantamento da ONU.

Lázaro Reyes, atual secretário geral do Stepq, lembra que Pérez Molina tem sua trajetória e seu governo “manchados pela violência”. “Em Totonicapán em 4 de outubro do ano passado uma comunidade que protestava contra o aumento da energia elétrica teve oito manifestantes assassinados e dezenas de feridos pelo Exército”, recordou Lázaro, frisando que “não há conflito que esse governo resolva na mesa de negociação”. Pelo contrário, disse, “Molina nunca busca o diálogo, quer sempre resolver qualquer assunto mandando soldados. Ele tem o exército metido em sua cabeça”.

“No tempo de Ríos Montt, sentenciado por genocídio, o exército se posicionava para exterminar a oposição, para que as pessoas trabalhassem em estado de escravidão. Pérez Molina era militar na época e adotava métodos similares, sendo conhecido pelo seu pseudônimo de comandante Tito Arias”, recordou Lázaro Reyes. Diante dos recentes protestos contra a privatização, apontou o sindicalista, além da polícia, o governo enviou tropas especiais, forças da Guarda Naval e dos paraquedistas. “É um governo que para atacar a soberania e blindar o capital se utiliza da força, ignorando qualquer ordenamento jurídico”, acrescentou Mynor Siajes, secretário de Organização do Stepq.

Testemunha da mantança
Entre as inúmeras testemunhas de acusação que se pronunciaram no julgamento de Ríos Montt pela organização de pelo menos 16 matanças coletivas de 1.771 indígenas, ganha relevo o depoimento de Hugo Bernal. Mecânico do Corpo de Engenheiros do Exército em uma unidade do noroeste do departamento de Quiché, entre 1982 e 1983, Bernal assegurou que “sob ordens do major Tito Arias, hoje conhecido como Otto Pérez Molina, os soldados coordenavam a queima e o saque das pessoas". Servindo no quartel militar El Pino, no povoado de Nebaj – município que integra o Triângulo Ixil – ele relatou que “houve execuções na companhia militar”, sendo Molina um dos mandantes do massacre desta etnia. O ex-coladorador do Exército afirmou ter presenciado grande quantidade de indígenas serem levados por soldados. Quando retornavam, atestou, “vinham feridos, com a língua cortada, as unhas arrancadas e eram executados pelos militares". “As pessoas eram transferidas, mulheres e crianças. Quando as execuções aconteciam em El Pino, os oficiais encarregados eram que os matavam e sepultavam clandestinamente", informou.

De acordo com o dirigente do Sindicato de Trabalhadores Organizados da Portuária Quetzal, Francisco Javier Reyes Navarrete, frente a tantos e tão reiterados abusos, a aliança entre as três entidades sindicais que atuam no porto “é essencial para enfrentar o sistema neoliberal que atenta contra o interesse nacional”. Ele lembra que o processo de dilapidação do patrimônio público no local tem seu antecedente histórico nas concessões de operações de grua e na transferência dos trabalhos da estiva. Assim, embora trabalhem no local milhares de pessoas, apenas 745 são fixas, “ficando as demais em situação extremamente vulnerável, para não dizer precária”. “Não podemos tapar o sol com um dedo: concessão é privatização. Nós estamos defendendo o patrimônio que é de todos, o futuro dos nossos filhos e netos, o futuro do nosso país”, assinalou.

Francisco lembra que o governo tem respondido às inúmeras denúncias interpostas pelo movimento sindical sobre a agressão aos direitos humanos com ameaças, “nos chamando de terroristas e de narcotraficantes, fazendo de tudo para intimidar”. “Júlio Peña foi assassinado e vários dos companheiros do seu Sindicato foram demitidos e proibidos de ingressar no porto. Para que recebessem o que era devido tiveram que desistir das denúncias que apresentaram no Ministério do Trabalho. A impunidade é o que alimenta o crime na Guatemala. Infelizmente, há muito tempo”, frisou.

30/06/2013

Brasil é sede do Centro Global para o Desenvolvimento Sustentável

 

O Brasil tornou-se na última segunda-feira (24) sede do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, RIO+, espaço de debate e articulação de ações econômicas, sociais e ambientais para promover práticas sustentáveis de desenvolvimento.

O lançamento foi anunciado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pela vice-diretora mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Rebeca Grynspan, durante o seminário internacional “Rio+20: A Implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, no Jardim Botânico.

Izabella Teixeira lembrou que o Rio+ foi formalizado durante a Rio+20 para que fosse um órgão “paragovernamental”. “O centro nasce não para ter consenso, tem que ser ambicioso, trazer novas ideias, influenciar a sociedade para a questão, um lugar de livre pensar”, disse a ministra. “Será um local para pensar o desenvolvimento sustentável, um modelo inovador de desenvolvimento de ideias, com a participação da sociedade, governos e especialistas”, declarou a ministra.

Izabella lembrou que a Rio+20 mudou a relação do Brasil com as Nações Unidas para melhor. O novo centro é exemplo disso. “Foi um upgrade”, disse ela, ao apostar que o centro seja também liderança no debate sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O centro tem apoio de mais de 20 instituições nacionais e estrangeiras: reunirá cientistas do mundo todo para encontrar as melhores soluções sustentáveis e inclusivas para o planeta. O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), no Fundão, zona norte do Rio de Janeiro, será o local temporário do centro pelos próximos dois anos.

Rebeca Grynspan disse que o novo espaço poderá interferir positivamente nas discussões intergovernamentais que culminam em setembro de 2014 na sede das Nações Unidas. “Até agora tem sido muito difícil reunir as interdisciplinaridades das agendas e o centro tem a missão de contribuir para a convergência dos temas, como o da erradicação da pobreza e do desenvolvimento sustentável”, disse ela.

O coordenador do centro, designado pelo Pnud, Rômulo Paes, informou que os aportes iniciais para os projetos são da ordem de US$ 4,5 milhões, de um pool de contribuidores da Rio+20, mas que também estão sendo feitas parcerias público-privadas para o desenvolvimento de pesquisas sustentáveis.

“Teremos pesquisadores de várias instituições visitando o centro. Vamos trabalhar em rede e receber diversos pesquisadores que possam contribuir para a produção de conhecimento”, contou ele.

O espaço tem, por enquanto, cinco servidores do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A sede permanente deve ser construída no centro do Rio. Segundo o coordenador do projeto, a ideia é que seja construído de maneira 100% sustentável.

