Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

27/09/2011

Bola de Nieve, a alma sonora de Cuba ( José Carlos Ruy)

Ele nasceu num onze de setembro mais feliz, há cem anos e seu sorriso, seu piano e sua voz inconfundível, fazem parte da “trilha sonora” da Ilha

Bola de Nieve BolBola

Certa vez o poeta chileno Pablo Neruda escreveu dele: “Bola de Nieve se casou com a música e vive com ela nessa intimidade, cheia de pianos e sinos, retirando da cabeça os teclados do céu. Viva sua alegria terrestre! Saúde a seu coração sonoro!”

Neruda homenageava assim um dos maiores cantores cubanos, Ignacio Villa, ou “Bola de Nieve”, cujo centenário foi comemorado num 11 de setembro mais feliz do que o difundido pela mídia; ele viveu até 2 de outubro de 1971 e, sua imagem é duplamente lembrada pois faz também 40 anos que deixou de viver.

Cantor, compositor e pianista, é considerado um dos maiores gênios da música em Cuba e um autêntico símbolo musical da Ilha. A música, para ele, veio do berço – sua cidade natal, Guanabacoa, tem uma rica tradição musical e folclórica e ele, com seus doze irmãos (filhos de uma família operária), participavam intensamente do cenário festivo criollo da vila. Estudou música desde os oito anos de idade, pensou em ser professor. Foi a crise econômica, na década de 1920, que o empurrou para a dedicação profissional à música. No início substituía artistas mais importantes em espetáculos em Havana e também na cidade do México.

Aliás, ele tinha uma verdadeira paixão pela cidade do México, e certa vez disse: “Não venho cantar por dinheiro, venho por amos a este povo que tanto gosta de Cuba”. Foi lá também que a imprensa começou a descrevê-lo como uma espécie de Maurice Chevalier ou Luiz Armstrong cubano. A comparação tem sentido pelo alcance nacional que sua voz e sua figura alcançaram. Mas ela não elimina o gigantismo do estilo próprio e inconfundível deste gigante numa ilha de gigantes.

O violão vadio exuberante de Baden Powell (Marcos Aurélio Ruy)

Há 11 anos, no dia 26 de setembro, a música popular brasileira perdia um dos seus grandes músicos, o violonista Baden Powell de Aquino.



Baden Powell, juntamente com Vinicius de Moraes, criou o chamado afro-samba, numa das principais parcerias da música popular brasileira. Baden percebeu que os “cânticos afros tinham semelhança com os gregorianos e passou a compor melodias em cima das duas vertentes”, afirma texto do site www.biscoitofino.com.br.

Baden, que estudava música gregoriana, entusiasmou-se pelo candomblé e a sua música, e Vinicius era encantado com o samba de roda e o candomblé da Bahia. Os dois, que se conheceram em 1962, gravaram o LP “Afro-sambas” em 1966, tornando-se uma das parcerias mais profícuas da MPB. É desse disco o clássico “Canto de Ossanha”.

Seu pai lhe deu esse nome por que seu pai era fã do escotismo do general britânico Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. Bem, o menino não tem culpa disso. Baden nasceu em Varre-Sai, distrito do município de Itaperuna no Norte do estado do Rio de Janeiro. Mas passou sua infância em Vila Isabel e São Cristóvão, na cidade do Rio, onde teve contato com sambistas de primeira linha. Também levado pelo amigo capoeirista Canjiquinha, aproximou-se da capoeira e do candomblé, utilizando elementos dessas duas formas de expressão artística, religiosa e corporal em sua arte.

Influências do grande músico

Fou muito influenciado pelo guitarrista de jazz, nascido na Bélgica e cigano, Django Reinhardt, considerado um dos maiores guitarristas do mundo, criador do gypsy jazz, ou jazz cigano. E pelo guitarrista norte-americano Barney Kessel, também de jazz, pelo músico alemão jazzístico Joachim Berendt, pelo saxofonista norte-americano Stan Getz, um dos maiores divulgadores da bossa nova nos Estados Unidos.

Getz chegou a compor em parceria com João Gilberto e Tom Jobim. Ainda teve forte influência do instrumentista de corda paulista Aníbal Augusto Sardinha, conhecido como Garoto, e do violonista e compositor carioca de chorinho, Dilermando Reis, entre outros grandes artistas.

Baden estudou canto gregoriano com o maestro Moacyr Santos e da mistura da música clássica com a popular brasileira tornou-se um dos nossos principais músicos. O violonista fluminense sucumbiu ao alcoolismo e faleceu no dia 26 de setembro de 2000, aos 63 anos de idade.

Suas canções e o seu modo inovador de tocar violão deixam saudades em todos os amantes da MPB, um dos grandes nomes de uma vertente da bossa nova, com influência sobre uma gama de autores compositores de gerações posteriores.

