Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

31/08/2012

Eduardo Galeano regresa a su hogar (Julián Pérez Porto)


La preocupación por el estado de salud del uruguayo Eduardo Galeanocomienza a ceder a medida que trascienden las noticias favorables sobre su condición. Las últimas novedades indican que el autor de “Las venas abiertas de América Latina” ha recibido el alta médica y ya descansa en su casa.
Eduardo GaleanoEl escritor de 71 años de edad ingresó al Hospital Británico de Montevideopara someterse a un “chequeo de rutina”, según informaron la familia y las autoridades del centro de salud. La permanencia de Galeano en el recinto se extendió seis días, lo que generó diversas especulaciones e incertidumbre entre sus lectores.
Los responsables del hospital ratificaron que el escritor estuvo internado para someterse a “estudios de rutina” y permaneció “estable” todo el tiempo, recoge Ansa Latina. A pedido del propio Galeano, no brindaron mayores detalles al respecto.
Cabe recordar que el escritor presentó su último libro hace casi cinco meses en la capital uruguaya. La obra, titulada “Los hijos de los días”, recopila 365 relatos breves (es decir, uno por día del año). En la presentación, Galeanoresaltó que “cada día nace una historia” ya que los propios seres humanos“estamos hechos de historias”, reproduce Terra.
El escritor comentó en alguna oportunidad que hablar sobre su salud es algo que le “aburre”. Por eso, no queda más que tomar los datos oficiales e informar que Galeano se encuentra en su hogar después de haberse sometido a estudios programados.
Todo indica que será cuestión de tiempo que el uruguayo vuelva a aparecer en público, ya sea personalmente o a través de sus textos. Sus habitualescolaboraciones con periódicos de todo el mundo pronto permitirán nuevamente contar con sus pareceres sobre el estado de la sociedad, algo que viene realizando desde hace muchos años y que le ha permitido disfrutar de un sinfín de reconocimientos.

30/08/2012

Atrás da porta (Marina Wajnsztejn)

O amor anda comedido. Parece uma coisa que todo mundo procura, em algum lugar do armário, mas tem vergonha de vestir no dia a dia. O amor parece algo que só os seus avós viveram e que talvez não tenha espaço para os dias de hoje. Os dias mais corridos e esbaforidos que a humanidade já viveu.

Mas será mesmo que é o dia a dia que não permite o amor?

Nessa tal geração de possibilidades perde-se a perspectiva do erro. Qualquer busca parece alcançável, uma espécie de “síndrome do Google”. Estamos cercados de acertos e de vontades substituídas. Não deu pra fazer o plano A? Plano B é melhor. E se plano B não funcionar, plano C está aí. E vamos pulando de galho em galho sem passar pelo processo do sofrer. Sentir a dor virou coisa do passado. Aquele mesmo passado dos seus avós.

Quantas vezes você realmente errou nos últimos anos? Quais foram esses erros? Ao menos foram úteis? Muita gente guarda o erro no armário, ao lado do amor. E essa dupla dinâmica fica lá, sobrevivendo, nos encarando dia a dia enquanto nos vestimos. Aí fechamos a porta do armário, saímos de casa e só resta ao amor e ao erro curtir o clima de naftalina. Isso sim é injustiça.

Da próxima vez que for se vestir, dê uma chance aos que estão atrás da porta. Pegue um punhadinho do amor e coloque no bolso direito. Depois pegue um punhadinho do erro e coloque no bolso esquerdo. Você vai ver que, durante o dia, como quem não quer nada, vai acabar colocando a mão no bolso.

Se a gente já fica feliz quando encontra dinheiro num bolso perdido, imagine encontrar o amor.

Maioria condena João Paulo, Pizzolato e grupo de Valério (Portal Vermelho)


A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou pela condenação do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) no julgamento da Ação Penal 470, conhecida como o processo do "mensalão".


Dos 11 ministros da Corte, oito – Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello – condenaram o réu pelos crimes de corrupção passiva e peculato (uso de cargo público para desvio de recursos). 

Assim como outros quatro ministros, Celso de Mello condenou Cunha por lavagem de dinheiro, mas o absolveu de uma segunda acusação de peculato – a única divergência com o voto do relator Joaquim Barbosa. Além de Mello, que considerou não haver prova para incriminar o réu, outros cinco ministros absolveram Cunha desta acusação, o que configura maioria.

Caso nenhum ministro mude seu voto até o final do julgamento, Cunha será condenado ao menos por corrupção passiva e uma acusação de peculato, mesmo que o ministro que ainda irá votar (Carlos Ayres Britto) decida absolvê-lo pelas acusações.