Dentre os parceiros, estão incluídos as entidades brasileiras Fundação Getulio Vargas e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O secretário de Ambiente do estado do Rio e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lembrou que os assuntos debatidos no seminário internacional e que as ações do novo centro refletem alguns dos anseios da multidão que tem se manifestado nas ruas do Brasil.

Minc informou que o governo abriu mão de cerca de R$ 7 milhões anuais da conta de luz da Coppe para criar um fundo para desenvolver energia solar dentro da UFRJ, entre outros projetos sustentáveis.

O secretário chamou a atenção para a proposta de que as universidades e escolas técnicas abram mais espaços de pesquisas que dialoguem com o novo centro da Organização das Nações Unidas no Brasil.

Fonte: Agência Brasil

29/06/2013

A esquerda não pode piscar


 Saul Leblon - Blog das Frases

O Brasil ingressa num ciclo de turbulência do qual a democracia participativa poderá emergir como parteira de uma sociedade mais equilibrada e justa.

Mas a esquerda não pode piscar.

A disputa fratricida, hoje, é o coveiro das esperanças nacionais.

Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado no jogo quando o povo já incendiava os carros do jornal 'O Globo', em resposta ao tiro com o qual Getúlio encerrou a sua resistência e convocou a das massas.

Ontem, como agora, o enclausuramento ideológico, o acanhamento organizativo e a dispersão programática pavimentam o caminho da ameaça regressiva.

É a hora da verdade de toda uma geração.

Cabe-lhe sustentar um novo desenho progressista para o desenvolvimento do país.

Um notável volume de investimentos é requerido para adequar a logística social e a infraestrutura às dimensões de uma nação que incorporou milhões de pobres ao mercado de consumo nos últimos anos.

Agora lhes deve a cidadania.

O novo giro da engrenagem terá que ocorrer num momento paradoxal.

A recuperação norte-americana encoraja as apostas no fim da crise, mas complica a mecânica do crescimento na periferia do mundo, encarecendo o custo do capital.

Asfixiada antes pela valorização do Real, a indústria brasileira agora é o canal de transmissão da alta do dólar nos índices de preços, por conta das importações.

Dotado de uma base fabril atrofiada pelo irrealismo cambial, o país importa quase 25% das manufaturas que consome.

A sangria transfere empregos ao exterior e corrói o principal irradiador de inovação em um sistema produtivo, ademais de fragilizar as contas externas.

O déficit comercial da indústria este ano alcançará o equivalente a 20% das reservas cambiais.

É só um vagalhão da tempestade perfeita que cobra respostas em várias frentes: prover a infraestrutura, combater a inflação, resgatar a industrialização, dar progressividade ao sistema tributário, ajustar o câmbio, modular o consumo.

Tudo junto e com a mesma prioridade.

A urgência das ruas sacudiu essa equação que há menos de um mês tornava a economia cada vez mais permeável a uma transição de ciclo preconizada pelo conservadorismo.

Com um título sugestivo, ‘Um Plano para Dilma’, coube ao editorial da Folha de 02/06, como já comentou Carta Maior, enunciá-la em detalhes.

O ‘plano’ consistia em impor ao país o projeto derrotado em 2002, 2006 e 2010.

A saber: arrocho fiscal e monetário; entrega do pré-sal às petroleiras internacionais; redução dos gastos sociais e dos ganhos reais de salários; renúncia ao Mercosul e adesão aos tratados de livre comércio.

Essa plataforma envelheceu miseravelmente nas últimas horas.

Mas não foi arquivada.

O interesse conservador que antes pretendia usar o governo para escalpelar as ruas, subtraindo-lhe conquistas e recursos na ordenação de um novo ciclo, agora quer usar as ruas para desidratar o governo.

A bipolaridade reflete a ansiedade típica de quem sabe que joga a carta do tudo ou nada.

Não por acaso, o jornalismo a serviço do dinheiro já constata receoso: ‘o que a rua pede colide com o que o mercado pretende'.(Valor Econômico)

Curto e grosso: o espaço para um ajuste convencional se estreita na colisão entre a agenda do Estado mínimo e a da Democracia Social.

Quem dará coerência ao desenvolvimento brasileiro a partir de agora? -- perguntava Carta Maior há menos de um mês.

Antes turva, a resposta desta vez emerge mais limpa.

A nova coerência macroeconômica terá que ser buscada na correlação de forças redesenhada pelas grandes multidões que invadiram as ruas nas últimas semanas.

Emparedado pela lógica conservadora o governo Dilma passou a ter escolhas (leia a advertência de Paulo Kliass e a análise das opções orçamentárias feita por Amir Khair; nesta pág)

E o PT ganhou a chance de se reinventar, explicitando uma agenda clara para o passo seguinte da história.

Sua e a do país.

O bônus não autoriza o conjunto das forças progressistas a adotar a agenda da fragmentação suicida.

O focalismo cego às interações estruturais é confortável como um conto de fadas, em que a varinha de condão substitui a dialética.

O descompromisso com partidos e organização dá leveza e audiência na mídia conservadora.

Mas levam ao impasse autodestrutivo e à inconsequência histórica. Em entrevista ao correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o pesquisador Paolo Gerbaldo, do Kings College, lembra que os indignados do Cairo rechaçaram os partidos na praça Tahrir. E abriram caminho a um governo desastroso da Irmandade Muçulmana no Egito (leia nesta pág).

Não se faz política sem poder; não se conquista poder sem disputar o Estado.

A responsabilidade de interferir num processo histórico pressupõe a adoção de balizas e estruturas que impeçam o retrocesso e assegurem coerência às mudanças.

Sem alianças aglutinadoras, nada feito.Sem construir linhas de passagem entre o real e o ideal, semeia-se angústia e decepção.

O jogo é pesado.

Limites estritos à ação convergente do Estado (mínimo) foram erguidos em todo o mundo nos últimos 30 anos.

A liberdade dos capitais manteve nações, projetos, partidos e governos sob chantagem impiedosa.

Domínios insulares foram instalados no interior do aparato público.

O conjunto elevou a tensão política que explode periodicamente, como agora --como em 2002, em 2006 e em 2010-- quando os mercados blindados se preparam para enfrentar a democracia insatisfeita nas urnas.

Teoricamente, essa é a hora em que o bancário e o banqueiro tem o mesmo peso no escrutínio do futuro.

Na prática, é a locomotiva dos grandes levantes populares que delimita a fronteira da democracia social em cada época. A urna, em geral, dá o acabamento do processo.