26/09/2011

SONETO DO AMIGO (Vinicius de Moraes)

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


24/09/2011

Para Viver Um Grande Amor ( Vinicius de Moraes)

“Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! É de colher... - Não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - Para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.

Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - Para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vaidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - Para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - Peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - Muito mais, muito mais que na modista! - Para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo, mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - Para viver um grande amor”

Actitud


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Una mujer muy sabia se despertó una mañana,
se miró al espejo,
y notó que tenía solamente tres cabellos en su cabeza.
'Hmmm' pensó, 'Creo que hoy me voy a hacer una trenza'.
Así lo hizo y pasó un día maravilloso.

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El siguiente día se despertó,
se miró al espejo
Y vio que tenía solamente dos cabellos en su cabeza.
'Hmmm' dijo,
'Creo que hoy me peinaré de raya en medio'
Así lo hizo y pasó un día grandioso.


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El siguiente día, cuando despertó,
se miró al espejo y notó
que solamente le quedaba un cabello en su cabeza.
'Bueno' se dijo, 'ahora me haré una cola de caballo.'
Así lo hizo, y tuvo un día muy, muy divertido
.

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A la mañana siguiente, cuando despertó,
corrió al espejo y enseguida notó
que no le quedaba un solo cabello en la cabeza.
'¡Qué Bien!', exclamó.
'¡Hoy no me tendré que peinar!'


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Tu actitud es todo en la vida.
Alégrate cada mañana; dale gracias a Dios por el nuevo día.
Ríete de ti mismo. Acéptate.
Sé bondadoso y amable con los demás.
Sonríeles, porque cada persona que te encuentres tiene sus problemas
y tu sonrisa lo ayudará.



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La vida no es esperar a que la tormenta pase,
ni es abrir el paraguas para que todo resbale...

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La Vida es aprender a bailar bajo la lluvia.

Financiamento público fortalece a democracia e democratiza a política


Por Henrique Fontana

Caros Amigos

 

Vivemos um momento da sociedade brasileira em que a democracia está cada vez mais forte. Podemos dizer com orgulho que uma sociedade que saiu da ditadura militar há poucas décadas tem conseguido trazer os conflitos de interesse para a arena institucional, ampliando a capacidade de representação, incluindo cada vez mais setores historicamente alijados do poder. Encontrar os caminhos para fortalecer e legitimar a política no Brasil é fundamental para que continuemos este processo.

A política brasileira tem sido com muita frequência associada a casos de corrupção. O canal eleitoral, sem o qual a maioria da população dificilmente consegue fazer valer seus interesses, parece sob constante suspeita de servir mais para promover compromissos obscuros do que o interesse público. Parece-nos que encontrar formas de diminuir a possibilidade de relações escusas entre interesses privados e representantes políticos é dar um passo seguro no fortalecimento dos canais de representação. Por isto, estamos propondo que a Comissão de Reforma Política enfrente o problema de mudar a legislação sobre o financiamento das campanhas eleitorais.

É fato conhecido, por qualquer pessoa que tenha dedicado algum tempo a analisar as campanhas eleitorais, no mundo inteiro, que os problemas de financiamento são generalizados e observados em praticamente todos os países. As empresas e grandes corporações sempre procuram os meios de influir na política, e é no financiamento das campanhas que encontram o calcanhar de Aquiles dos políticos. Nas últimas décadas, os problemas parecem ter se agravado. Houve uma clara escalada dos gastos de campanha – da década de 1970 para cá, os aumentos foram gigantescos. Veja os números recentes da campanha para deputado federal em todo o Brasil: em 2002, foram gastos R$ 191 milhões; em 2006, foram R$ 439 milhões; e em 2010 os custos pularam para R$ 926 milhões. Se essa escalada continuar, onde chegaremos em 4 ou 8 anos? 

E os dados mostram, ainda, que o volume de gastos nas campanhas é decisivo para a capacidade de obter sucesso e se eleger: dentre os 513 eleitos em 2010 para a Câmara, por exemplo, 369 estão entre os candidatos que mais gastaram, segundo as prestações de conta ao TSE. Os eleitos gastaram em média doze vezes mais do que o restante dos candidatos.

É claro que é possível fazer campanhas no sistema atual de maneira digna e honrada, mas o financiamento privado, especialmente quando feito por empresas, mesmo de forma transparente e legal, mantém sempre acesa a chama da suspeita de que a fatura será cobrada e os interesses privados se sobreporão ao interesse público. Esta situação repercute também para o lado das empresas, cada vez mais resistentes a se expor a este tipo de ilações.

Financiar as campanhas eleitorais com os recursos públicos nos parece ser a melhor maneira de enfrentar este quadro.

Em primeiro lugar, porque possibilita um financiamento livre de interesses outros que não sejam os legítimos interesses de representação política. Pela nossa proposta, o financiamento pelo Estado será definido por critérios claros e transparentes, vinculados à força dos partidos junto à sociedade.

