Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

30/10/2012

Em defesa da CLT


Ubiraci Dantas de Oliveira - presidente da CGTB
Repórter Sindical

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estabelecida por Getúlio há 69 anos nos marcos da Revolução, tem sido a garantia dos direitos dos trabalhadores. Com ela, as relações do trabalho saíram da idade da pedra para entrar na modernidade, sendo decisiva para que o Brasil se transformasse de uma grande fazenda agroexportadora em um País industrial. Sua instituição, portanto, é parte inseparável da luta do povo brasileiro pela independência nacional.

Por isso, de tempos em tempos, os monopólios transnacionais lançam seus ataque à CLT, para reduzir ou até mesmo eliminar direitos dos trabalhadores, sob o eufemismo de "flexibilização". No governo tucano, chegou a ser aprovado na Câmara o projeto de lei nº 5.483/01, que alterava o art. 618 da CLT, para que "acordos" prevalecessem sobre a legislação, o que abriria espaço para a redução de salários, aumento da jornada de trabalho e assalto a diretos como férias, 13º salário, descanso semanal remunerado, adicional noturno, licença-maternidade, entre outros. No primeiro ano de seu mandato, o presidente Lula retirou o projeto do Senado, onde se encontrava em tramitação.

Hoje, a nova investida contra a CLT vem travestida sob o nome de Acordo Coletivo Especial, idealizado e formatado na Alemanha, mais precisamente pelo DRH da Volkswagen. Consiste em suspender as normas da CLT onde houver "acordos" nos locais de trabalho. Pretensamente para melhorar a competitividade, aumentar a produção e criar novos empregos e o Brasil crescer. Nada mais falso. Não são os direitos dos trabalhadores que diminuem a competitividade da indústria nacional. Pelo contrário, foram fundamentais para o fortalecimento do mercado interno, contribuindo para que o Brasil tivesse um crescimento médio anual de 7% até 1980. O que trava a competitividade e o crescimento são os juros altos, o câmbio sobrevalorizado, a desnacionalização e, consequentemente, a desindustrialização da nossa economia.

O "Projeto Volks" vai abrir espaço para a redução de dias de férias (20, 10 ou 5 dias), institucionalização do banco de horas, para que o salário seja pago não até o 5º dia útil, mas até o 10º ou 20º, entre outros cortes de direitos, e manter os trabalhadores sob ameaça de demissão. Significará, enfim, aumento de lucros e redução de salários, é o que pretendem os monopólios para aumentar as remessas de lucros, pois foi o que fizeram na Europa e nos EUA, que só agravou a crise.

O que os trabalhadores brasileiros têm a ganhar copiando um projeto alemão que foi redigido para instituir um brutal arrocho salarial, com a "flexibilização" das leis trabalhistas em 2002, que se constituiu, inclusive, na base da crise em que está mergulhada a Alemanha? O que pode servir de exemplo ao Brasil as leis trabalhistas de um país que sequer possui salário mínimo?

É a CLT que protege os trabalhadores da ganância das multinacionais. É a nossa legislação que garante que não ocorra aqui o que acontece em outros países.
Além de piorar a legislação, "flexibilizar" iria estimular as pressões e chantagens das multinacionais e demais setores do patronato sobre os trabalhadores, no momento em que as multinacionais avançam sobre a nossa economia, inclusive em setores estratégicos.

Não somos contra melhorar a legislação, seja qual for, desde que seja para ampliar os direitos dos trabalhadores e não o contrário.

A nossa luta atual é para que o País volte a crescer, rumo à independência nacional, caminho iniciado por Getúlio e retomado pelo companheiro Lula. Para isso é preciso fortalecer o mercado interno, com mais emprego e aumento real de salários; continuidade da redução da taxa de juros; implantar uma política industrial, baseada no financiamento do BNDES às empresas genuinamente nacionais e o governo dando-lhes preferências em suas encomendas; fim dos leilões de petróleo, do fator previdenciário e da terceirização em atividade fim; e investimento estatal nos setores de tecnologia de ponta.