A alavanca brasileira, no caso, foram os levantes operários do ABC paulista dos anos 70/80 e a luta cívica contra a ditadura militar.

Nasceria daí o PT.

E o subsequente ciclo de governos do partido, caracterizado pela negociação permanente do divisor entre os dois domínios, o do dinheiro e o dos interesses gerais da sociedade.

Negociou-se ‘sem romper contratos’ durante os últimos 12 anos.

Com acertos, equívocos e hesitações fartamente listados.

Ainda assim, o saldo configura ‘um custo Brasil’ intolerável aos interesses acantonados no polo oposto do braço de ferro.

Um dado recente do Ipea explica essa rejeição: a renda dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos, no Brasil dos últimos 12 anos.

Avançar à bordo da composição de forças que delimitou a ação progressista até aqui tornou-se cada dia mais penoso.

Não apenas por conta do esgotamento real de um ciclo econômico.

Mas também porque se descuidou de prover a sociedade de instrumentos para comandar o passo seguinte do processo.

A ausência de regulação que assegurasse um sistema audiovisual pluralista entregou a opinião pública à Globo.

A negligência com a organização democrática dos segmentos beneficiados pelas políticas públicas estreitou o seu foco nas gôndolas dos supermercados.

Faltava a locomotiva da história apitar outra vez para esticar os limites do possível na discussão do novo ciclo de crescimento que o país requer.

Foi o que as ruas fizeram.

A presidenta Dilma viu o bonde passar e não hesitou. Reagiu na direção certa.

Ao propor uma reforma plebiscitária para redesenhar os perímetros da democracia, deixou implícito --queira ou não-- que a soberania popular é também o único impulso capaz de harmonizar as balizas do novo ciclo de desenvolvimento.

Não é pouco o que se tem sobre a mesa.

Vive-se um meio fio histórico.

De um lado, há a chance de uma ruptura efetiva do desenvolvimento brasileiro com a camisa de força do neoliberalismo.

De outro, a espiral descendente dos impasses pode jogar o país no abismo de uma recaída ortodoxa devastadora.

O tempo urge.

Terão as lideranças progressistas discernimento e prontidão política para negociar uma agenda comum feita de bandeiras, fóruns e ações que ordenem essa travessia?

A ver.

23/06/2013

Não há democracia sem partidos

 
Por Marcelo Semer, no blog Sem Juízo:

Poucas pessoas podem arriscar dizer hoje que consequências as manifestações de rua terão para o futuro da democracia brasileira.

Há quem comemore o prenúncio de uma democracia direta, cobrindo o visível déficit de legitimidade da política representativa.

Há quem receie o abandono dos partidos, como um campo livre para aventureiros de todos os gêneros.


A carona que parte da sociedade tomou na manifestação inicial do Movimento Passe Livre pode até ter desfigurado a integridade de seu conteúdo, pela redução da tarifa, ao compartilhar insatisfações distintas e mesmo excludentes entre si.

Mas algumas lições podem ser aprendidas com essas caminhadas coletivas.

A primeira delas é o resgate da importância do direito à manifestação.

Muitas pessoas vêm ocupando as ruas há anos empunhando suas bandeiras, cientes de que só existe negociação quando se cria pressão. Mas a verdade é que quase sempre são recebidas com má vontade, quando não com forte repressão.

A perturbação ao trânsito, travestida indevidamente de afronta a direito fundamental, e o incômodo ao cotidiano, já custou a integridade física de muitos desses manifestantes.

Nem precisamos ir longe.

Na última quinta-feira, os principais jornais de São Paulo, Folha e Estadão, cuidaram de deslegitimar totalmente as manifestações, ao acusar seus autores genericamente de vândalos, incensando a repressão policial.

Mas depois de milhares de pessoas na rua, transformados de um dia para outro em ativistas, quem se lembrou de repetir “que era hora do basta” ou exigiu “retomar a Paulista” para os automóveis?

Nada disso, por óbvio, exclui a reprovação aos atos de depredação, que os próprios manifestantes vem tentando impedir, como se viu ontem diante da Prefeitura de São Paulo.

E os saques oportunistas de quem apenas se esconde no meio de uma multidão pacífica para tomar proveito para outros fins.

A segunda lição é a sem-cerimônia com que o Estado abraça a repressão, quando estimulado pelos setores que gritam por lei e ordem.

Isto está longe de representar apenas excessos de funcionários despreparados –vem sendo constantemente traduzida como política de governos, seletiva, aliás, como tantas outras políticas públicas.

Não à toa, os índices de violência policial são expressivos e as maiores vítimas são jovens negros da periferia. O ponto fora da curva foi vê-la dirigida a destinatários pouco tradicionais, como os jornalistas, o que acabou por aumentar a visibilidade.

Por fim, começamos a entender que na democracia, o voto é uma condição necessária, mas está longe de ser suficiente.

E isso é um avanço, porque todas as vezes em que se pretendeu aprofundar mínimos espaços de democracia direta, com participação de entidades sociais na formulação de políticas ou mecanismos de plebiscito e referendo, pairou sobre seus autores a acusação de chavismo.

Há uma impressão arraigada em certos setores que o povo é sempre influenciável e refém de benesses governamentais, de modo que ouvi-lo é quase um sinônimo de autoritarismo.

Porém, quanto mais a política se mantém distante da sociedade, mais se torna surda, isolando-se em um curto-circuito que a autolimita a acordos e concessões mútuas.

A reinvenção da democracia pode introduzir novos atores e novos papéis à cena política. Mas dificilmente será exercida sem participação do povo, sem os partidos e sem o exercício consciente das liberdades.

Como conjugá-los é a tarefa que nos cabe construir.

22/06/2013

Pesquisa: Dilma é favorita em todos os cenários eleitorais

A pouco mais de um ano para as eleições, a presidenta Dilma Rousseff aparece como favorita para a reeleição em todos os cenários para a disputa em 2014. É o que aponta a pesquisa Vox Populi / Carta Capital realizada entre 7 e 11 de junho.


Nas pesquisas de intenção de voto estimulada, quando o eleitor é submetido a uma lista de candidatos, Dilma venceria em um eventual confronto os possíveis candidatos Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Neste cenário, a presidenta conseguiria 51% dos votos, enquanto Marina e Aécio teriam 14% cada um e Campos, 3%. Votos brancos, nulos ou eleitores indecisos representam 18% do eleitorado.