Em segundo lugar, porque permite aumentar a participação política de setores hoje mal representados, possibilitando que se tornem competitivos candidatos que hoje não têm acesso a recursos. A redução da influência do poder econômico permite assim aumentar a representatividade do sistema político.

Dentre as objeções mais comuns que temos ouvido sobre o financiamento público encontra-se a de que o sistema não impede a burla, e que o caixa 2 e as fraudes continuarão. As ilegalidades se apresentam em todas as atividades reguladas por lei, por isso o projeto prevê a criminalização pelo desvio de recursos e arrecadação ilícita (caixa 2), além de outras sanções eleitorais e administrativas.

Os recursos seriam definidos pela Justiça Eleitoral, responsável também pela gestão do futuro fundo para financiamento das campanhas, e distribuídos aos comitês financeiros das candidaturas, de forma qu,e desde o início da campanha, qualquer eleitor possa saber quanto e como estão sendo gastos os recursos. O financiamento público gerará assim campanhas mais baratas, com um teto de gastos estabelecido e fiscalizável. O aumento da transparência e da possibilidade de controle dos gastos são evidentes.

A outra objeção frequente é quanto à fonte dos recursos: não seria correto onerar os cofres públicos, desviando recursos de outras frentes, onde seriam mais importantes. A pergunta crucial a fazer, contudo, seria: quantos recursos públicos serão poupados pela ausência dos compromissos espúrios que o atual sistema propicia (as emendas orçamentárias favorecendo gastos desnecessários, os favorecimentos em licitações, os superfaturamentos)? Além disso, em muitos casos há suspeitas de que as empresas embutem os gastos com financiamento eleitoral nos seus preços, o que também acabaria sendo pago pelo contribuinte. O investimento público nas campanhas certamente será compensado pela economia na outra ponta.

Não pretendemos com este projeto criar um sistema perfeito e invulnerável, mas dar passos seguros para que tenhamos campanhas mais baratas, mais representativas, mais transparentes e, sobretudo, mais legítimas. O fortalecimento da democracia merece este investimento.

Palestina: a conquista do estado




Carta Maior
O que é mais arriscado, a paz ou a guerra? O que é mais perigoso para palestinos e israelenses: o ódio mútuo alimentado pela morte e a violência ou a aposta humanista numa reconstrução generosa dos laços e valores compartilhados que sustentam convivência fraterna entre as nações? A quem interessa um povo palestino humilhado, expropriado em seus direitos, fragmentado em lotes territoriais, cindido em facções, que o enfraquecem enquanto nação mas ao mesmo tempo convidam ao desespero da ação unilateral pelas armas? A quem interessa uma Israel prisioneira de uma agenda bélica, asfixiada pelo orçamento da guerra, intoxicada por uma cultura de perseguição que apequena sua subjetividade e afeta a qualidade de vida e o futuro de seus jovens, além de legitimar governantes toscos que, definitivamente, não representam o povo judeu naquela que é a sua maior riqueza: a densidade e a alegria humanista que sempre o distinguiu em todos os campos da civilização? Depois de décadas de impasses, em que a sua sorte foi jogada nos campos de batalha e em mesas de negociação nas quais a sua existência enquanto povo foi tratada como objeto e não como sujeito histórico, a nação palestina resolveu olhar para frente porque é lá que se encontra a paz. E a paz é a única fronteira que unifica a pátria palestina e a pátria israelense.


Ao levar à ONU diretamente, sem intermediários, como cabe a um povo dotado de legitimidade e autodeterminação, seu pleito pelo reconhecimento do Estado soberano, o que os palestinos estão dizendo é que o futuro do Oriente Médio não está na diáspora, nem no confinamento, tampouco na negação mútua de sonhos e direitos. Estão dizendo que a convivência realmente fraterna entre árabes e judeus, e entre os próprios judeus e os próprios palestinos passa por acordos e concessões mútuas. Mas, acima de tudo, passa pela mais importante das transformações que a história agendou para agora: assumirem juntos a construção de seu próprio destino, afastando a influencia nefasta de interesses econômicos expansionistas e imperiais, bem como de seus aliados internos e regionais que representam, no fundo, o grande obstáculo ao florescimento de uma verdadeira primavera da liberdade e da justiça social no Oriente Médio. Neyse histórico 23 de setembro de 2011, Carta Maior saúda a festa de libertária de todos os povos condensada na festa contagiante da nação palestina, cuja soberania, definitivamente, conquisou seu lugar nos corações e mentes dos democratas de todo o mundo. E isso nenhum veto imperial pode reverter.