Zé Limeira, o poeta do absurdo

Blog da Boitempo

Por Mouzar Benedito

A primeira vez que ouvi falar de Zé Limeira foi quando fechávamos o número 1 do Versus, o jornal mais bonito (e certamente estava entre os de melhor qualidade) que a esquerda já teve, no Brasil.
Era final de 1975. O jornal foi lançado poucos dias depois do assassinato de Vladimir Herzog, o clima era tenso. Mas Versus foi lançado como “um jornal de ideias e cultura”. Assim mesmo algumas pessoas tiveram, se não medo, receio de que haveria repressão. Não houve.
Uma das matérias do número 1, de autoria de Mauro Barbosa de Almeida, revelava para muitos de nós um poeta inédito, irreverente, gozador e cativante.
Era um negro analfabeto nascido no final do século XIX, em Teixeira (Paraíba), que morreu em 1955. O também poeta Orlando Tejo foi o grande responsável pelo registro da poesia de Zé Limeira, cantador bom de viola, voz potente, que deixava perdidos os que ousavam desafiá-lo, soltando palavras que não existiam em nenhum dicionário, mas que o povo achava bonitas e aplaudia. Mas não eram só palavras inexistentes que ele usava, eram situações inexistentes também, juntando personalidades e fatos célebres que se passaram em séculos muito diferentes. Jesus Cristo, Getúlio Vargas, Napoleão Bonaparte, Tomé de Souza e outros vultos históricos aparecem às vezes convivendo nos mesmos versos, às vezes em situações absurdas, como Jesus Cristo “sentando praça na polícia”.
Orlando Tejo conheceu Zé Limeira e o ouviu pela primeira vez em 1940. Registrou seus versos e publicou o livro “Zé Limeira, poeta do absurdo”, cuja última edição, se não me engano, é do ano 2000. É possível encontrar esse livro em sebos, e quem tiver oportunidade não deve perder: adquira que vale a pena. Aliás, uma lembrança: muita gente acha que Zé Limeira não existiu, que é uma lenda criada por Orlando Tejo, pois não existem fotos dele.
Bom, eu que sempre apreciei cantadores de feira nordestinos, os cordéis, depois que li Zé Limeira, passei a achar todos eles secundários. O negro analfabeto paraibano não tem quem o iguale! Querem uma amostra dos versos dele? Lá vai.
A virgem Maria estava
Brigando com São José:
Você vendeu a jumenta
Me deixou andando a pé
Desta maneira eu termino
Voltando pra Nazaré!
 
Nisso gritou São José
Maria, deixa de asneira!
Vou comprar outra jumenta
Do jeitinho da primeira,
Quando ouviram uma zuada
No descer duma ladeira
 
Era um caminhão de feira
Que vinha da Galileia.
São José disse eu vou ver
Se tem canto na boleia
Que possa levar nós três
Até perto da Judeia!
 
São José deu com a mão,
O motorista parou.
Tem três canto pra nós três?
Jesus foi quem perguntou.
Disse o motorista tem,
Jesus respondeu eu vou!
 
E foram subindo os três.
Disse o motorista: para!
A gasolina subiu
A passagem é muito cara.
Vocês estarão pensando
Que meu carro é pau-de-arara?
 
São José puxou da faca
Pra furar os pneus.
Jesus já muito amarelo
Disse assim quando desceu:
Valha-me Nossa Senhora,
Que diabo fizemos eu?!
Vultos históricos
Getúlio foi home bom,
Fazia carnificina.
Gostava de comer fava
Misturada com resina
Sofreu mas ainda foi
Delegado de Campina
 
Pedro Álvares Cabral,
Invento do telefone,
Começou a tocá trombone
Na volta de Zé Leal
Mas como tocava mal
Arranjou dois instrumento
Daí chegou um sargento
Querendo enrabar os três.
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento.
 
Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e ao mundo,
O poeta Zé Raimundo
Começou a castrar jumento.
Teve um dia um pensamento:
Aquilo tudo é boato
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento.
Filosomia, pilogamia…
A santa filosomia
Descreve os peixes do mar
As sereia do sertão
Mula preta e mangangá
Muié de saia rendada
Moça branca misturada
Carro de boi Jatobá.
 
Tudo que eu dixé agora,
Vocês note no caderno:
A feme o pato é pata,
O macho de perna é perno.
Seu Heleno me arresponda
Qual é o macho de onda,
Qual é a feme de inverno!
 
