Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

15/11/2013

Dieese ressalta racismo brasileiro no mercado de trabalho


O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta quarta-feira (13) a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) com o tema Os Negros no Trabalho. Esse é o 13º ano consecutivo que o PED analisa questões referentes ao desenvolvimento do mundo do trabalho no país. “A dinâmica do mercado de trabalho expressa padrões vigentes das relações raciais que se apresentam na sociedade brasileira”, diz trecho da apresentação do estudo.

Na apresentação foi explicado que essa é uma pesquisa contínua, ou seja, feita todos os dias, pelas quais são entrevistadas cerca de 600 mil pessoas. Como este levantamento refere-se ao biênio 2011-2012, dá um total aproximado de 1,2 milhão de entrevistados, o que por si só apresenta a dimensão da situação dos cidadãos e cidadãs brasileiros no mercado de trabalho.

Os Negros no Trabalho (veja pesquisa completa aqui) derruba o mito de que essa parcela da população brasileira tem salário menor por possuir menos escolaridade. O estudo constatou justamente o contrário, pois quanto maior a escolaridade a diferença salarial entre negros e não negros cresce.

No período avaliado, comprovou-se que com o aumento dos anos de estudo, cresce o fosso salarial entre os brasileiros de cores diferentes. Na indústria de transformação a desigualdade de rendimento por hora entre negros e brancos era de 18,4% no ensino fundamental incompleto e 40,1% para as pessoas com ensino superior completo. Já no setor do comércio, os índices ficaram em 19,7% para os que não completaram o fundamental e 39,1% para aqueles com  diploma universitário. Na construção civil, onde a presença de negros é muito maior do que a de brancos, a diferença salarial registrada foi de 15,6% sem fundamental completo e 24,4% para quem já saiu da universidade.

Também comprovou-se que os trabalhadores negros têm menos escolaridade. Entre 2011 e 2012, 27,3% entre os negros ocupados não tinham ensino fundamental completo e somente 11,8% contavam com diploma universitário. Já na parcela dos não negros os índices eram 17,8% e 23,4% respectivamente. Outro dado fundamental refere-se à diferença salarial entre negros e brancos. Já entre a sete regiões metropolitanas pesquisadas, Salvador apresentou a maior disparidade. A capital baiana lidera o ranking onde os negros recebem 40,14% a menos do que os brancos, seguida por São Paulo (38,95%) e em último vem Fortaleza onde os negros ganham 24,34% a menos. No total da pesquisa, o negro brasileiro ganha salário 36,11% menor do que os brancos no país.

A pesquisa do Dieese ressalta a dissimulação do racismo brasileiro. Mesmo com a Abolição aos negros couberam os cargos de menor remuneração no mercado de trabalho, os ex-escravos foram jogados à própria sorte, abandonados pelo Estado. Essa realidade se reflete na pesquisa no sentido pelo qual, “a questão racial interfere par designar lugares para trabalhadores negros na estrutura produtiva, passíveis d serem traduzidos por situações de discriminação não determinadas pelos critérios objetivos da produção, que acarretam desvantagens aos afro-brasileiros”, concluem os responsáveis pelo levantamento.

A uma semana de se comemorar o Dia da Consciência Negra - quarta-feira que vem (20) -, os dados da pesquisa mostram o traço racista da sociedade brasileira - que vem desde o Brasil colônia -, onde os empresários contratam seus funcionários com base na aparência física, levando menos em conta a capacidade de trabalho apresentada pelo candidato. Com esse critério e com um padrão europeu de aparência, aos negros ficam os trabalhos de menor prestígio e de menos rendimentos. Esse estudo pode subsidiar os setores do movimento sindical interessados na luta pela igualdade de direitos para todos os brasileiros.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

10/08/2013

Dilma: 1º semestre foi melhor que uma gestão inteira de FHC


Dilma refutou argumentos de críticos de que uma conjuntura econômica mais favorável justificaria os resultados de seu governo. “Ah, vão dizer que a situação naquela época era diferente. Mas o ponto é exatamente esse. A situação naquela época era diferente. É diferente. Esse governo tem compromisso com o emprego, tem compromisso com a redução da inflação e tem compromisso com o bem-estar da população”, disse.