A VOZ

Há uma voz dentro de você. 
Há uma voz dentro de todos. 
Se você a ouve ou não, a voz está lá. 
Se você a reconhece ou não, a voz está lá. 
Se você pede a ajuda ou ignora sua orientação, a voz  ainda está lá. 
Esperando. 
Está esperando você parar, apenas por um momento, e escutar. 
A voz está sempre lá, guiando você, incentivando você, amando você.
Escreva um livro sobre a conexão com essa voz. … pegue sua caneta e penetre a parede fina da consciência que o mantém separado. 
Antes que você escreva qualquer outra página deste livro, considere isto com cuidado: se você gosta de seu mundo da maneira que é, se você não quer (ou não precisa) melhorar seu emocional, espiritual, ou sua vida financeira, se você está satisfeito com seus relacionamentos, sua família, seu trabalho, e seu repouso, descarte este livro! Não escreva nenhuma outra palavra ou página.
Porque uma vez que você abre essa porta em sua alma, você não pode fecha-la completamente outra vez. 
Você não pode fingir que você não sabe onde a porta está.
Uma vez que você começar a se ligar na conversação rica, profunda com algo mais elevado, maior, mais profundo, e mais sábio do que você mesmo, você encontrar-se-á contemplando idéias que você nunca considerou, dizendo coisas você nunca disse, e fazendo perguntas você nunca fêz. 
Uma vez que você se abre para o sentido divino, você receberá a orientação, mas - talvez - possa não ser a orientação que você espera. 
Uma vez que você começa pedir mais, você começará receber mais: mais idéias, mais intuição, mais inspiração, mais sabedoria, mais oportunidades, mais desafios, e mais perguntas. 
Sempre, há mais perguntas. 
Porque as respostas, que você está a ponto de descobrir, vivem profundamente dentro das perguntas.

QUANDO VOCÊ MUDA



Cada um é único.
Cada ser humano tem suas peculiaridades.
Cada um tem sua história, crenças e pensamentos, que estão diretamente ligados a sua criação.
As experiências vividas na infância, os modelos familiares, os comportamentos adotados e os valores irraigados, constituem a essência de uma pessoa.
Muitos sofrem desnecessariamente por querer transformar os outros de acordo com suas crenças.
Esquecem quão profundamente essas verdades estão estruturadas.
As pessoas são únicas: “ Ninguém é igual a ninguém e ninguém é perfeito”.
Todos nós sabemos que nenhum ser humano é perfeito.
Os pais não são perfeitos.
O chefe não é perfeito.
Os empregados não são perfeitos.
Os clientes não são perfeitos.
Os amigos não são perfeitos.
O cônjuge não é perfeito.
Os filhos não são perfeitos.
Nós (eu e você), também não somos perfeitos.
Todo mundo sabe disso.
Por que então queremos encontrar no outro a perfeição?
Afinal, se estamos fazendo uma viagem de aprimoramento, a imperfeição faz parte deste processo evolutivo.
Portanto, por mais virtudes que alguém tenha, poderá cometer, em algum momento da vida, pequenos deslizes.
Ou seja, as pessoas são como são por suas próprias razões e não para magoar o outro.
Se não se comportam segundo nossas expectativas, julgamos que estão agindo daquela maneira para nos magoar, quando, na verdade, esse é apenas o seu jeito de ser.
Vamos então repensar nossas atitudes  e aceitar a vida em todas as suas formas, cores, dimensões e aceitar as pessoas como elas são.
Lembre sempre, quanto mais seguro você se sentir em seu processo de mudança, menos dependerá da decisão alheia, menos se sentirá prisioneiro de alguém ou de alguma coisa.
A mudança inicia em você.
E não esqueça nunca: Quando você muda, o mundo também muda ao seu redor....................

Comissão da Verdade: o primeiro passo

22/09/2011


“Foi bonita a festa, pá!” Podemos estar contentes com a aprovação da Comissão Nacional da Verdade pela Câmara de Deputados ontem. Consagrou o método de combinar acordos políticos com mobilização popular. E esta demonstrou como os artistas e intelectuais continuam demonstrando uma grande sensibilidade para as maiores causas nacionais.

O que conquistamos foi a aprovação da Câmara e, quando tivermos a do Senado, teremos conquistado apenas um passo inicial: a construção de um espaço de busca da verdade sobre o que ocorreu durante a ditadura militar e a versão oficial do Brasil sobre o que ocorreu naquele período. Foi uma construção política, que abre um importante espaço de disputa. Agora se trata da aprovação no Senado e da composição da Comissão.

O projeto requer reparos, de vários pontos de vista, mas uma parte das objeções levantadas não tem fundamento. O primeiro problema é a extensão no tempo, retrocedendo a 1946. É certo que essa é uma data de origem das articulações golpistas que desembocaram em 1964, depois de várias tentativas de dar o golpe - 1954 e 1961, entre outras. Foi naquele momento que os oficiais das FFAA regressando da participação na guerra na Itália, passaram a ser influenciados diretamente pela oficialidade norteamericana. Em concreto, Golbery do Couto e Silva – que posteriormente seria peça chave na articulação do golpe e em governos da ditadura – fundou a Escola Superior de Guerra, desde onde se difundiu a nefasta Doutrina de Seguranca Nacional, que orientou as ditaduras do continente, no espírito da guerra fria, conforme a visão norteamericana.