Celso de Mello votou ainda pela condenação dos publicitários Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz (ambos ex-sócios de Valério) por corrupção ativa sobre Cunha – os três já foram condenados pelos mesmos crimes pelos nove ministros que antecederam Mello. 

O ministro também condenou o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelos desvios no banco. Hoje, antes de Celso de Mello, votaram Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, que também condenaram Pizzolato e o grupo de Valério por desvios em contratos com o Banco do Brasil. Com os votos da última segunda-feira, os dez ministros que já votaram até hoje optaram por condenar os quatro réus.

O ministro Cezar Peluso se despediu nesta quarta-feira (29) do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) com um voto duro pela condenação de todos os réus envolvidos nas acusações de desvio de dinheiro que constam da Ação Penal 470, o chamado "mensalão". 

O primeiro a votar na sessão desta quarta-feira foi o ministro Cezar Peluso. Ele encaminhou a maior parte de suas considerações por escrito e destacou os pontos que considerou mais importantes. Contrariando especulações e pressões da mídia, ele não antecipou todo o voto e falou apenas sobre os itens já apreciados pelos demais ministros.

O ministro entendeu que o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e os publicitários Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz participaram de desvios na Câmara dos Deputados e devem ser condenados pelos crimes de corrupção e peculato. Para ele, “parece coisa evidentíssima” que as visitas e presentes não eram “cortesia ou elegância, mas um ato com interesse econômico bem estabelecido”.

Peluso também classificou como “inacreditável” a tese de que os R$ 50 mil sacados pela mulher de João Paulo foram usados para pagar pesquisas políticas quase dois anos antes das eleições de 2004. “Ainda que não tenha praticado nenhum ato de ofício, lícito ou ilícito, [João Paulo] não poderia, sem cometer crime de corrupção, ter aceitado esse dinheiro dos sócios da empresa”.

Peluso só não condenou João Paulo por um dos crimes de peculato – na contratação do jornalista Luís Costa Pinto – e pelo crime de lavagem de dinheiro. Segundo Peluso, o que o parlamentar fez “foi receber, às escondidas, o que não podia receber em público” e tudo está incluído no crime de corrupção.

Quanto às acusações de desvios no Banco do Brasil e no fundo Visanet, Peluso seguiu a maioria unânime formada até o momento e condenou todos os réus – o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e o grupo de Valério, por corrupção e peculato. Pizzolato também foi condenado pelo crime de lavagem de dinheiro. O ministro seguiu ainda a maioria unânime pela absolvição do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Luiz Gushiken.

Embora os ministros tenham definido que só vão definir o tamanho da pena de cada réu condenado no final do julgamento, Peluso adiantou suas opiniões nesse ponto. Somando todas as penas, ele estipulou seis anos de prisão para João Paulo Cunha em regime semiaberto. Em regime fechado, 16 anos de prisão para Marcos Valério, dez anos e oito meses de prisão para Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e oito anos e quatro meses de prisão para Henrique Pizzolato

29/08/2012

Aula Prática de Direito (Autor desconhecido)

Uma manhã, quando nosso novo professor de “Introdução ao Direito” entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:

- Como te chamas?

- Chamo-me Juan, senhor.

- Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o desagradável professor.

Juan ficou desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estávamos assustados e indignados porém ninguém falou nada.

- Agora sim! - e perguntou o professor - para que servem as leis?...

Seguíamos assustados porém, pouco a pouco, começamos a responder à sua pergunta:

- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.

- Não! - respondia o professor.

- Para cumpri-las.

- Não!

- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.

- Não!!

- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!

- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota.

- Até que enfim! É isso... para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?

Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira, porém, seguíamos respondendo:

- Para salvaguardar os direitos humanos...

- Bem, que mais? - perguntava o professor.

- Para diferençar o certo do errado... Para premiar a quem faz o bem...

- Ok, não está mal porém... respondam a esta pergunta: Agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?...

Todos ficamos calados, ninguém respondia.

- Quero uma resposta decidida e unânime!

- Não!! - respondemos todos a uma só voz.

- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?

- Sim!!!

- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las?

Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!

Vá buscar o Juan - disse, olhando-me fixamente.

Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.