Quando o cenário apresenta Dilma, Aécio e Marina, a presidenta apresenta 53% das preferências, enquanto o tucano mantém 15% e a ex-ministra do Meio Ambiente, 14%.

Quando o eleitor tem de escolher entre a presidenta, o tucano José Serra e Marina, Dilma volta a apresentar 51% dos votos, contra 18% do ex-rival da eleição de 2010 e 13% de Marina.

Performance semelhante apresenta Dilma em um quarto contexto, quando o eleitor se decide entre a presidenta, Serra, Marina e Campos. Enquanto a petista fica com 51% das preferências, Serra mantém 18%, Marina tem 13% e Campos fica com 3% das intenções de voto.

A presidenta conquistaria a maior parte dos votos femininos e masculinos. Entre os homens, 49% disseram pretender votar em Dilma – contra 17% que optariam pelo mineiro, 14% por Marina e 3%, pelo candidato do PSB. Entre as mulheres, Dilma é mais popular. Cerca de 53% das entrevistadas a têm como candidata preferida, enquanto 12% preferem Aécio; 13%, Marina Silva; e 3%, Campos.

Pesquisa espontânea

De forma espontânea, 24% dos entrevistados disseram que votariam em Dilma se a eleição fosse hoje, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado por 10%. Aécio Neves (PSDB) aparece com 4%, José Serra, com 2%. Marina Silva e Eduardo Campos têm 1% cada um. Cerca de 8% dos entrevistados disseram que votariam branco ou nulo e 48% não souberam responder.

Neste critério da pesquisa, o nome de Dilma é mais recorrente no Nordeste: 33%. No Sul, a presidenta conseguiria 30% dos votos; no Sudeste, 19%; e no conjunto Centro-Oeste / Norte, 17%. Lula é citado por 18% dos eleitores do Nordeste, 10% do Centro-Oeste / Norte, 6% do Sudeste e 5% do Sul.

Nível de conhecimento

Dos possíveis candidatos à eleição presidencial em 2014, Dilma é a candidata mais conhecida entre os entrevistados. Nada menos que 92% dizem conhecê-la “muito bem” ou ter informações sobre a presidenta; 82% afirmam conhecer Serra; 55% dizem conhecer Marina Silva; 39%, Aécio Neves; e 15%, Eduardo Campos.

Quando se trata de rejeição, Serra aparece com o maior índice. Dos entrevistados, 26% disseram que não votariam nele “de jeito nenhum”. Dilma vem em segundo, com 16%, seguida por Campos (12%), Marina (9%) e Aécio (8%).

A primeira rodada da pesquisa Vox Populi / CartaCapital foi feita antes dos protestos que tomaram diferentes cidades do País contra a tarifa de transporte público. O resultado, no entanto, mostra-se alinhado com levantamentos de outros institutos, como o do Ibope de 25 de novembro de 2012, no qual Dilma recebeu 26% das intenções de voto, sete pontos a mais Lula (19%), os tucanos José Serra e Aécio Neves somaram 4% e 3% cada, respectivamente, e Marina Silva ficou com 2%.

Para o levantamento foram entrevistados 2.200 eleitores maiores de 16 anos em áreas urbanas e rurais de 207 municípios, em todos os estados brasileiros (exceto Roraima) e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,1 pontos para mais ou para menos.

A consulta feita em parceria será realizada, em média, de dois em dois meses, o que permitirá análises comparativas com base em uma mesma pesquisa.

Análise de Marcos Coimbra

A primeira pesquisa da parceira Vox Populi/CartaCapital confirma os dados mostrados por outras recentes e ajuda a explicá-los. Como as demais, ela indica um elevado nível de satisfação da população com a situação nacional e alta aprovação do governo Dilma Rousseff.

Mundo afora, são poucos os países e os governantes que alcançam resultados semelhantes. Se na quase totalidade da Europa ou nos Estados Unidos saísssem pesquisas como as atuais no Brasil, muita gente por lá soltaria foguetes.

A mais evidente consequência da prevalência desses sentimentos é a folgada dianteira de Dilma nos cenários para a eleição presidencial de 2014. Ela é a destacada favorita, seja nas menções espontâneas, seja diante de qualquer simulação com adversários possíveis.

De novo, tanto quando se comparam suas perspectivas eleitorais com aquelas de outras lideranças internacionais quanto com a situação de seus antecessores em momento semelhante, a presidenta tem muitos motivos para se alegrar. A 15 meses do pleito em que disputaram a reeleição, Fernando Henrique Cardoso e Lula tinham números piores comparados aos atuais de Dilma. E ambos terminaram por vencer.

Quando cotejamos as pesquisas de junho com aquelas realizadas há alguns meses, registram-se, porém, quedas. Seja nos resultados publicados do Datafolha e da CNT, seja em levantamentos não divulgados de outros institutos (entre os quais da própria Vox Populi), elas são perceptíveis.

São quedas pequenas, insuficientes para mudar o panorama geral. Satisfação (com o Brasil), aprovação (da presidenta) e favoritismo (da candidata) continuam predominantes, por largas maiorias.

A nossa cultura política se desacostumou, no entanto, das oscilações negativas nas pesquisas de avaliação do governo, tão comuns no resto do mundo e tão frequentes em nosso passado recente. Qualquer queda, por menor que seja, passou a ser considerada “anormal” e prenúncio de mudanças definitivas nos humores da população.

Do lado do PT, de seus aliados e simpatizantes, difundiu-se a crença de que nada seria capaz de arranhar a solidez dos sentimentos populares em relação ao governo. Do lados das oposições, depois de tudo tentarem para abalá-los e sem obter sucesso, o desalento passou a ser regra.

Vivemos um longo ciclo de popularidade governamental em alta, iniciado com Lula em 2007 e que atravessou a transição para Dilma e durou quase seis anos. Desde quando Lula saiu incólume daquele desastre aéreo em Congonhas, que tentaram tornar responsabilidade sua, até agora, nunca tivemos qualquer inflexão nessa tendência, nem mesmo no auge da crise internacional em 2008.

Há, é claro, limites para esse movimento. O aumento ininterrupto da popularidade esbarra na reação dos opositores, que se tornam mais combativos à medida que se sentem mais acuados. Os segmentos recentemente incorporados às maiorias da aprovação são menos convictos do que aqueles apoiadores de longa data. Suas motivações são menos sólidas.

A nova radicalidade da oposição, somada à votalidade do “neogovernismo”, bastaria para explicar as quedas observadas. Mas não parece ser a única explicação.