Porém, as violações dos direitos humanos, como as entendemos, se concentraram claramente – tornando-se uma política de Estado – a partir de 1964 e ao longo de todo o período ditatorial, sobre o qual a Comissão deveria concentrar-se. Ainda mais que ela não tem uma duração muito longa – 2 anos – e nao dispõe, pelo menos inicialmente, de recursos próprios para trabalhar. Mas isso a Comissão pode redimensionar no seu programa de trabalho, para não desconcentrar-se do centro mesmo das suas investigações.

Quanto ao acesso a documentos e informações, a Comissão terá amplos direitos de requisitá-los de órgãos ou entidades do Poder Público, mesmo os que são classificados em qualquer grau de sigilo. Além disso, a Comissão poderá convocar, de forma obrigatória, as pessoas para prestarem esclarecimentos sobre as violações dos direitos humanos. Uma emenda posterior ampliou ainda mais as fontes de que vai dispor a Comissão, porque agrega que qualquer pessoa que considere que tem informação relevante a prestar para esclarecer essas violações, pode solicitar ser ouvida pela Comissão.

Quanto aos recursos, a Casa Civil da Presidência dará o suporte técnico, administrativo e financeiro necessários para as atividades da Comissão.

Em relação à objeção do número relativamente limitado de membros da Comissão – sete -, e’ preciso levar em conta que, além do fato de que serão criados 14 cargos em comissão para assessor os trabalhos da Comissão, ela se apoiará em grande quantidade de entidades que têm desenvolvido, há muito tempo, pesquisas sobre o tema.

Mas mesmo em comparação com Comissoes de outros países, constatamos que no Chile ela teve 8 membros, na Argentina, 13, na Guatemala e em El Salvador 3 e no Peru, 12. O que revela que a composição brasileira se ajusta ao número de membros dos outros países.

Quanto aos critérios da nomeação dos seus membros, foram aprovados critérios que excluem a possibilidade de participação de pessoas com cargos políticos públicos, com mandatos ou que tivessem estado diretamente vinculados ao fatos analisados.

Quanto à duração, a Comissão poderá dispor de grande quantidade de pesquisas e acervos acumulados nas ultimas décadas, seu trabalho não começará do zero.

Assim, o que foi conquistado é um espaço para a busca e sistematização das informações que permitam esclarecer, com o máximo de rigor possível, as violações dos direitos humanos durante a ditadura militar e formular a narrativa oficial do Estado brasileiro sobre a ditadura militar que vitimou o país de 1964 a 1985. Um primeiro e grande passo, que rompe a inércia em que estávamos antes dessa iniciativa. Só podemos saudá-la, apostar no seu trabalho e mobilizar-nos para que ela cumpra da melhor forma possível seus objetivos, assim que for aprovada pelo Senado e sancionada pela Presidência.

18/09/2011

ALGUÉM PODE ME OUVIR? (Kirsty Umm Amina Randall)

Alguém pode me ouvir?
Estou farto do “Muro da Vergonha”.
Estou farto dos postos de controle entre cidades palestinas. 
Estou farto de assentamentos ilegais e de colonos israelenses fortemente armados. 
Estou farto de ter a língua hebraica na minha Carteira de Identidade.
Estou cansado das pessoas não saber nada sobre a nossa história, mas sabendo muito sobre a história dos judeus. 
Estou farto das pessoas ignorando o direito palestino de
resistencia e aceitar a Lei Judaica de Retorno. 

Alguém pode me ouvir? 
Estou farto do Acordo de Oslo, que ninguém aqui queria em primeiro lugar. 
Estou farto da Autoridade Palestina ter zero autoridade. 
Estou farto de ver meu pai ser humilhado em checkpoints por pessoas da minha idade e mais jovens. 
Estou cansado dos meus amigos internacionais ter que mentir sobre a vinda para visitar, sendo interrogado, strip pesquisado e, por vezes, deportado no processo. 
Estou cansado das pessoas não entenderem que "Ocupação" é medieval. 

Alguém pode me ouvir? 
Estou farto de estar com medo o tempo todo. 
Estou farto de Pós-Traumático, Transtorno de Stress sendo um estado normal de estar aqui na Palestina. 
Estou farto de como ineficaz a ONU tornou-se. 
Eu não entendo o Direito Internacional Humanitário ser aplicado somente para o Estado de Israel. 
Estou farto de lutar pelos direitos humanos básicos para Palestinos e de ser crítico da política israelense e tantas vezes ser rotulado como "anti-semita". 