Um dia o Rei Salamão
Dormiu de noite e de dia.
Convidou Napoleão
Pra cantá pilogamia.
Viva a Princesa Isabé,
Que já moro em Supé
No tempo da monarquia.
Tomé de Souza
Quando Tomé de Souza
Era governador da Bahia,
Casou-se e no mesmo dia
Passou a pica na esposa.
Ele fez que nem raposa,
Comeu a frente e atrás,
Chegou na beira do cais
Aonde o navio trafega,
Comeu o Padre Nóbrega,
Os tempos não voltam mais!

Um balanço das eleições municipais (Blog do Emir)


As eleições municipais foram sobredeterminadas pelas eleições de São Paulo. Em primeiro lugar porque é o centro dos dois partidos mais importantes do Brasil nas últimas duas décadas. Em segundo, pelo peso que a cidade tem no conjunto do país – pelo seu peso econômico, por ser sede de dois dos 3 maiores jornais da velha mídia. Esse caráter emblemático foi reforçado porque o candidato opositor ao governo federal foi o mesmo candidato à presidência derrotado há dos anos, enquanto o candidato do bloco do governo federal foi indicado pelo Lula, que se empenhou prioritariamente na sua eleição. E pelo fato de que São Paulo era o epicentro do bloco da direita, que se estendia ao Paraná, Santa Catarina e aos estados do roteiro da soja, no centro oeste do Brasil

As eleições municipais tiveram claros vencedores e derrotados. O maior vencedor foi o governo federal, que ampliou o numero de prefeituras conquistadas pelos partidos que o apoiam, mas principalmente conquistou cidades importantes como São Paulo e Curitiba, arrebatadas ao eixo central da oposição. Ao mesmo tempo que a oposição seguiu sua tendência a se enfraquecer a cada eleição, ao longo de toda a ultima década, perdendo desta vez especialmente a capital paulista, mas também a paranaense e em toda a região Sul, Sudeste e Centro Oeste, em que os tucanos não conseguiram eleger nenhum prefeito nas capitais.

No plano nacional, avança claramente a base aliada, com dois dos seus partidos fortalecendo-se: PT e PSB e enfraquecendo-se relativamente o PMDB. Houve uma certa fragmentação no interior da base aliada e mesmo no bloco opositor, mas nada que mude a tendência, que se consolida ao longo da década, da hegemonia do bloco governamental, apontando a que nas eleições de 2014 Dilma apareça como a franca favorita,

A eleição de São Paulo se dá na contramão da tendência que se havia consolidado nas eleições presidenciais de 2006 e 2010, em que o Nordeste, de bastião da direita, se havia tornado bastião da esquerda, pelo voto popular dos maiores beneficiários das politicas sociais que caracterizam o governo federal desde 2003. Por outro lado, se havia deslocado o bastião da direita para os estados mais ricos do sul, do sudeste e do centro-oeste, com São Paulo – onde os tucanos tinham a prefeitura e o governo do Estado – como eixo fundamental desse bloco opositor.

A derrota em São Paulo, a nova derrota do seu ex-candidato duas vezes à presidência e a incapacidade de eleger sequer um prefeito em toda essa região, demonstra como a direita se enfraquece também onde concentrava seu maior apoio.

Por outro lado, somando erros do PT e campanhas com forte apoio de governos estaduais que detem, aliados do governo derrotaram o PT em várias cidades importantes entre elas Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza, como as mais significativas. Somente em um caso – Salvador – essa derrota se deu para a direita. Revela erros – em alguns casos gravíssimos do PT, como Salvador e Recife – do PT e limitações da ação de Lula e de Dilma para compensar esses erros. Um grande chamado de atenção sobre fraquezas do PT, sem que afete em nada a projeção eleitoral presidencial para 2014.