28/08/2012

Cuando la métrica no tiene razón de ser (Téxil)





L
a métrica es uno de los elementos que acompañan a la poesía desde sus orígenes; muy necesaria si se desea entender la lírica de una época determinada, así como también para crear un poema que responda a los estándares de un determinado movimiento poético. 
Sin embargo, muchas veces se la sobrevalora al punto de darle una importancia mayor incluso que al resto de los elementos que forman un poema, lo que trae como consecuencia una construcción banal y vacía de belleza.
En este artículo expondré mi humilde opinión respecto a la importancia que considero debería darse a este elemento, necesario pero no imprescindible, y la forma en la que debe concebirse un poema.
El verso libre y la métrica
Se dice del español que es una lengua rítmica y que el verso es la forma natural en el que ésta se manifiesta; por eso en verdad no existe un verso absolutamente libre, porque los poetas se ven influenciados por esa eufonía que caracteriza su idioma.
Es posible que esto sea verdad, sin embargo para ser más claros estableceremos una diferencia entre verso regular y verso libre; teniendo como el primero aquellas construcciones en verso que respeten a raja tabla la métrica y rima de las estrofas, y en el segundo grupo, aquellos que secentren en la idea poética y se alejen a propósito de las bases de la metro.
La poesía existía antes que las palabras pudieran escribirse. Es más antigua que el propio idioma, pues se encuentra iluminando la vida de los seres humanos a través de la música en períodos anteriores a la Edad Media.
En sus orígenes, la métrica consistía en un recurso fundamental para la creación de una poesía pues para que ésta pudiera compartirse con otras personas era necesario memorizarla (todavía no se habían creado las imprentas); por esta razón, que los versos contaran con una determinada extensión y rima, era de suma utilidad.
Con el surgimiento del verso libre, donde estos elementos no participan o su protagonismo es aleatorio, se perdió esta posibilidad de aprender y repetir los poemas de memoria; porque el verso libre escapa a la memoria.
Cabe señalar que las cualidades que distinguen a un verso de un texto escrito en prosa son: ductilidad, elasticidad, maleabilidad y sonoridad; aquellos poemas que carecen de estos elementos no se consideran propiamente líricos, sino parte de un estilo que recibe el nombre de prosa fragmentada, presente en la poesía del siglo XX. Si bien los versos libres no se encuentran en su totalidad dentro de este estilo, se acercan más a él que a la poesía regular.
En este punto cabe señalar que cuando la métrica dejó de tener la importancia de colaborar con la memorización de los versos, pasó a un segundo plano; sin por eso desaparecer la poesía del mundo.
¿Para qué sirven la métrica y la rima?
Algunos poetas recomiendan tener un alto conocimiento de la métrica y la rima a la hora de componer versos, de manera que se pueda saber cuándo utilizarlas y cuando no. Y además porque es la mejor forma de acercarse a la poesía de otras épocas para conseguir captar la esencia de las palabras y el ritmo de la lírica. Pero ¿sabemos qué es la métrica y para qué sirve?
Según un texto escrito por David Coll la métrica es como un corsé de hierroque, al inicio del aprendizaje, impide que el poeta se exprese de forma armónica o espontánea; sin embargo, una vez que se supera ese período inicial, se convierte en una base fundamental para la escritura. De modo que es posible expresarse con completa armonía y libertad, sin ser esclavos de la métrica, pero pudiendo captar su importancia.
La principal utilidad de la rima es causar placer en el oído y en el alma del lector. La necesidad y la satisfacción que produce la simetría acústica, según Coll, cosa que puede probarse en la mayoría de los lectores, es todavía un misterio sin resolver.
¿Por qué ciertas repeticiones nos causan algo particular? ¿Por qué la belleza en una rima nos produce sensaciones físicas que no somos capaces de controlar y explicar? Este efecto de la repetición de las palabras en nuestro interior podría compararse con el provocado al escuchar el vaivén de las olas del mar.
Según Octavio Paz, en una poesía las palabras surgen del ritmo y entre la idea poética y éste hay una relación única; se necesitan de igual forma que la flor requiere del tallo para ser. El poeta expresa que el ritmo no debe tomarse como la suma del tiempo dividido en pequeñas porciones, porque es mucho más que eso; hace referencia a la herramienta con la que el poeta cuenta para encantar el lenguaje, y debe ser utilizado de forma artística y no matemática.
En un poema la sucesión de pausas y golpes representan la intención del poeta y el enfoque que desea dar a sus palabras. Por ende, el ritmo es el que da sentido a las palabras, generando una determinada expectación en los lectores.
¿Arte o matemática?
La métrica por tanto, si bien es un elemento casi indivisible de la poesía, no puede ser el que determine la consecución de los versos; porque al darle más importancia que al ritmo o incluso que a la idea poética, se construye un verso matemático. Quizás desde el punto de vista métrico sea perfecto, perocarecerá de significado y de belleza.
No creo que existan reglas preestablecidas que deban encausar nuestra poesía, porque toda obra de arte debe surgir de nuestro interior.
Es posible que conocer ciertos conceptos, como las nociones fundamentales de la métrica, la rima y el ritmo, pueda ayudarnos muchísimo a encontrar nuestro propio estilo poético; sin embargo, como en todas las áreas, es necesario liberarse, encontrar las palabras justas para decir las cosas escapando de todo prejuicio y forma. En pocas palabras: descubrir una manera auténtica de decir las cosas.
Para finalizar diré, por si no ha quedado expresado con claridad, que considero muy necesario acercarse a la teoría para comprender la poesía de las diferentes épocas y empaparse del significado que cada tipo de verso tuvo en sus orígenes, así como también para entender aquello que surge de nuestra alma y definirnos a nosotros mismos. Sin embargo, también creo queatarse a estos conceptos con antelación no nos llevará a crear una obra de arte, sino a agrupar palabras de la forma entendida como correcta, que se escapa rotundamente de las bases de la belleza poética y del arte en sí mismo.