Alguém pode me ouvir? 
Estou farto do fato de que todo mundo esquece que eu sou um semita. 
Estou farto de ouvir os israelenses se queixarem de discriminação quando o Estado de Israel foi fundado sobre um princípio de pureza étnica. 
Estou farto de viver em uma época em que a discriminação racial tem tornar-se aceitável. 
Estou cansado de sempre ser tratado como um suspeito. 
Estou farto de como mídia retrata-nos e a nossa situação. 

Alguém pode me ouvir? 
Estou farto do cuidado do mundo inteiro sobre Gilad Shalit, quando há mais de 7.000 Palestinos das prisões israelenses. 
Estou cansado de tentar defender amigos ou compatriotas e ser rotulado de terrorista. 
Estou farto do fato de que para todo lugar que vou eu posso ver o Muro da Vergonha, um assentamento ou soldado israelense. 

Alguém pode me ouvir? 
Eu sou doente de 63 anos de ocupação israelense!

COMO SE MEDE UMA PESSOA ( Martha Medeiros)


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. 
É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. 
É pequena quando desvia do assunto. 
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. 
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? 
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. 
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. 
Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. 
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. 
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. 
É a sua sensibilidade sem tamanho.


17/09/2011

JUSTIÇA É SERIAL KILLER DE PROVAS CONTRA RICOS NO BRASIL: FAMÍLIA SARNEY NÃO PODE NEM SER INVESTIGADA, SENTENCIA STF (Glauco Cortez)

 


Justiça, a cínica


Clã Sarney: as provas não valem

Justiça é Serial killer de provas, mata em série as provas contra os ricos.

A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de anular as provas da investigação da família Sarney pela Polícia Federal é mais uma prova (evidente, concreta, válida) de que no Brasil ricos não podem ser  investigados. As provas anuladas são da chamada operação Boi Barrica, que  investigou os negócios do empresário Fernando Sarney e outros familiares do presidente do Senado, José Sarney.

Quando um rico é investigado, como nos casos das operações Castelo de Areia e Satiagraha, a justiça simplesmente anula as provas. É anulação em série.  As provas podem provar que houve corrupção, mas isso não importa quando são os ricos os acusados. Aqui não se pode nem investigar os ricos.

Essa é mais uma situação ou prova de que a consciência de renda tornou-se mais importante do que a consciência de classe nas sociedades contemporâneas. A consciência de renda parece evidenciar que as diferenças entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores são menos importantes atualmente do que a diferença entre os ricos (sejam proprietários dos meios de produção ou simplesmente corruptos) e a população em geral. As decisões que anulam provas de ricos são explicadas pela consciência de renda. Há interesses comuns entre as camadas mais ricas da população e esses interesses comuns são estabelecidos por práticas e procedimentos que impedem até a investigação. Quicá a punição.

Há tempos estamos dizendo que o problema da corrupção no Brasil não é  do Legislativo nem do Executivo. Não adianta fazer manifestação contra a corrupção se a justiça, o principal problema do país, não cumpre sua função. A justiça deveria ser o principal alvo das manifestações contra a injustiça e a corrupção.

14/09/2011

Chico Buarque é a voz do Brasil para todos

Há 47 anos na estrada, sem dúvida é titular absoluto da seleção dos craques da MPB e da literatura brasileira, camisa 10. A sua trajetória enche de orgulho os brasileiros que amam seu país e valorizam este povo único, tão bem descrito em “Leite Derramado” e no resto de sua obra. Chico Buarque de Holanda completa 67 anos neste dia 19.


Por Marcos Aurélio Ruy


Não é uma data redonda, mas é uma data de celebração da cultura nacional na pessoa de um de seus principais representantes. Chico Buarque busca a novidade, mas não o novo pelo novo.

Como ele mesmo disse, a música brasileira já traz em si a mudança. Acrescentou conhecimento para a arte, misturando o erudito e o popular, influenciado pela Bossa Nova. Toda a obra desse autor está permeada da alma do brasileiro e do sonho de um Brasil para todos, para todos os brasileiros.

Nos anos 1960 ele escreveu um artigo no jornal Última Hora intitulado “Nem toda loucura é genial, nem toda lucidez é velha”, justamente para mostrar a sua lucidez revolucionária, que é a mesma de quem acredita no socialismo brasileiro como futuro. Foi pioneiro ao imprimir as letras das canções, em 1967, mostrando a semelhante preocupação com letra e melodia.

Seguindo passos de Noel Rosa, que urbanizou o samba, Chico ajudou a politizar a MPB com temas de resistência à ditadura e de denúncia das mazelas do capitalismo dependente. E com isso chamou ainda mais a atenção da censura...

Tanto que em certo momento apenas o aparecimento de seu nome bastava para a obra ser censurada, justamente numa pressão econômica, para ver se o autor cedia. Não cedeu e ainda cutucava a onça com vara curta, às vezes curtíssima, como a canção Cálice, em parceria com Gilberto Gil, que, tendo sido proibida, eles tocaram e cantarolavam num show, quando tiveram os microfones cortados.