Quando no fim de 2012 ficou nítido que o grande circo armado em torno do “julgamento do século” havia sido incapaz de alterar os prognósticos para 2014, as oposições, especialmente seu braço midiático, assestaram suas baterias para novos alvos e foram atacar a competência do governo. Passaram o primeiro semestre de 2013 em dedicação exclusiva e tempo integral na missão de desconstruí-la.

Seu maior sucesso foi transformar uma situação crônica, mas relativamente administrada, com a qual convivemos há mais de 15 anos, em problema agudo e urgente: a inflação. De tanto insistir no risco de “explosão inflacionária”, o coro da mídia oposicionista ampliou o tamanho da parcela da sociedade sempre assustada com a “carestia”.

Segundo os dados da pesquisa Vox Populi/CartaCapital, 92% dos entrevistados perceberam que os preços aumentaram nos últimos meses e 72% esperam que continuem a subir nos próximos. Ou seja, para uma significativa maioria, a situação econômica se deteriorou e tende a piorar no futuro imediato.

Metade dos entrevistados diz preocupar-se “muito” e outros 38% se “preocupam, mas não muito”com a inflação. Em maior ou menor intensidade, mostra a pesquisa, 88% da população não está tranquila com o risco do “retorno da inflação”.

Quanto desse sentimento é pura subjetividade e quanto é fato objetivo? Quem olha o conjunto dos indicadores da economia brasileira não tem dúvidas: a maior parte guia-se por temores artificialmente estimulados.

A construção da inflação como “ameaça iminente” provoca (ou aguça) sentimentos raros nos últimos tempos, quase desaparecidos: de insegurança em relação ao futuro e à capacidade do governo de resolver os problemas do País.

A população brasileira conhece bem a sensação: experimentou-a com José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e FHC. Para ficar apenas no último, quem não se lembra do sobressalto com a volta da hiperinflação e o racionamento de energia no segundo governo do tucano?

Dois episódios encarregaram-se de ampliar a sensação difusa de insegurança de maio para cá: os boatos a respeito do fim do Bolsa Família e a temporada de caos urbanos em São Paulo. Esta começou com manifestações inteiramente comuns na democracia, contra aumento nos preços das passagens de ônibus (assim contribuindo para tornar mais consistente o “medo da inflação”), mas logo virou um quebra-quebra e estimulou imagens assustadoras na cobertura dos canais de televisão. Quem ganha com o aumento da insegurança da sociedade? Os porcentuais de popularidade perdidos pelo governo se transformam em algo positivo para alguém?

Não, sugere a pesquisa. Em parte pelo fato de o processo de perda não ser grande e parecer limitado. Também pela ausência de uma oposição com credenciais para capitalizar o desgaste. De seus possíveis candidatos, alguns têm um passado bastante pesado para carregar, enquanto outros inexistem para a vasta maioria do eleitorado.

O caso mais complicado é o do PSDB. Embora houvesse aproveitado do tempo integral da propaganda partidária nacional e de boa parte das inserções nos estados, Aécio Neves mostrou crescimento pequeno entre março e junho. Subiu somente 4 pontos porcentuais, de acordo com o Datafolha. Nesta pesquisa, varia de 14% a 15% das intenções de voto, a depender do quadro de concorrentes.

Se a primeira janela de mídia partidária foi-lhe tão pouco proveitosa, como esperar um crescimento nas duas vindouras (no segundo semestre deste ano e no primeiro de 2014), as únicas antes de começar o período da propaganda eleitoral gratuita, em agosto do próximo ano?

Com todos os acontecimentos desses primeiros seis meses de 2013, o saldo para Dilma Rousseff e o governo só pode ser considerado satisfatório. No fundo, é a oposição que deveria se preocupar. Quem acumula mais de 50% de intenções de voto, equivalentes a quase 62% dos votos válidos, tem muitos problemas a menos.

E as manifestações populares dos últimos dias? Por enquanto, é impossível estimar suas consequências eleitorais. De um lado, falta-lhes sentido político direto, pois a maioria dos participantes parece orgulhar-se de um vago viés apolítico. De outro, exatamente por isso, não favorecem ou prejudicam os candidatos reais na disputa, por mais que a direita queira se apropriar dos protestos.

Em 05 de outubro de 2014, os eleitores terão nomes concretos dentre os quais escolher, cada um com seu passado e suas propostas para o futuro. Até aqueles que são “contra tudo e contra todos” terminarão por fazer uma opção.

Fonte: Carta Capital

Un gigante despierta

En el momento que escribimos esta declaración, nuevamente las ciudades del Brasil están rebalsando con movilizaciones multitudinarias: más de un millón de personas se encuentran en las calles de las principales ciudades. Semanas atrás explotó Turquía, también con manifestaciones de masas. Ambos han impactado vivamente en los analistas de todo el mundo, que no esperaban semejante explosión de indignación en países estratégicos del capitalismo mundial, y que además eran modelos de “estabilidad”. 130620-brasil-segundo-dia-ato-contra-aumento-da-passagem
Ambas explosiones han venido a renovar de manera impactante el ciclo internacional de rebeliones populares que se vive desde el 2011 sobre el trasfondo de la crisis económica mundial. Durante los últimos meses no había sumado novedades rutilantes. Ahora, las circunstancias parecen haber dado un giro de 180 grados y puesto las cosas en su lugar: nada más y nada menos que con el fenómeno de la rebelión extendiéndose en países que son grandes potencias económicas mundiales. La moraleja es que la dinámica de la lucha de clases tiene sus tiempos históricos. Muchos marxistas han señalado que, en la dialéctica de la historia, las rebeliones y revoluciones parecen llegar siempre a “destiempo”, como para señalar que no tienen una fecha fijada de antemano. Y esto, en general, sorprende a sus propios actores.

Tendencias estabilizadoras
Arrancamos con esta reflexión porque la realidad es que Brasil estaba dando lugar a todo tipo de “elucubraciones” acerca de las razones de su estabilidad, ahora perdida brutalmente. No es que el inmenso país latinoamericano fuera históricamente siempre estable. En la segunda mitad de los años 1970 y durante toda la década de los 1980, Brasil vivió un proceso histórico de surgimiento de una nueva clase obrera, de grandes luchas y de su organización.

En medio de todo eso fue fundada la Central Única de Trabajadores (CUT), alternativa al viejo sindicalismo burocratizado –los “pelegos”– vinculado al viejo nacionalismo burgués del país. Surgió también el Partido de los Trabajadores (PT), que inicialmente expresó un avance progresivo hacia la independencia de clase –si bien bajo estándares reformistas– de amplias sectores de la clase obrera.