27/08/2012

A lei acima de tudo


Amanhã, teremos tempo quente no Supremo, com relator e revisor do mensalão numa saia justa, o primeiro condenando e o segundo absolvendo os mesmos réus e pelos mesmos motivos. Os pareceres até agora apresentados parecem perfeitos - leis, decretos, parágrafos, incisos, páginas e páginas citadas -, só as conclusões são opostas. Isso me faz lembrar Jonathan Swift, que citei em crônica da semana que encerrou.

Gulliver foi dar numa ilha estranha, habitada por liliputianos, pigmeus divididos em duas tribos que viviam uma guerra feroz, sanguinária. O rei de uma das tribos queria que o gigante (para eles) lutasse contra os seus inimigos. Gulliver quis saber o motivo da guerra. O rei explicou: "Nós todos comemos um ovo quente no café da manhã. Acontece que o meu povo corta os ovos pela parte de cima, a mais estreita; nossos inimigos cortam os ovos pela parte de baixo, a mais grossa. Uma afronta que dura 800 anos!".

O "gigante" perguntou: "Mas não há uma lei que estabeleça como os ovos devem ser cortados?".

O rei pareceu indignado: "Mas claro que há! Está no primeiro artigo de nossa Constituição!".

E informou, com real autoridade: "O artigo é claro. Há 800 anos ninguém ousou reformá-lo. Nele está escrito com todas as letras: 'Os ovos devem ser cortados de maneira certa!'".

Swift foi deão da catedral de Dublin. O livro "Viagens de Gulliver" marca um momento da língua inglesa e é considerado uma das dez maiores obras-primas da literatura universal. Machado de Assis o lia todos os anos e lhe herdou o estilo e a sátira.

Os ministros do STF são homens de "notável saber jurídico". Bem podiam, nas horas vagas, saber como as coisas se passavam numa terra de pigmeus, onde a lei estava acima de tudo.

.

Pedra Filosofal (António Gedeão)


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


26/08/2012

Neil Armstrong, 1° homem a pisar na lua, morre aos 82 anos


Correio do Brasil
O ex-astronauta norte-americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na lua, morreu aos 82 anos, informou sua família no sábado.
Neil Armstrong
Armstrong tinha passado por uma cirurgia no coração no começo deste mês para desobstruir artérias, apenas dois dias depois de seu aniversário em 5 de agosto
Armstrong tinha passado por uma cirurgia no coração no começo deste mês para desobstruir artérias, apenas dois dias depois de seu aniversário em 5 de agosto.
Como comandante da missão Apollo 11, Armstrong se tornou o primeiro ser humano a colocar o pé na lua em 20 de julho de 1969. Ao colocar o pé na lua, ele disse: “Esse é um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”.
Neil Alden Armstrong tinha 38 anos na ocasião. Mesmo tendo sido protagonista de um dos maiores feitos de toda a história da humanidade, ele não fazia festa por sua realização.
“Eu acho que todos devem ser reconhecidos pelo seu trabalho diário”, disse Armstrong em uma entrevista ao programa 60 minutes, da CBS, em 2005.
Uma vez ele foi indagado sobre como se sentia sabendo que suas pisadas provavelmente ficariam registradas na lua por milhares de anos. “Eu espero que alguém vá lá qualquer dia e apague elas”, respondeu Armstrong.
Vida reservada
James Hansen, autor da biografia de Armstrong, disse à CBS que Neil Armstrong nunca entendeu realmente porque as pessoas davam tanto destaque ao fato de ele ter sido o primeiro a pisar na lua.
A Apollo 11 foi a última missão espacial de Armstrong, que em seguida foi apontado para um serviço administrativo na agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa.
A vida profissional de Armstrong então tornou-se bastante reservada. Ele não teve um papel relevante na cerimônia que celebrou o 25o aniversário da chegada do homem à lua. “Ele é o recluso do recluso”, disse o ex-porta-voz da Nasa Dave Garrett.
Hansen disse que histórias de Armstrong sonhando com exploração do espaço quando garoto eram supostamente falsas, mesmo que ele tenha sido sempre dedicado à atividade aeroespacial. “Sua vida foi sobre voos. Sua vida era sobre pilotar”, disse o escritor.
Um ano após a missão Apollo 11, Armstrong deixou a Nasa para se tornar professor de engenharia na Universidade de Cincinnati.
O ex-astronauta vivia na área de Cincinnati com sua esposa, Carol.
- Estamos de coração partido ao compartilhar a notícia de que Neil Armstrong faleceu após complicações resultantes de procedimentos cardiovasculares – disse a família em comunicado. “Neil era nosso amado marido, pai, avô, irmão e amigo.”