Dilma lembrou que FHC criou uma lei que impedia o governo federal de expandir a rede de escolas técnicas. “Nós tivemos que ir à Justiça derrubar essa proibição para poder investir em ensino técnico profissionalizante no Brasil”, lembrou. Desde que foi criado, em 2011, o Pronatec já formou quatro milhões de estudantes.

A presidenta também ressaltou que o mero crescimento do Produto Interno Bruto do país não representa o desenvolvimento do povo (segundo o IBGE, o PIB de 2012 cresceu 0,9% e 2,7% em 2011). “O sinônimo de crescimento não é uma medida econômica. Tem que crescer a qualidade de vida da população, tem que melhorar os serviços públicos para que haja também melhorias de vida, na renda, no emprego, na qualidade de trabalho de cada um dos brasileiros e brasileiras.”

Educação

Dilma disse ainda que uma das prioridades do governo federal é assegurar os investimentos para educação. Ela voltou a defender o uso dos recursos advindos do petróleo para aumentar a competitividade do país, por meio de profissionais mais bem qualificados.

“A capacitação profissional é fundamental para o Brasil. Nós precisamos ter uma ênfase na educação por todos os motivos. Hoje, eu vou falar da competitividade da economia brasileira. (…) Nós temos sempre de procurar aumentar, tanto a competitividade, mas sobretudo a produtividade da nossa economia. E a gente sabe que o profissional melhor formado (…) vai também produzir mais valor, ser capaz de ter um salário melhor e tudo isso vai contribuir para o crescimento do Brasil”, ressaltou.

A presidenta afirmou que seu governo teve grande empenho para ter qualidade de ensino profissional compatível com a necessidade do mercado de trabalho.

Antes da cerimônia, Dilma visitou as instalações do novo campus de Osório do IFRS.

Campus

A inauguração do campus de Osório, atende cerca de 400 alunos em cursos técnicos e superiores, faz parte da ação de expansão da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. A rede é composta por 38 institutos federais presentes em todos estados, com oferta de ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas e cursos de pós-graduação. No evento, ainda foi realizada a formatura de 430 alunos dos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Eleições 2014

Ao ser questionada se estava se preparando para a campanha eleitoral, a presidenta afirmou, em entrevista coletiva na Zona Sul de Porto Alegre, que ainda não tem motivos para fazer campanha e quer apenas governar.

"Eu estou defendendo aqui o meu governo. Eu não faço campanha, sabe por quê? Todo o resto é que tem de fazer campanha porque aqui é o meu lugar. Eu estou sentada neste lugar, eu estou exercendo o governo. Eu quero é governar. Estou preparadíssima para governar até o dia 31 de dezembro de 2014", afirmou.

Com agências e blog do Planalto

31/07/2013

Dia do Orgasmo: comemore o seu prazer todos os dias - 31/07

Você já ouviu falar muito sobre ele e tem até um dia para celebrar a data: o Dia do Orgasmo. Sim, é neste dia 31 de julho! Mas você tem algumas certezas e muitas dúvidas. Acha que nunca experimentou um orgasmo ou que jamais conseguirá? Ou chega ao ápice, mas num dia é uma delícia e no outro apenas uma sensação 'meia-boca'? Então, é claro, você pensa (erroneamente) que tem problemas e dos grandes!

Quantas indagações sobre um mesmo tema. Bem, essas dúvidas todas só provam uma coisa: o mecanismo capaz de levá-la ao superorgasmo está funcionando e muito bem! Mas que mecanismo é este?

Sua mente. Exatamente. Não é no aparelho genital que o orgasmo começa a ser 'arquitetado', mas na sua mente. Transe preocupada, ansiosa, tensa e o resultado será incapacidade em alcançá-lo. Transe relaxada e terá um belo orgasmo, ou um superorgasmo ou ainda vários, em série. Bom? Ótimo! A mulher que treina a musculatura genital, que dedica tempo ao autoconhecimento de seus mecanismos de prazer está a mais de meio caminho para a satisfação total na vida sexual. E se esta mulher entende que seu corpo reage a uma mente receptiva os resultados serão imbatíveis.

No momento em que começa o seu encontro amoroso, desligue imediatamente o contato com todo o resto.