Lamentablemente, esos rasgos reformistas que desde el inicio tuvieron ambas experiencias, con mucho peso de la Iglesia Católica en su interior, y la caída del Muro de Berlín con sus consecuencias de desmoralización y falsas conclusiones antisocialistas sacadas del derrumbe burocrático, llevaron a una rápida adaptación de la CUT y el PT a los mecanismos de la democracia burguesa. Fue toda una escuela de “socialdemocratización”, por así decirlo.

Paralelamente a esa experiencia, en Brasil se procesaron en las últimas décadas dos inmensas movilizaciones populares. La primera es la que se conoce como la lucha por las “Direitas Ya”, dónde un amplio movimiento democrático buscó romper la salida pactada de la dictadura militar que venía gobernando el país desde 1964 e imponer la elección por voto popular del presidente. 

Diez años después, hubo una segunda movilización de masas, el “Fora Collor”. Ésta ocurrió en 1992, cuando Collor de Mello fue echado de la presidencia por la corrupción rampante de un plan privatizador demasiado virulento, que chocó contra los cánones tradicionales del Estado brasileño.

Pero esa movilización democrática triunfante, la del “Fora Collor”– coincidió con un momento general descendente de la lucha de clases a nivel internacional. Además, fue acompaña por la creciente adaptación del PT y la CUT, que colaboraron en “planchar” la lucha de clases en Brasil.

En 1995, ya con un nuevo presidente, Fernando Henrique Cardoso (ex intelectual progresista coautor de la “teoría de la dependencia”), se desata lo que sería el epílogo de todo este proceso: la famosa huelga petrolera que termina en una estruendosa derrota.

Cardozo llevó adelante un plan privatizador algo más mediatizado que el que se proponía Collor, así como un ajuste económico para parar la inflación rampante y estructural, el llamado “Plan Real”. A partir de allí, la lucha de clases se acható terriblemente, casi hasta el día de hoy. En medio de eso, hubo esbozos de peleas, como la lucha contra el ataque a las jubilaciones del sector público, en los inicios del primer gobierno de Lula. Pero nada de eso cambió la situación.

El estallido del Argentinazo en el 2001, tuvo un importante impacto en el país vecino. Aún recordamos como la joven delegación de nuestra corriente en el Foro Social Mundial del Porto Alegre a comienzos del 2002, era recibida por los brasileños manifestando que “tenían orgullo por la Argentina; que en Brasil debería pasar algo igual”.

Al parecer la burguesía escuchó esas opiniones populares y organizó una salida preventiva, posibilitando la llegada al gobierno de Lula y el PT en el 2003. Ese año se alzarían con la presidencia, luego de dos intentos anteriores fallidos y habiendo dado ya sobradas pruebas de adaptación completa al régimen de la democracia de los millonarios, y de transformación del propio PT en el partido de una capa social de nuevos ricos y altos funcionarios.

La llegada del PT al gobierno fortaleció las tendencias estabilizadoras. Es que el PT tenía la dirección o por lo menos el control indirecto de los principales organismos de masas del país. En primer lugar, la CUT, pero también del MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) y las organizaciones estudiantiles.

Brasil potencia
Junto con los elementos políticos que explican la estabilidad hasta hoy –o, mejor dicho, detrás de ellos– han estado diversos elementos y factores económico-sociales.
En primer rasgo, muy general pero de importancia, es que a diferencia de la Hispanoamérica, Brasil se mantuvo, después de la independencia de Portugal, como un inmenso territorio unificado. 

Andando el tiempo, vivió un primer proceso de industrialización en torno a los años 1930 y luego, a diferencia de otros países de la región, la dictadura militar de 1964 fue industrializadora (aunque en íntima vinculación con el imperialismo yanqui).

Todo eso dio lugar a la creación de un inmenso mercado, fortaleciendo la base económica del país aunque con tremendas desigualdades sociales. La distribución del ingreso en Brasil es una de las desiguales del mundo.

Así y todo, los años 1990 estuvieron marcados por una recaída económica y un proceso inflacionario casi descontrolado. El gobierno de Cardozo vino a “domesticar” eso, aplicando un ajuste económico similar a los del FMI, pero siempre más mediado por la potencialidad económica del país y las características de su Estado.

El gobierno de Lula (2003-2010) tuvo la suerte de empalmar con el ciclo ascendente del precio de las materias primas que aún se está viviendo. El país ha sufrido, de todos modos, modificaciones estructurales, con un achicamiento relativo de su enorme aparato industrial, y una “primarización” de su economía con un giro hacia la agroexportación y el agronegocio.

Estas bases económicas colocaron al Brasil como uno de los grandes exportadores mundiales de materias primas, y se acompañaron de planes sociales “redistributivos” del PT para paliar la miseria extrema, así como créditos a la vivienda y automotores, que dieron una sensación de un nivel de vida ascendente en la última década.

Con un PBI superando el billón de dólares, Brasil entró por derecho propio entre el grupo de los países BRIC (Brasil, Rusia, India y China). El PT pudo cambiar su ideología inicial de “inclusión de la clase obrera” por una de hacer de Brasil una “potencia económica y política mundial”.

¿Todo por 20 centavos?
Pero, cuando nadie se lo esperaba, el país estalló. Las razones de fondo parecen ser dos. Una primera es político–democrática, por así decirlo.

La brutal represión a los jóvenes participantes de las primeras movilizaciones contra el aumento del pasaje de ómnibus, fueron llevadas adelante bajo la supuesta legitimidad de un régimen político con rasgos reaccionarios crecientes. Con el pretexto de “la Copa del mundo” (el mundial de fútbol del año próximo), se viene avanzando en la limitación y represión de los derechos de huelga y manifestación. Lo usual es que cualquier protesta, incluso pacífica, es salvajemente reprimida por las “policías militares”, cuerpos militarizados pertenecientes a cada Estado de Brasil.

En ocasiones anteriores, tanto los medios burgueses como sectores amplios de las clases medias justificaban hechos represivos como los reiterados ataques de la policía militar a los estudiantes de la Universidad de São Paulo (USP) o, en ese mismo Estado, el salvaje desalojo de un asentamiento popular.