Gordinho (Fabricio Carpinejar)






Eu fiquei gordinho.

Não sei como aconteceu. Mas eu fiquei com aquela barriguinha de cerveja - eu que não tomo cerveja!

Virei um magro barrigudo.

O homem não percebe quando engorda. É diferente da mulher que tem uma balança em seus olhos e controla seu corpo todo o dia.

O homem engorda e acredita que foi uma fatalidade, uma distração, inveja da ex.

É como um crime que cometeu e não se lembra.

Nenhum amigo avisa, a mãe nos elogia e assim nos engana, os filhos não sentem nenhuma diferença.

Eu não sei como engordei. Não sei como mudei de categoria e fui do peso galo para o peso pesado.

Vi meu corpo de lado no espelho. Havia um travesseiro na cintura. Havia uma pochete na cintura.

Não dava mais para encolher o excedente durante as fotos. Fingir que não era comigo.

Não me levei a sério, vivia me adiando: logo emagreço de novo.

Pensava que era inchaço, dor de barriga, cólica. Mas não perdi uma grama sequer, apenas acumulava peso.

Já usava a barriga como escrivaninha para escrever, já usava a barriga como apoio para carregar objetos, já brincava de gangorra no sexo, já fazia gol de barriga.

A barriga passou a ter a relevância de um braço, o prestígio de uma perna.

Posso encontrar culpados: é que parei de fumar, é a crise dos 40 anos, é ausência de exercício físico.

Mas a verdade é que comi absurdos nos últimos meses, exagerei no almoço e na janta e nos doces fora de hora. Engravidei quindins.

É barra, é triste. Quando o homem descobre que engordou é tarde demais. Já se distanciou dez quilos do seu peso original.

Agora só com lipoaspiração ou fossa de amor.


Menina eternizada por Sebastião Salgado ainda luta por terra


Correio do Brasil
Quando tinha cinco anos, Joceli Borges foi retratada por Sebastião Salgado ao lado dos pais, que peregrinavam pelo interior do Paraná em busca de um lote de terra. Passados 16 anos, a jovem continua sendo uma trabalhadora rural sem terra.
sem-terra
Joceli ainda luta pela terra
Seu rosto sujo de olhar provocativo virou capa de livro e ganhou espaço na mídia, em museus e em galerias do Brasil e do exterior.
Hoje, com 21 anos, ela vive com o marido e a filha em um acampamento do MST e diz ter dois sonhos: um lote e dois exemplares do livro que espalhou sua imagem mundo afora. “Um pra mim e outro pro meu pai.”
Luta pela terra
À época da foto, os sem-terra marchavam pelo país para lembrar o primeiro aniversário do massacre de Eldorado do Carajás (PA), que até hoje não foi devidamente investigado e ninguém foi punido.
Após o clique de Salgado, Joceli viu seus pais conquistarem a posse definitiva de um terreno. Era o fim de um drama: meses debaixo de barracos de lona, em um acampamento com alimentação escassa e sem água, saneamento e assistência médica.
Aos 17 anos, Joceli presenciou os disparos e, para se proteger, correu para o meio de um milharal. O alvo era um amigo de sua mãe, que sobreviveu mesmo atingido por dois tiros. Sua mãe, no entanto, foi atingida na cabeça e morreu.
A família cresceu, ela se casou, teve uma filha, e decidiu se mudar para um acampamento do MST. Hoje vive com o marido, Adair, e a filha, Joslaine, em acampamento a 15 km do centro de Quedas do Iguaçu.
No dia a dia, planta o que chama de “miudezas”: mandioca, batata doce, milho, feijão, melancia e verduras para vender na cidade.
Até conseguir a entrevista, a reportagem teve três encontros com Joceli. No primeiro, ela não quis falar. Disse que ainda estava abalada pela morte da mãe com um tiro na cabeça em um acampamento de sem-terra, em 2009.
“Não me lembro da foto”
“Não vi ele me fotografando. Parece que estou olhando para a foto, mas não lembro de ver alguém me fotografando. Nem minha família lembra o local exato onde foi. Fiquei sentida por sair toda desarrumada. Mas fico feliz pelo meu pai e minha mãe ter conquistado a sua terra.”
A imagem foi captada na margem da rodovia que liga Laranjeiras do Sul a Chopinzinho (oeste do Paraná).
Questionada sobre o que faria se encontrasse hoje com Sebastião Salgado, disse que “nem saberia o que falar. Quero é conquistar meu pedaço de terra. Acho que estudar não é mais importante para mim”. (Há alguns anos o instituto criado or Sebastião Salgado ofereceu oportunidade de estudo em São Paulo. Para não ficar longe da família, ela recusou).