Não pense em nada que não seja o que está sentindo, qual a posição que a deixa mais relaxada e acompanhe de pertinho as sensações, mas sem intervir mentalmente. Apenas sinta. Isso é aprendizado.

Ninguém consegue de uma hora para outra. Sim, pensamentos indesejados chegarão e tentarão se instalar, mas sacuda ligeiramente a cabeça, movimente-se, crave os dentes (de levinho) naquele saboroso corpo que está bem perto do seu e dedique-se a beijá-lo ainda mais. Esses são mecanismos para expulsar os pensamentos intrusos.

Outra coisa: todas as pessoas fantasiam no sexo. E fantasiar não é ruim ou forma de traição. Deixe livre sua mente para que as fantasias apimentem ainda mais este momento já tão gostoso. Sexo é bom. Não, na verdade é ótimo! É vida, pulsa e nos enche de vitalidade, mas para que realmente alcance o máximo é preciso que se conheça e se goste muito. Assim, começando em você, logo envolverá o parceiro e ambos poderão partilhar um encontro amoroso de verdade, forte, intenso e muito, muito prazeroso!
 
Você, mulher: importante mesmo é a relação, prazer é consequência. Não pense, não cobre e nem se cobre orgasmos. Lembre-se: a ansiedade irá agir exatamente como um bloqueio ao prazer. Apenas namore e curta cada minuto desse encontro maravilhoso. Entenda que haverá dias em que não alcançará o orgasmo, mas se isso acontecer é normal e não precisará se preocupar (nem julgar e condenar seu parceiro por isso).
 
Já você, homem: apenas os mentirosos nunca falharam. Nem todo dia seu corpo responderá 100%. Isso não quer dizer que você tem um problema, é um ejaculador precoce ou está impotente! Calma e muito carinho nessa hora. O amor a dois nunca deveria ser medido por desempenho sexual. Somos humanos e não reagimos como máquinas em produção em série.

E para ambos: exercícios pélvicos ampliam a capacidade orgástica e energética. Faça diariamente contrações. Existem exercícios tanto para mulheres como para homens. Em meu site vocês encontrarão informações completas sobre o treinamento e exercícios gratuitos para os dois. E, principalmente, façam tudo que estiver ao alcance para cultivarem o companheirismo.

Amantes maravilhosos são amigos inseparáveis que se conhecem profundamente. Não deixe a vergonha atrapalhar o mais importante sexo oral que conheço: falar do que se gosta! E, para provar que orgasmo não tem que ter um só dia, que tal uma maratona semanal para ampliar o orgasmo? Nada difícil. São apenas dicas que poderão 'aquecer' ainda mais o relacionamento! Um prazeroso Dia do Orgasmo para todos!

Porto de Quetzal: assassinato sob encomenda para privatização

 Leonardo Wexell Severo – ComunicaSul

Guatemala - Em Puerto Quetzal, no litoral Pacífico, tivemos contato com a luta – árdua e sangrenta - do movimento sindical da Guatemala contra o governo do presidente Otto Pérez Molina, reconhecido como “major Tito Árias”, ex-parceiro de armas do genocida Ríos Montt nos anos 80.

Localizada a 98 quilômetros da capital, a principal estrutura portuária guatemalteca envolve cerca de cinco mil trabalhadores e movimenta mais de metade das mercadorias que entram e saem do país maia. Devido à sua infraestrutura, localização e proximidade, tem papel relevante para a região, principalmente em relação às cargas em direção a Belize, El Salvador, Honduras e Nicarágua. A relevância estratégica do porto é facilmente explicada: os outros dois ficam no Atlântico, o de Cobigua, pertencente à multinacional bananeira estadunidense Chiquita Brands, e o de Santo Tomás de Castilla, estatal, mas que é somente pesqueiro.

O movimento comercial crescente na última década, entre 6% e 10% ao ano, tem movido as multinacionais a realizarem influentes e bem remuneradas “gestões” junto às autoridades pela privatização do Porto de Quetzal. Para potencializar os lucros, as empresas acionaram os aprendizes de Luciano Coutinho. O objetivo é que a desnacionalização seja feita com o maior aproveitamento de recursos públicos possível, travestindo o neoliberalismo da privatização em “usufruto” ou “concessão”. Retirados da cartilha do FMI, os apelos em prol da “modernização” e da “eficiência” de um “porto lento” em que “as filas prejudicam o país” são repetidos à exaustão, utilizando-se da mídia para identificar a defesa do patrimônio público nacional como “corporativismo” e a alienação da soberania como “progresso e desenvolvimento”.