Em 1974, lançou um disco com canções de outros compositores tendo como faixa-título, muito apropriada, Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. Nesse mesmo LP aparece a música Acorda Amor, sob os pseudônimos Leonel Paiva e Julinho da Adelaide, uma maneira para driblar a censura. Teve inúmeras músicas e peças de teatro censuradas.

O cale-se da ditadura

Avesso a badalações. Chico é a antítese do padrão elitista do artista isolado, excêntrico e, portanto, distante do povo. E como todo grande autor que faz opção pela temática popular, nacional, social e política, passa a ser criticado por setores da elite, principalmente da direita raivosa, com olhos voltados para Miami. Taxado de modo jocoso de “unanimidade nacional”, nunca teve unanimidade.

A crítica conservadora sempre viu em Chico Buarque um “conservadorismo” musical, quando o oposto era a verdade justamente por ele respeitar as raízes populares da cultura e com essa temática trazer inovações para a música popular brasileira. Essa direita fala mal de Chico até hoje, com sempre falou mal de Lula, do PCdoB, do MST, enfim de tudo o que tem conteúdo contrário às suas propostas.

Apoiou-se nos ombros de grandes como Noel Rosa, Pixinguinha, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Cartola, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, João do Vale, mas principalmente João Gilberto, a quem Chico disse que procurava imitar, e o “maestro soberano” Tom Jobim, de quem virou parceiro e é homenageado na música Paratodos. Mas Chico tornou-se referência obrigatória em qualquer trabalho sobre a música popular brasileira e da literatura dos últimos anos. Talvez o nosso artista e escritor mais completo. Não se rendeu às facilidades do mercado e nem cedeu à ditadura – decidiu resistir. É certo que não foi único, mas esteve entre os principais com sua obra engajada politicamente e de uma qualidade sem parâmetros.

Apresenta pela primeira vez em 1964 num show no Colégio Santa Cruz, em São Paulo, a música Tem Mais Samba, onde já mostra ao que veio: ser a voz dos que não têm voz. Os versos dessa canção já diziam “Tem mais samba no homem que trabalha/Tem mais samba no som que vem da rua”.

No mesmo ano participa do Festival da Excelsior com a música Sonho de um Carnaval, interpretada por Geraldo Vandré. Nunca mais parou. Chico já demonstrava a preocupação com o cotidiano e com a vida do homem comum, dos trabalhadores, engajou-se na resistência à ditadura (1964-1985), como ele mesmo disse em entrevista “não poderia deixar de resistir”. A mídia o taxava de “velho”, “ultrapassado”, assim como sempre taxou os comunistas de “jurássicos”, simplesmente porque tudo o que significa defesa da cultura nacional e popular para a elite é antigo. Ao contrário, Chico disse ser “comunável”, ou seja, amigo dos comunistas, sempre buscou aproximar-se e valorizar a nossa cultura, o nosso país.

A Banda

O sucesso disparou com A Banda ao vencer o Festival da Record, em 1966. E no ano seguinte escreve a peça Roda Viva, que dá uma reviravolta em sua carreira. Passa a ser mais perseguido pela ditadura, a ponto de alguns anos mais tarde ser forçado a exilar-se na Itália, de onde voltou “fazendo barulho”, como aconselhou Vinicius de Moraes.

Já denunciava a mercantilização da cultura. Chico tem a obra permeada pela moça da favela que desce o morro de blusa amarela, batendo a panela e vem para o asfalto proclamar seus direitos, como na canção Pelas Tabelas, onde o social e o individual caminham lado a lado para construir uma nova sociedade, com justiça social, liberdade, onde todos sejam iguais em direitos e a vida seja respeitada. Canta o pivete que “vende chiclete e se chama Mané” e a expressão da mãe do guri, que “trouxe uma penca de documentos para finalmente” ela se identificar, como cantou a mãe que lutava para ter o corpo de seu filho assassinado nos porões da ditadura na canção Angélica dedicada a Zuzu Angel.

Essa mistura de temas e sons e a fineza com que trabalhou os temas populares é que a elite não perdoa em Chico Buarque, como em Construção, onde escolhe terminar todos os versos em proparoxítonas (palavras mais raras em nossa língua) para falar da vida de um operário da construção e da opressão capitalista do trabalho alienado e, portanto, do trabalhador insatisfeito. Em Cotidiano, diz “meio dia só penso em dizer não, depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão”. É o social com individual, da luta incessante de um povo para ter sua vida respeitada.

Chico nunca cedeu a facilidades. Brigou com os militares quando utilizaram A Banda num comercial para o serviço militar, rompeu com a Globo pela prática de censura que tomou conta da emissora. “Não concordo com o monopólio, com o tipo de censura que a Globo andou fazendo”, disse. Anos depois também afirmaria que “o fato de a Globo ser tão poderosa, isso sim eu acho nocivo”.