Marx, numa hora destas?


por Emir Sader
No sábado passado, iniciou-se o III Curso Marx-Engels, promovido pela Boitempo, agora sediado no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Como sempre, em pouco tempo – menos de três horas, desta vez – as vagas se esgotaram . Havia dois auditórios cheios, cada um com umas trezentas pessoas, e mais de 1.500 chegaram a acessar a página do curso na internet.
Marx, numa hora destas?
Sim, exatamente porque o capitalismo repõe, reiteradamente, as análises de Marx como atuais. Depois de tratar de identificar capitalismo com progresso, dinamismo, eficácia e bem-estar, a mídia teve – desde a crise atual, iniciada em 2007 – de acoplar outra palavra a ele: crise.
E foi justamente Marx quem há muito tempo fez essa vinculação estrutural entre capitalismo e crise. Porque, mesmo em períodos de crescimento constante do capitalismo, ele se depara com soluços, com crises periódicas.
O próprio Marx tinha reconhecido, no Manifesto Comunista, a capacidade extraordinária do capitalismo para transformar as forças produtivas como nenhum outro sistema havia conseguido. Mas, ao mesmo tempo, destacava sua incapacidade para distribuir renda que pudesse absorver essa produção. O sistema vive periodicamente crises de desequilíbrio entre a produção e o consumo – crises de superprodução ou de subconsumo, o que dá no mesmo.
Ao mesmo tempo, o socialismo, antítese do capitalismo, é constantemente reatualizado como alternativa. Conforme o capitalismo concentra renda, exclui direitos, discrimina, multiplica a violência e a degradação ambiental, ele alimenta a necessidade do socialismo como uma alternativa humanista, solidária.
Em 2008, quando a Boitempo organizou o primeiro curso, a quantidade de gente foi tão grande que tivemos de mudar a abertura para um grande auditório do Anhembi. Eram cerca de mil pessoas, estudantes universitários e militantes, em sua maioria.
A imprensa compareceu em grande quantidade, sem nenhum interesse por Marx naquele momento, mas pelo tipo de gente que poderia se interessar por ele e se deslocar num sábado de manhã para ouvir uma exposição sobre A ideologia alemã. Encontraram jovens, muitos, interessados no marxismo, nas formas alternativas de interpretação da realidade.
O curso atual vai pelo mesmo caminho e seguirá aos sábados, de manha e à tarde, com transmissão pela internet.

Não se come uma mulher (Fabrício Carpinejar)


Já ouvi muito que sexo não é seguir a cabeça e deixar as coisas acontecerem. Sexo seria não pensar. Não concordo, sexo não é inconseqüência, é conseqüência da gentileza. Conseqüência de ouvir o sussurro, de ser educado com o sussurro e permanecer sussurrando. Perder o pudor, não perder o respeito. Perder a timidez, não perder o cuidado.

Sexo é pensar, como que não?

E fazer o corpo entender a pronúncia mais do que compreender a palavra. Como se não houvesse outra chance de ser feliz. Não a derradeira chance, e sim a chance.

Uma mulher está sempre iniciando o seu corpo. Cada noite é um outro início. Cada noite é um outro homem ainda que seja o mesmo. Não se transa com uma mulher pela repetição. Seu prazer não está aprendendo a ler. Seu prazer escreve -- e nem sempre num idioma conhecido.