Com a bússola virada para o Norte, seja Estados Unidos ou Europa, o governo tem respondido aos sucessivos protestos da população com bastante agilidade. A criminalização dos movimentos sociais mobiliza tropas do exército para proteger os interesses do capital estrangeiro nas bananeiras e mineradoras. O mesmo acontece agora na enorme parte do porto que acaba de ser repassada em “usufruto” por 25 anos. Para prorrogar este prazo por outro período igual, a empresa necessitará tão somente enviar uma “solicitação” com três meses de antecedência.

Sabotando a concorrência
Tamanha identidade com a nação (dos outros) fez com o governo disponibilizasse 348.341 metros quadrados de porto, com sua saída ao mar, à Empresa Terminal de Contêineres Quetzal (TCQ), companhia inscrita na Guatemala, mas cuja matriz – driblando a lei local - está na Espanha. Vale lembrar que tal “consórcio”, liderado pela subsidiária da Terminal de Contêineres de Barcelona (TCB), foi constituído em abril deste ano com ridículos cinco mil quetzales – o equivalente a US$ 680,00. Atualmente o porto gera anualmente ao Estado cerca de 100 milhões de quetzales, o que representa 20% dos ingressos brutos do Estado, aponta a Superintendência de Administração Tributária (SAT).

A fim de colocar uma pá de cal na concorrência, o lado privado sai na frente para converter-se em porto “hub”, ao qual chegam navios de longo percurso que descarregam suas mercadorias para serem redistribuídas em trajetos mais curtos. Com 15 metros de calado contra 11,5 metros do porto público, o privado ganhará em profundidade os metros que faltarão ao “concorrente”, com a anuência e sabotagem da atual administração para receber as maiores e mais lucrativas embarcações, denunciam os sindicatos.

Para que tamanho atropelo fosse consumado, muito sangue correu, gente morreu, foi perseguida e demitida. O assassinato de Júlio Peña, dirigente dos trabalhadores da estiva, em janeiro deste ano, e a onda de demissões de lideranças que se seguiu aos tiros que o abateram são expressões do fascismo ainda vigente. Da mesma forma que as ameaças aos que persistiram em estruturar uma entidade sindical de representação desta mão de obra nas empresas privadas integram a extensa jornada de resistência.

100 balas para Pedro Zamora
No dia 15 de janeiro de 2007, após inúmeras ameaças de morte, Pedro Zamora, então secretário geral do Sindicato de Trabalhadores da Empresa Portuária Quetzal (Stepq), teve seu carro alvejado por mais de cem disparos quando retornava para casa com os dois filhos. “Ele se jogou sobre as crianças para protegê-las, recebendo 17 balaços. O filho menor, de apenas três anos, foi baleado mas sobreviveu. Para ter certeza da conclusão do ‘serviço’, um dos matadores se aproximou do veículo e disparou no rosto de Pedro”, conta Arturo Granados, do Sindicato Unido dos Trabalhadores (Sutraporquet).

Na avaliação de Granados o alvo era claro: silenciar uma voz de combate à privatização do porto, que ecoava denunciando as demissões arbitrárias, “mobilizava contra os atropelos na negociação do Pacto Coletivo de Trabalho e toda e qualquer violação aos direitos dos trabalhadores”.

A atrocidade ganhou repercussão nacional e internacional, fazendo com que os entreguistas de turno recuassem do seu objetivo privatizante. No dia 12 de fevereiro daquele ano os nove trabalhadores do Stepq, demitidos ilegalmente pela empresa portuária, foram recontratados e reintegrados com os mesmos cargos e salários. De lá para cá, mais do que um símbolo de eficiência, Puerto Quetzal é sinônimo de resistência e unidade da classe trabalhadora não só da Guatemala, como de toda a América Central. A experiência reuniu as três entidades sindicais da empresa, que passaram a atuar conjuntamente, superando eventuais divergências.