Com uma visão muito crítica disse que jornalistas têm certo poder e ele não está “para agradar poderosos”. Temática que sempre norteou sua obra. Ia a Cuba frequentemente com diversos artistas participar de festivais, quando Cuba e os cubanos eram proibidos no Brasil.

Há pouco tempo, o compositor carioca criticou a política econômica de FHC e o “príncipe” da sociologia, avesso à críticas contrárias, o chamou de “repetitivo”, justamente pelas conhecidas posições políticas de Chico em apoio ao ex-presidente Lula. Na eleição da presidente Dilma, o ano passado, Chico havia dito que votaria nela por ser a candidata do Lula; no embate do segundo turno voltou à cena afirmando que com o governo Lula “o Brasil é um país que é ouvido em toda parte porque fala de igual pra igual com todos. Não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai.”

No fim do da ditadura compôs Vai Passar, um verdadeiro hino à liberdade e ao Brasil. Mas sempre com sua lucidez peculiar cantou uma “alegria fugaz, uma ofegante epidemia que se chamava carnaval”, com a clareza de que ainda há muito que fazer para chegarmos ao Brasil que tanto desejamos.

Não cedeu a modismos, fez o trabalho como acreditou que devia ser feito. Mesmo suas obras feitas para momentos específicos nunca perdem a atualidade, como Apesar de Você, que narrava a ditadura, mas também que pode ser o neoliberalismo com suas teses antinacionais.

Também enfrentou problemas com algumas músicas. A sua música em parceria com o teatrólogo Augusto Boal, Mulheres de Atenas, foi criticada por setores feministas, quando o pretendido era justamente o contrário, era atacar a repressão sexual e a opressão machista. Mais grave ainda ocorreu com Geni e o Zepelim, quando as pessoas cantarolavam o refrão da música e jogavam areia em moças que praticavam topless nas praias, no Rio, num efeito totalmente adverso ao pretendido. Chico nunca mais cantou essa canção.

As críticas eram tantas que chegou um momento em que Chico parou de cantar e fazer shows, porque isso prejudicava a sua criação e por querer deixar suas músicas para serem interpretadas por “especialistas”, mas essa decisão não pôde durar muito, o público exigiu Chico Buarque interpretando suas canções. A pérola Meu Caro Amigo, em parceria com Francis Hime, foi feita para Boal no exílio e tornou-se um hino da resistência, assim como Apesar de Você e tantas outras. Esse choro inovador denunciava que “a coisa aqui tá preta”.

Música, teatro, literatura

Chico partiu de sua música, já muito censurada para o teatro na tentativa de dissuadir um pouco essa tenaz censura a si. Suas peças desde Roda Viva também foram confrontadas. Calabar, em parceira com o moçambicano Ruy Guerra, foi inteiramente proibida e inclusive diversas canções e capa do disco censurados após terem sido liberados. Escreveu também Gota D’Água, Ópera do Malandro, Os Saltimbancos.

A guerra Chico x censura se acentuava. O primeiro livro escrito em 1974, a novela Fazenda Modelo, uma metáfora do Brasil. Escreveu o livro infantil Chapeuzinho Amarelo (1979), a menina que tinha tanto medo, mas que foi superando até que a palavra lobo virou bolo, o bolo da vida e da superação. A dedicação à literatura ficou marcante a partir de Estorvo, publicado em 1991, aí vieram Benjamim (1995), Budapeste (2003) e Leite Derramado (2009). Isso mostra que a sua criatividade e inventividade nunca parou de crescer. Aliás, o próprio Chico afirma que com o avanço de tempo tem ficado cada vez mais exigente.

Chico Buarque representa a cultura do Brasil para todos, do Brasil para os brasileiros. E se o objetivo do artista, do escritor, do intelectual é atingir o infinito, ninguém mais do que Chico atingiu essa meta, como na canção Tempo e Artista, cujos versos afirmam que “num relance, o tempo alcança a glória e o artista o infinito.”

E mesmo antes de John Lennon afirmar com razão que “a mulher é o negro do mundo”, Chico já cantava a alma feminina como ninguém. "Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva. Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção", disse Ruy Guerra sobre o amigo Chico.

Recentemente ele disse gostar de rap, "o tipo de música que uma vez foi feita, por mim e por outros, com uma temática social, eles fazem isso melhor, porque vêm de lá. Eles falam para sua gente, vêm das favelas e são ouvidos por todos os tipos de pessoas. Eles têm algo a dizer, muito sério." Esse é o Chico das ruas, do carnaval, do samba, da valsa, do choro, da vida, do povo brasileiro. Como disse o cubano Pablo Milanés no programa “Chico & Caetano” (Globo) “Chico Buarque não é de Itália é de Hollanda, mas é do Brasil”.

Pela sua arte e por sua trajetória parabéns Francisco Buarque de Hollanda pelo seu 67º aniversário e obrigado por ser o nosso Chico Buarque.