Esta vez no fue así. El vaso se rebalsó ante las imágenes de la llamada “policía más represiva del mundo” repartiendo palos, gases y balas a diestra y siniestra a jóvenes que reclamaban contra ese aumento del transporte. La indignación estalló en multitudinarias movilizaciones de cientos de miles, sino millones, en todo el país con picos en Río de Janeiro, San Pablo y Belo Horizonte.

Junto con la represión, este inmenso estallido tuvo otra motivación que a primera vista parece insignificante. Unos céntimos de aumento del transporte público en São Paulo y otras ciudades, aunque en Brasil es uno de los más caros del mundo en relación a los ingresos.

Como en Turquía, que explotó contra un proyecto del gobierno de destruir un parque cercano a la plaza Taksim para construir un shopping, es evidente que el motivo del estallido tiene raíces más profundas que la reivindicación inmediata que lo desencadenó. Los movilizados en Brasil lo dicen con todas las letras cuando rechazan el argumento gubernamental de que todo sería “por 20 centavos”. No es así: existe un trasfondo material mucho más amplio que explica la explosión.

Lo primero, es el drama del transporte público. São Paulo, Rio, Belo Horizonte, etc. son megalópolis. ¿Qué quiere decir esto? Significa que se trata de ciudades con tal cantidad de población que se tornan inmanejables. Sus servicios de transporte, públicos en general, de agua, gas, etcétera, viven colapsados porque no hay presupuesto que alcance para abastecer como corresponde la demanda.

Recorrer cualquier trayecto en São Paulo es un suplicio dónde se avanza a pasos de tortuga, para llegar a la fábrica, a la oficina, a la universidad. Es que está colapsado, como en otras partes del mundo, el sistema del autotransporte individual, el automóvil, que en desmedro del transporte público eficiente por metro o ferrocarril es absolutamente improductivo. Y, para colmo, es causa de una brutal polución. Tan es así, que los burgueses en Brasil van de compras  en helicóptero a los hipermercados. Mientras tanto, el ferrocarril, el medio de transporte más eficiente, ha sido dejado de lado como en otras partes del mundo.

Al colapso del transporte público, se le agrega que es fuente de inmensos negocios privados, de capitalistas que cobran tarifas siderales. Esta es la fuente de movimientos como el de por un “pase libre” en el transporte público, contra las tarifas abusivas.

Pero ahora todos señalan que ya no se trata sólo de la pelea sobre los aumentos del pasaje. La realidad es que para descomprimir las cosas, la mayoría de las prefecturas –gobiernos de las ciudades– han anulado los aumentos que originaron la protesta. Pero las movilizaciones continúan.

¿A qué se debe esto? Sencillamente, a que las razones del descontento son mucho más profundas que la cuestión del transporte. Se ha visto, por ejemplo, el repudio a los gastos faraónicos en obras para el mundial de fútbol del 2014 y las Olimpíadas del 2016. Estos derroches contrastan con los ajustes económicos crecientes que está imponiendo el gobierno de Dilma Rousseff en materia de salud y educación.

Pero además, hay algo aún más de fondo. A Brasil parece haber llegado, finalmente, la crisis mundial. O mejor dicho: parece estar comenzando a llegar. El país no está en recesión todavía, y la tasa de desempleo oficial es la más baja de la serie histórica (aunque hay que considerar que regiones enteras se encuentran fuera de la estadística). Pero se vive ya un estancamiento económico. Esto parece haber generado un profundo cambio en la percepción de las marcha de la economía por parte de la mayoría.

Dolores de parto
¿Cuáles son, a primera vista, las características sociales y políticas de los sectores que han salido a la calle?

Los rasgos sociales y generacionales hablan de una inmensa rebelión juvenil. Se ve a una nueva generación que por primera vez sale a las calles, un poco al estilo de las movilizaciones de los indignados en los países del primer mundo.

Sin embargo, conforme las movilizaciones se han profundizado y extendido a todo el país, el componente social se ha “masificado” y amplios sectores populares y de trabajadores comienzan a hacerse presentes. Es verdad que no se han decretado “huelgas generales”, y que los trabajadores –por el momento– no están participando como clase organizada en las movilizaciones. La gran mayoría de los sindicatos son controlados por la burocracia petista y sus aliados, y esto hace más difícil una confluencia movilizadora entre los que ocupan las calles y los lugares de trabajo. Sin embargo, indiscutiblemente la simpatía de la clase obrera, a pesar de su filiación mayoritaria en el PTm está con los que llenan en las calles.

Otro elemento importante es el componente estrictamente político de la movilización. El PT y sus acólitos en la región, como el chavismo y el kirchnerismo, han salido a decir que se trataría de una movilización “por derecha, tipo los escuálidos de Venezuela y los caceroleros de Argentina”.

Esto es una mentirosa provocación: se trata de inmensas movilizaciones de masas progresivas que, por el contrario, están cuestionando por la izquierda al gobierno procapitalista, social-liberal y proimperialista del PT. Una movilización que está desbordando un gobierno que ha frustrado las expectativas transformadoras que había despertado en su momento la figura de Lula. El gobierno petista se encuentra ahora frente al “espejo” de una inmensa movilización de masas que lo desnuda como lo que es realmente: ¡un gobierno neoliberal al servicio de los intereses del Brasil capitalista!

Lo anterior no niega que, tratándose de la emergencia de una nueva generación, de un recomienzo de la experiencia histórica de la lucha, no haya entre los sectores movilizados todo tipo de limitaciones y “telarañas mentales”. Esto ha sucedido siempre al inicio de cualquier movimiento de masas. Seguramente, con el desarrollo de la experiencia, esas limitaciones de la conciencia se irán decantando. Esto requerirá, también de manera imprescindible, de la actuación correcta de las corrientes socialistas revolucionarias.

La corriente Socialismo o Barbarie Internacional, por intermedio de nuestros compañeros y compañeras del grupo Práxis en el Brasil, trataremos de actuar en ese sentido, intentando aportar al desarrollo de una experiencia que ya marca un giro histórico en la lucha de clases del mayor país de la región. Por su propio peso, esta movilización vuelve a mostrar la vitalidad del ciclo de rebeliones populares abierto regional e internacionalmente.

En cualquier caso, la puesta en pie de una alternativa desde la clase obrera y la izquierda revolucionaria frente al PT y demás grupos y direcciones reformistas, así como la entrada a escena de la clase obrera en la lucha, requerirá de una dura pelea que recién está en sus inicios pero que tendrá seguramente dimensiones históricas. El gigante brasilero se pone de pié. La clase obrera más grande de América Latina está despertando. ¡Que los poderosos, los explotadores, los opresores, los capitalistas de Brasil y del mundo, tiemblen!