Governo manchado de sangue
A unidade sindical também é um dos motores do Movimento Sindical e Popular Autônomo da Guatemala, que reúne a Confederação de Unidade Sindical (CUSG), a Central Geral de Trabalhadores (CGTG), a União Sindical de Trabalhadores (Unsitragua) e o Movimento de Trabalhadores Camponeses e Camponesas de San Marcos (MTC), que têm comandado as mobilizações contra o entreguismo do governo Pérez Molina.

“Não são só os sindicalistas as vítimas do uso e abuso da repressão, mas o conjunto dos movimentos sociais, os camponeses, os estudantes, todos os que se confrontam com o interesse da oligarquia que age em sintonia com o governo dos Estados Unidos”, alertou Júlio Coj, da direção da Unsitragua. A submissão aos “interesses econômicos e à geopolítica estadunidense” vem de longe, tendo se explicitado com a atuação ianque na deposição do governo nacionalista de Jacobo Árbenz, deposto por um golpe orquestrado pela CIA em 1954. Posteriormente, ganhou magnitude – e apoio israelense - na longa noite de terror entre 1960 e 1996, com pelo menos 250 mil mortos e desaparecidos, conforme levantamento da ONU.

Lázaro Reyes, atual secretário geral do Stepq, lembra que Pérez Molina tem sua trajetória e seu governo “manchados pela violência”. “Em Totonicapán em 4 de outubro do ano passado uma comunidade que protestava contra o aumento da energia elétrica teve oito manifestantes assassinados e dezenas de feridos pelo Exército”, recordou Lázaro, frisando que “não há conflito que esse governo resolva na mesa de negociação”. Pelo contrário, disse, “Molina nunca busca o diálogo, quer sempre resolver qualquer assunto mandando soldados. Ele tem o exército metido em sua cabeça”.

“No tempo de Ríos Montt, sentenciado por genocídio, o exército se posicionava para exterminar a oposição, para que as pessoas trabalhassem em estado de escravidão. Pérez Molina era militar na época e adotava métodos similares, sendo conhecido pelo seu pseudônimo de comandante Tito Arias”, recordou Lázaro Reyes. Diante dos recentes protestos contra a privatização, apontou o sindicalista, além da polícia, o governo enviou tropas especiais, forças da Guarda Naval e dos paraquedistas. “É um governo que para atacar a soberania e blindar o capital se utiliza da força, ignorando qualquer ordenamento jurídico”, acrescentou Mynor Siajes, secretário de Organização do Stepq.

Testemunha da mantança
Entre as inúmeras testemunhas de acusação que se pronunciaram no julgamento de Ríos Montt pela organização de pelo menos 16 matanças coletivas de 1.771 indígenas, ganha relevo o depoimento de Hugo Bernal. Mecânico do Corpo de Engenheiros do Exército em uma unidade do noroeste do departamento de Quiché, entre 1982 e 1983, Bernal assegurou que “sob ordens do major Tito Arias, hoje conhecido como Otto Pérez Molina, os soldados coordenavam a queima e o saque das pessoas". Servindo no quartel militar El Pino, no povoado de Nebaj – município que integra o Triângulo Ixil – ele relatou que “houve execuções na companhia militar”, sendo Molina um dos mandantes do massacre desta etnia. O ex-coladorador do Exército afirmou ter presenciado grande quantidade de indígenas serem levados por soldados. Quando retornavam, atestou, “vinham feridos, com a língua cortada, as unhas arrancadas e eram executados pelos militares". “As pessoas eram transferidas, mulheres e crianças. Quando as execuções aconteciam em El Pino, os oficiais encarregados eram que os matavam e sepultavam clandestinamente", informou.

De acordo com o dirigente do Sindicato de Trabalhadores Organizados da Portuária Quetzal, Francisco Javier Reyes Navarrete, frente a tantos e tão reiterados abusos, a aliança entre as três entidades sindicais que atuam no porto “é essencial para enfrentar o sistema neoliberal que atenta contra o interesse nacional”. Ele lembra que o processo de dilapidação do patrimônio público no local tem seu antecedente histórico nas concessões de operações de grua e na transferência dos trabalhos da estiva. Assim, embora trabalhem no local milhares de pessoas, apenas 745 são fixas, “ficando as demais em situação extremamente vulnerável, para não dizer precária”. “Não podemos tapar o sol com um dedo: concessão é privatização. Nós estamos defendendo o patrimônio que é de todos, o futuro dos nossos filhos e netos, o futuro do nosso país”, assinalou.