A derrota em São Paulo é um golpe duro para os tucanos, que sempre contavam com um caudal grande de votos paulistas para ter chances de compensar os votos do nordeste dos candidatos do PT e agora se veem enfraquecidos em toda a região onde antes triunfavam. Eventuais candidatos presidenciais como Aécio – quase obrigado a se candidatar, embora com chances muito pequenas de um protagonismo importantes, quanto mais ainda de vencer – ou Eduardo Campos – sem possibilidades de se projetar como líder nacional foram dos marcos do bloco do governo, que já tem Dilma como candidata para 2014 -, são objeto de especulações jornalísticas, à falta de outro tema, mas tem reduzidas possibilidades eleitorais.

O julgamento do processo no STF contra o PT foi um dos temas centrais de Serra e revelou sua escassa influência eleitoral diante da imensidade dos problemas das cidades brasileiras e do interesse restrito da população, apesar da velha mídia tentar fazer dele o tema central do Brasil. Nas urnas, o povo demonstrou que sua transcendência é muito restrita a setores opositores e à opinião publica fabricada pelos setores monopolistas da velha mídia. Os implicados no julgamento ao basicamente dirigentes paulistas do PT, mas a eleição em São Paulo demonstrou como o julgamento e a influência da velha mídia continuam a ser decrescentes.

Outros temas podem ser analisados a partir do resultado eleitoral, mas eles não alteram em nada fundamental o transcurso da politica brasileira, que segue centrada em torno da resistência do governo aos efeitos recessivos da crise capitalista internacional, para elevar os índices de crescimento da economica e seguir expandindo as políticas sociais.

Biblioteca digital ao alcance de todos (Carlos Pompe)

Portal Vermelho

Especialistas no assunto afirmam que há seis propósitos fundamentais que levam uma pessoa a ler: compreender uma determinada mensagem, encontrar detalhes importantes, responder a uma pergunta específica, avaliar o que está lendo, aplicar o que está lendo, simplesmente divertir-se.



Ron Fry, em Como estudar, cita três tipos de leitura: de referência rápida, para buscar informações específicas; crítica, para discernir ideias e conceitos que requerem uma análise aprofundada; estética ou de lazer, por puro entretenimento ou apreciação do estilo e habilidade de um autor.

Gabriel Zaid lembra, em Livros demais! Sobre ler, escrever e publicar, que os livros copiados à mão em pergaminhos eram um luxo só acessível à aristocracia. A partir do surgimento do livro impresso em papel, os custos reduziram e foi possível a produção de muitos exemplares de um mesmo título. Depois, vieram os livros de bolso, baixando ainda mais o preço. Agora, com a reprodução e a distribuição eletrônicas de textos, mesmo com todas as suas limitações, “diminuem ainda mais o custo da diversidade, que continua a florescer". 

Atualmente, é difícil que uma pessoa que goste de ler livros, no Brasil, não tenha acesso à internet, em casa, no trabalho, na escola ou espaços públicos. Porém, ainda pouca gente utiliza-a para formar uma biblioteca. Milhões de livros estão disponibilizados, muitos gratuitamente, à espera de leitores.

O scribd.com, por exemplo, tem mais de 1 milhão de livros, revistas, fotos e imagens para baixar. Só precisa se inscrever (de graça) no alto da página, podendo ser usado um apelido. Quem tem facebook está automaticamente inscrito. Quando o visitante for baixar algo pela primeira vez, o site vai pedir um upload (carregar, pôr algo no site, um artigo, ou livro, ou uma foto qualquer – neste endereço (http://www.senado.gov.br/publicacoes/revistaSENATUS/asp/Apresentacao.asp) pode ser baixado um exemplar da revista Senatus, que é de domínio público, e ser doada ao scribid.com). Tem um botão azul acima, à direita da página - PUBLICAR. Quando terminar, o site dá a opção de baixar qualquer quantidade de arquivos por 24 horas. Quando o usuário tiver postado mais material (uns 6 ou 10 arquivos), o site deixa de pedir novo upload e fica liberado para baixar qualquer material. 

O site mostra as imagens do material a ser baixado, como se o usuário folheasse o livro no seu computador ou Ipad. Clicando no botão laranja escrito download, abrir-se-á uma janelinha com um botão azul escrito Descarregar, que deverá ser clicado. Ao clicar no nome de quem postou determinada obra, sai uma lista de tudo que ele disponibilizou. Existem pastas que tem mais de 500 livros. 