Ela pode ficar excitada com uma frase. Não é colocando de repente a mão na coxa. Ela pode ficar excitada com uma música ou com uma expressão do rosto. Não é colocando a mão na sua blusa. Mulher é hesitação, é véspera, é apuro do ouvido.

Antever que aquelas costas evoluem nas mãos como um giz de cera. Reparar que a boca incha com os beijos, que o pescoço não tem linha divisória com os seios, que a cintura é uma escada em espiral.

É comum o homem, ao encontrar sua satisfação, recorrer a uma fórmula. Depois de sucesso na intimidade, acredita que toda mulher terá igual cartografia, igual trepidação. Se mordiscar os mamilos deu certo com uma, lá vai ele tentar de novo no futuro. Se brincou de chamá-la de puta, repete a fantasia interminavelmente. Assim o homem não vê a mulher, vê as mulheres e escurece a nudez junto do quarto.

Amar não é uma regra, e sim onde a regra se quebra.

Não se come uma mulher, ela é que se devora.

21/08/2012

Bastidores - Belo Monte, a consulta que não houve (Telma Monteiro)


Correio da Cidadania

A justiça mandou parar Belo Monte. A hora da verdade chegou. Para os que não acreditavam ser possível, o fato histórico aconteceu. É manchete nos principais jornais do mundo.

O projeto de Belo Monte foi proposto para operar à custa da redução da vazão de um trecho de aproximadamente 130 quilômetros chamado de Volta Grande do Xingu. Lá estão localizadas as Terras Indígenas Paquiçamba, Arara da Volta Grande e Trincheira Bacajá.  Cinco municípios seriam diretamente afetados: Vitória do Xingu, Altamira, Senador José Porfírio, Anapu e Brasil Novo.

Em 2005, o Decreto Legislativo 788/2005, do Congresso Nacional, autorizou a construção de Belo Monte. Postergou-se a consulta aos indígenas. Como disse, nesta semana, o Desembargador Souza Prudente, depois de mais um voto brilhante que parou Belo Monte: "a consulta não pode ser póstuma" [aos indígenas que sofrerão os impactos do empreendimento].

Os indígenas da TI Paquiçamba e da TI Arara da Volta Grande seriam as maiores vítimas dos impactos diretos, pois estão justamente no trecho da vazão reduzida. O decreto simplesmente ignorou a consulta prévia e a necessidade de estudos etnoecológicos dos indígenas.

No início de 2006, com o Decreto Legislativo 788/2005 na mão, inconstitucional, pois os indígenas não seriam ouvidos previamente, a Eletrobras pediu a abertura do processo de licenciamento no Ibama. Propôs seu próprio Termo de Referência – que seria atribuição do Ibama - para elaboração do EIA/RIMA.  A partir daí o projeto foi "vendido" às instituições envolvidas e o processo, então, teve início sem estudos e sem a oitiva dos indígenas.

Foi nesse momento, quando a Eletrobras deu início aos trâmites do licenciamento no Ibama, que o Ministério Público do Pará ajuizou a Ação Civil Pública (ACP) com pedido de liminar contra a Eletronorte e Ibama. Deviam paralisar os estudos de Belo Monte, uma vez que faltava a oitiva dos povos indígenas afetados pelo empreendimento.

A Constituição Federal estabelece no artigo 231, §3º, que "O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos em terras indígenas, só pode ser efetivado com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas". A Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Brasil, também estabelece a necessidde de consultas prévias aos indígenas.

Em 28 de março de 2006 o MPF obteve a liminar que suspendia o processo de licenciamento de Belo Monte. A vitória foi saboreada por pouco tempo. Em menos de 60 dias, em 16 de maio de 2006, caía a liminar. O processo de licenciamento teve luz verde para prosseguir.

Um dos pontos interessantes desse caso é que o Ibama jamais teve intenção de realizar a oitiva ou consulta às comunidades indígenas. Iria sim, promover as reuniões públicas para ouvir a comunidade com relação aos pontos a serem abordados no EIA/RIMA.  A oitiva também não caberia à Funai, como chegou a sugerir o Ibaman (1).

O processo de licenciamento prosseguiu. O desrespeito à Constituição Federal e à Convenção 169 da OIT foram flagrantes. Riscos de impactos às comunidades indígenas foram suplantados pela celeridade do processo de licenciamento.

Depois de seis anos, em 13 de agosto de 2012, a ação do MPF foi julgada pelo Tribunal da Regional Federal da 1ª Região, 5ª Turma. O MPF estava certo, a sociedade estava certa, os indígenas estavam certos, a justiça finalmente, através do volto do relator, Desembargador Souza Prudente, prevaleceu nessa etapa do processo. Por unanimidade, a decisão mandou parar as obras de Belo Monte até que os indígenas sejam ouvidos pelo Congresso Nacional.