Artículo de Socialismo o Barbarie

18/06/2013

Uma noite daquelas

 
Gilberto Maringoni - Carta Maior

São Paulo – A noite desta segunda-feira (17) tem tudo para entrar na História.

Talvez nos próximos dias tenhamos mais clareza do que está acontecendo no país. Não é sempre que multidões irrompem no centro da cena política com exuberância e pique.

Não se via nada parecido desde as marchas pelas Diretas Já, em 1984.

Mas se a campanha que culminou em abril daquele ano conheceu um crescendo iniciado seis meses antes, com um pequeno protesto na praça Charles Miller em São Paulo, a jornada atual teve início há menos de duas semanas.

Explosão popular
Até terça (11), as movimentações reuniam poucos milhares de jovens em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Maceió e Porto Alegre. A bandeira era clara: contra o aumento de tarifas. Os atos foram violentamente castigados por truculentas ações policiais.

Só depois da repressão paulistana, na quinta-feira (13), houve a expectativa de que algo maior poderia acontecer. E esta segunda feira superou todas as expectativas.

Há agora um movimento nacional, ainda sem direção clara, que colhe reverberações até em colônias de brasileiros no exterior.

O móvel imediato de luta seria o aumento das passagens de transporte público em algumas metrópoles. Mas não em todas. Em Brasília, por exemplo, palco de formidável mobilização, não é essa a pauta.

Se formos analisar a situação de forma empírica, vamos verificar que nenhum indicador objetivo conseguiu captar o descontentamento que se espalha.

Pesquisas e economia
As pesquisas de opinião que aferiram uma perda de popularidade do governo federal, há dez dias, não atestaram nada de excepcional. Apesar de expressiva, a queda de oito pontos deixa a mandatária com patamares de aceitação extremamente altos.

O recuo nos índices de emprego não são tão fortes a ponto de acenderem a luz amarela do governo. No campo da macroeconomia, há nuvens carregadas no horizonte, que se traduzem na tendência de um PIB medíocre ao final do ano. Mas o consumo segue em alta e não há, aparentemente, uma percepção generalizada de que estamos nas bordas de uma crise.

O que desandou foram as expectativas. Contudo, seria subjetivismo demais afirmar que centenas de milhares de pessoas foram às ruas e enfrentaram as forças de segurança por força de expectativas sombrias para o médio prazo.

Limites do Lulismo
Há um descontentamento crescente com as obras da Copa, que ganharam visibilidade com o início da Copa das Confederações. Arenas faraônicas, que logo serão elefantes brancos, como o estádio Mané Garrincha, geram desconforto. Isso se dá especialmente quando comparadas às carências em serviços públicos, como transporte, saúde, educação e assistência social (aliás, uma das mais criativas faixas vistas na manifestação de São Paulo era “Seu filho ficou doente? Leve-o para o estádio”).

É possível que insatisfação com a má qualidade dos serviços públicos tenha peso relevante na ira popular. E talvez estejamos vendo os limites do chamado lulismo.

Há uma pista numa das peças publicitárias montadas pelos marqueteiros de Fernando Haddad.

Um dos anúncios de campanha dizia mais ou menos assim: “Com Lula, você tem TV, carro, casa, geladeira e eletrodomésticos. Da porta para dentro de casa, a vida mudou. Da porta para fora, a situação ainda não mudou”.

Serviços de má qualidade
O “da porta para fora” refere-se aos serviços públicos detonados, às horas perdidas em transportes caros e de péssima qualidade, às escolas públicas carentes de materiais e de professores motivados e às debilidades da saúde pública, sem contar com um crescente clima de insegurança pública nas metrópoles.

Ou seja, o lulismo – como já analisado por André Singer – aumentou a capacidade de consumo de setores que estavam praticamente à margem do mercado, mas não ampliou significativamente o acesso a direitos básicos de cidadania.

Se for isso, a pauta é ótima para quem deseja a mudança social. Existe legitimidade para transformações mais profundas do que as realizadas nos últimos anos, como a recuperação do valor do salário mínimo, a elevação do nível de emprego e políticas sociais focadas.

Pode ser que a pressão popular abra espaço para uma real distribuição de renda.

Quadro em disputa
Mas as mobilizações estão em disputa. A pauta da direita resume-se a dizer que as movimentações têm como causa a corrupção e o governo Dilma, como aponta a inacreditável revista ‘Veja’, em capa desta semana.

Os diversos grupos “movimentistas” e anarquistas protestam contra a presença de partidos políticos nas concentrações e focam toda a energia na revogação dos aumentos ou na tarifa zero. Mas são avessos a qualquer tentativa de organização do formidável impulso cívico desatados nos últimos dias.

O Brasil melhorou em vários aspectos nos últimos dez anos, mas a natureza continua a ser devastada, o caos toma conta das cidades, a reforma agrária não anda, a grande mídia associou-se ao governo federal, o setor financeiro segue exigindo radicalização na ortodoxia econômica e a gestão Dilma toca firme sua fé privatista.

O fato é que o movimento despertou energias que nem mesmo seus organizadores imaginavam existir.

Declaração ao mundo
Aliás, a presidenta deu mostras de perplexidade e opção preferencial pelo óbvio com a bombástica revelação que fez ao mundo na noite de segunda-feira: "As manifestações pacíficas são legítimas e são próprias da democracia. É próprio dos jovens se manifestarem”.

Em São Paulo, Fernando Haddad comporta-se como um político de horizontes limitados. Optou por fingir-se de morto no dia das manifestações.

Geraldo Alckmin, responsável pela truculência policial, fez um lance ousado e retirou o policiamento ostensivo das ruas. Deixou a tropa de choque aquartelada e colocou a cidade quase literalmente nas mãos dos manifestantes. Tudo podia acontecer, inclusive nada. Foi o que se deu. Não há notícia de nenhuma depredação ou ato de vandalismo de monta nessa noite, em São Paulo. Nisso, agiu de forma diversa de governantes como Sergio Cabral, Agnelo Queiroz e Tarso Genro, que botaram a tropa na rua.

Os acontecimentos desta segunda mudaram a conjuntura. Nos próximos meses, as multidões serão, ao que tudo indica, atores centrais na cena política. Mas ainda não está claro para onde este vulcão popular direcionará suas energias. (De uma conversa com Artur Araújo, sem responsabilidade alguma da parte dele)