Há também pastas com livros sobre as mais diversas artes, inclusive partituras e songbooks editados por Almir Chediak. Como diz o professor Miguel Trujillo Filho, “só sendo mais cultos que os exploradores, poderemos vencê-los. Conhecimento é para ser compartilhado com todos”. Faça a sua biblioteca digital, boa leitura e compartilhe.


SP, a menina do futuro e a queda do muro da injustiça

Por Eduardo Maretti, Rede Brasil Atual

As pesquisas de intenção de voto da véspera indicavam a vitória de Fernando Haddad, do PT, o partido do “mensalão”, combatido durante todo o processo eleitoral pela mídia tradicional, pelas famílias que controlam os maiores jornais e pela oligarquia que não se conforma em perder o poder para um oponente que se propõe a unir a cidade e trabalhar contra a gigantesca contradição de ser a mais rica do país e, no entanto, ostentar índices de concentração de renda e de pobreza absurdos.


A violência física perpetrada incessantemente contra as favelas e moradores de rua se tornou regra. Mas talvez um dos maiores emblemas da intolerância, insensibilidade e violência do governo municipal que ora se extingue foi o fechamento do bar do Binho, no Campo Limpo, no sudoeste da cidade. Havia oito anos esse poeta da periferia reunia amigos, escritores e moradores no seu estabelecimento, nesse bairro periférico da imensa, árida e cosmopolita capital de São Paulo, para falar de poesia, para prosear e beber a santa cervejinha. E o prefeito Gilberto Kassab (PSD), apegado a questões burocráticas, a conceitos próprios sobre como deve ser organizada a cidade, fechou o bar do Binho.

No domingo (28), “dia da libertação da cidade”, nas palavras do então candidato Fernando Haddad num evento realizado na Casa de Portugal com artistas, intelectuais e professores na semana passada, era praticamente impossível ver adesivos do candidato, que representava a continuidade da situação cinzenta e triste vivida pela São Paulo da Semana de Arte Moderna, da vanguarda e da inovação. Nos carros, nas ruas, nas portas das casas, de estabelecimentos comerciais, o que se via eram bandeiras e adesivos vermelhos. As pessoas que ostentavam essas bandeiras estavam alegres, pareciam de fato acreditar que suas vozes finalmente seriam ouvidas.

Até no hotel onde jornalistas e a cúpula do Partido dos Trabalhadores acompanhavam a apuração da eleição – ambiente naturalmente investido do “espírito da imparcialidade” e circunspecção próprias ao jornalismo –, os semblantes eram reveladores. Embora a maioria ostentasse esse ar de neutralidade séria e circunspecta, havia quem demonstrasse mau humor, de um lado, e uma felicidade incontida, de outro. Entre os primeiros, reclamações da desorganização e impropérios: “Vai voltar tudo, o que você podia esperar? Isso é o PT”, esbravejou um fotógrafo. Outro, técnico de uma emissora de TV, foi além, desferindo um palavrão para manifestar seu ódio.

Quando Haddad proferiu seu discurso da vitória, num ambiente que misturava festa, pois havia muitos militantes, e a necessidade de ser jornalista, de dar notícia, viam-se repórteres se acotovelando e procurando fazer o melhor possível. Principalmente entre mulheres, um indisfarçado sorriso de alegria se insinuava em alguns momentos do discurso do prefeito eleito. Sorrisos que eram logo abafados (pois o jornalista tem de ser imparcial, nos dizem os manuais) para voltarem depois. Os sorrisos insistiam em se mostrar.

Na avenida Paulista, na festa da vitória, o discurso de Haddad começou ao mesmo tempo em que a chuva. Pessoas de todas as cores, idades e preferências sexuais dançavam e cantavam sob a chuva inclemente. Um homem pobre, de origem nordestina, visivelmente embriagado, dizia: “Viva Lula, viva Haddad!” Um vendedor ambulante, sorrindo, passou cantando um jingle da campanha petista: “Na minha casa todo mundo é 13...” Estavam felizes, sentiam-se libertados.