Aparando arestas

No final de 2007, o Ibama convocou a Funai para discutir o Termo de Referência dos Estudos Etonoecológicos/Socioambientais indígenas e os procedimentos da oitiva à comunidades indígenas. A reunião aconteceu em janeiro de 2008. As empresas Engevix, Themag e Techne estavam presentes e deram o tom (2).

Na apresentação feita pelas empresas constava a consulta aos indígenas pelo Congresso Nacional como parte da proposta dos estudos Etnoecológicos dentro do EIA/RIMA. Mas a consulta seria só depois dos estudos.

O texto de um dos slides menciona " resistências"  ao novo projeto de Belo Monte por parte das comunidades indígenas, dos antropólogos e demais agentes atuantes junto aos indígenas. Foi mencionada uma "necessidade de esclarecer as informações negativas sobre o Empreendimento difundidas no meio indígena da região, que induzem à desconfiança sobre a transparência do processo".

Hilário. De qual transparência estariam falando?

A estratégia proposta foi, claramente, de aparar as arestas de desconfiança com "comunicação direta e formal às  Comunidades habitantes das Terras Indígenas objeto dos estudos: esclarecendo-as a respeito do novo projeto do AHE Belo Monte. As reuniões, por iniciativa dos próprios índios e da Funai". Estava "permitida" a presença de antropólogos e instituições, para dar "esclarecimentos" sobre o "novo" projeto.

Seria uma espécie de imposição e convencimento para viabilizar uma possível consulta futura protagonizada pelo Congresso Nacional.  Preparar o "caminho".

O penúltimo slide da apresentação sugere que os estudos antropológicos e o EIA/RIMA, depois de prontos e aprovados pelo Ibama e Funai, "serão encaminhados ao Congresso Nacional , que convocará a oitiva com as Comunidades Indígenas afetadas, consolidando os compromissos assumidos com elas" (3).

Apesar da repercussão da ACP do MPF, de 2006, a proposta dos interessados confirmou uma inversão da ordem e a violação da CF: depois das reuniões de "esclarecimento" aos indígenas, os estudos seriam aprovados pelas instituições envolvidas – Ibama e Funai. Por último, o Congresso Nacional. Se fosse necessário.

O  EIA/RIMA e a falta do Termo de Referência

Em 27 de janeiro de 2007 a empresa e.labore contratada para fazer EIA/RIMA de Belo Monte enviou uma correspondência ao Ibama apontando a impossibilidade de fazê-lo devido à falta do Termo de Referência.  Como o MPF já havia se manifestado em busca do Termo de Referência, que não existia, seria preciso mudar o "discurso estratégico". Que tal enrolar a opinião pública?

A empresa confirmou que já estaria envolvida na confecção dos estudos sem o Termo de Referência e ainda sugeriu à Diretoria do Ibama expedir um no "padrão-genérico".  Também pediu ao Ibama para "expedir documento oficial, solicitando que os responsáveis pelo projeto complementem o Termo de Referência padrão/genérico, alegando deficiência infra-estrutural e podendo aproveitar os estudos de inventário em consecução".

O MPF teve acesso a esse documento e ajuizou uma ACP, em 16 de abril de 2007, apontando a ilegalidade proposta e pedindo que o Ibama não continuasse o processo de licenciamento sem o Termo de Referência (2).

Mais irregularidades

Os estudos ambientais não estavam finalizados, em 2009, quando o Ibama questionou a falta de informações de alguns aspectos ambientais. Os reservatórios que manteriam permanentemente inundados áreas sazonais, como os igarapés de Altamira e Ambé e parte da área rural de Vitória do Xingu; a redução da vazão a jusante (rio abaixo) na Volta Grande; a interrupção do transporte fluvial das comunidades ribeirinhas. Nessa época estimava-se em 2.000 famílias a população  a ser remanejada em Altamira, 813 em Vitória do Xingu e 400 famílias ribeirinhas.

Notas:
(1) Informação N 12/2009 – COHID/CGENE/DILIC/IBAMA – Volume V, páginas 893 do processo de licenciamento.
(2) Volume IV, páginas 603 a 615 do processo de licenciamento.
(3) Volume IV, página 613, do processo de licenciamento.
(4) Ação Civil Pública Ambiental, com pedido de liminar, em face de Eletrobras- Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Volume III, páginas 483 a 506 do processo de licenciamento.