Comoveu mesmo uma menina de cerca de seis anos que, com sua mãe, nem ligava para a água que caía do céu. Empunhava uma bandeira vermelha com o número 13 que agitava sem parar, e dançava ao ritmo de um samba. E chovia. Essa cena para mim foi a mais simbólica de todas. Ela simbolizava a liberdade, o futuro e a poesia: a mãe não estava preocupada em reprimir a liberdade espontânea da criança por medo de uma gripe – afinal, o que seria uma gripe perto daquela felicidade? –; a menininha representava também o futuro em nome do qual 3.387.720 eleitores votaram pela mudança, contra o passado, contra a exclusão, contra o medo e a injustiça; e, afinal, o que era aquilo senão o símbolo da rica, imensa e poderosa cidade de São Paulo lavando sua alma, na figura daquela criança?

Expressões curiosas na língua portuguesa


JURAR DE PÉS JUNTOS: 
A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresia tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz. 

MOTORISTA BARBEIRO:
No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos etc., e por não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí, todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão "coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo a associação de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA: 
No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
 
DAR COM OS BURROS N'ÁGUA: 
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo. 

GUARDAR A SETE CHAVES:
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" para designar algo muito bem guardado.

OK: 
A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida para significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo "OK". 

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:
Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível. 

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu. 

PARA INGLÊS VER:
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo. 

RASGAR SEDA:
A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu na peça do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Nela, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se esfiapa". 

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER: 
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vincent de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. 

ANDA À TOA: 
Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.
 
QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO: 
Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, adulterou-se. Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos

DA PÁ VIRADA: 
A origem do ditado vem do instrumento, a pá. Quando a pá está virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada, como homem vagabundo, irresponsável, parasita. 

NHENHENHÉM:
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indígenas não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen". 

VAI TOMAR BANHO:
Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. O cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar banho". 

ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM: 
Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português... O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos, que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de D. Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, D. Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, D. Luís se explicou: "Nós somos brancos, cá nos entendemos". 

A DAR COM O PAU:
O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos escravos e os marinheiros jogavam sopa e angu para o estômago dos infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão. 

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA: 
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C. - 18 d.C), autor de célebres livros como "A arte de amar" e "Metamorfoses", que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: "A água mole cava a pedra dura". É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase para que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros.

27/10/2012

PROVA DE REDAÇÃO DA UFBA



NÃO SEI SE É PRA RIR OU PRA CHORAR.... É VERGONHOSO!

Vejam só o que alguns dos vestibulandos foram capazes de escrever na prova de redação da Universidade Federal da Bahia, tendo como o tema: 'A TV FORMA, INFORMA OU DEFORMA?'

A seleção foi feita pelo prof. José Roberto Mathias.
 
'A TV possui um grau elevadíssimo de informações que nos enriquece de uma maneira pobre, pois se tornamos uns viciados deste veículo de comunicação'(Deus!)

'A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação'.(Fantástica!)

'A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não...' (Ah bom, uma frase sobrenatural ) . 

'A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo intertida 
como também as vista' (Sem comentários ).
 
'A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com isso fabrica muitas cabeças'(Como é que pode ?).
 
'Sempre ou quase sempre a TV está mais perto denosco (?), fazendo com que o telespectador solte o seu lado obscuro' 
( esta é imbatível).
 
'A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral' (É praticamente 
uma tortura !). 
 
'A televisão é um meio de comunicação, audição e porque não dizer de locomoção' (Tudo a ver) 
 
'A TV é o oxigênio que forma nossas idéias' (Sem ela este indivíduo não pode viver).
 
'...por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de informar e deformar os homens'(Nunca tentei dirigir uma TV ).
 
'A TV ezerce (uaiii !!! ) poder, levando informações diárias e porque não dizer 
horárias' (Esse é humorista, além de tudo).
 
'E nós estamos nos diluindo a cada dia e não se pode dizer que a TV não tem nada a ver com isso' (Me explica isso? ).
 
'A televisão leva fatos a trilhares de pessoas' (É muita gente isso?).
 
'A TV acomoda aos tele inspectadores' (Socorro!!!).
 
'A informação fornecida pela TV é pacífica de falhas' (Vixe!).
 
'A televisão pode ser definida como uma faca de trezgumes. Ela tanto pode formar, como informar, como deformar' 
(onde essa criatura arrumou esta faca???).