Francisco lembra que o governo tem respondido às inúmeras denúncias interpostas pelo movimento sindical sobre a agressão aos direitos humanos com ameaças, “nos chamando de terroristas e de narcotraficantes, fazendo de tudo para intimidar”. “Júlio Peña foi assassinado e vários dos companheiros do seu Sindicato foram demitidos e proibidos de ingressar no porto. Para que recebessem o que era devido tiveram que desistir das denúncias que apresentaram no Ministério do Trabalho. A impunidade é o que alimenta o crime na Guatemala. Infelizmente, há muito tempo”, frisou.

30/06/2013

Brasil é sede do Centro Global para o Desenvolvimento Sustentável

 

O Brasil tornou-se na última segunda-feira (24) sede do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, RIO+, espaço de debate e articulação de ações econômicas, sociais e ambientais para promover práticas sustentáveis de desenvolvimento.

O lançamento foi anunciado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pela vice-diretora mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Rebeca Grynspan, durante o seminário internacional “Rio+20: A Implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, no Jardim Botânico.

Izabella Teixeira lembrou que o Rio+ foi formalizado durante a Rio+20 para que fosse um órgão “paragovernamental”. “O centro nasce não para ter consenso, tem que ser ambicioso, trazer novas ideias, influenciar a sociedade para a questão, um lugar de livre pensar”, disse a ministra. “Será um local para pensar o desenvolvimento sustentável, um modelo inovador de desenvolvimento de ideias, com a participação da sociedade, governos e especialistas”, declarou a ministra.

Izabella lembrou que a Rio+20 mudou a relação do Brasil com as Nações Unidas para melhor. O novo centro é exemplo disso. “Foi um upgrade”, disse ela, ao apostar que o centro seja também liderança no debate sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

O centro tem apoio de mais de 20 instituições nacionais e estrangeiras: reunirá cientistas do mundo todo para encontrar as melhores soluções sustentáveis e inclusivas para o planeta. O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), no Fundão, zona norte do Rio de Janeiro, será o local temporário do centro pelos próximos dois anos.

Rebeca Grynspan disse que o novo espaço poderá interferir positivamente nas discussões intergovernamentais que culminam em setembro de 2014 na sede das Nações Unidas. “Até agora tem sido muito difícil reunir as interdisciplinaridades das agendas e o centro tem a missão de contribuir para a convergência dos temas, como o da erradicação da pobreza e do desenvolvimento sustentável”, disse ela.

O coordenador do centro, designado pelo Pnud, Rômulo Paes, informou que os aportes iniciais para os projetos são da ordem de US$ 4,5 milhões, de um pool de contribuidores da Rio+20, mas que também estão sendo feitas parcerias público-privadas para o desenvolvimento de pesquisas sustentáveis.

“Teremos pesquisadores de várias instituições visitando o centro. Vamos trabalhar em rede e receber diversos pesquisadores que possam contribuir para a produção de conhecimento”, contou ele.

O espaço tem, por enquanto, cinco servidores do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A sede permanente deve ser construída no centro do Rio. Segundo o coordenador do projeto, a ideia é que seja construído de maneira 100% sustentável.

Dentre os parceiros, estão incluídos as entidades brasileiras Fundação Getulio Vargas e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O secretário de Ambiente do estado do Rio e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lembrou que os assuntos debatidos no seminário internacional e que as ações do novo centro refletem alguns dos anseios da multidão que tem se manifestado nas ruas do Brasil.

Minc informou que o governo abriu mão de cerca de R$ 7 milhões anuais da conta de luz da Coppe para criar um fundo para desenvolver energia solar dentro da UFRJ, entre outros projetos sustentáveis.

O secretário chamou a atenção para a proposta de que as universidades e escolas técnicas abram mais espaços de pesquisas que dialoguem com o novo centro da Organização das Nações Unidas no Brasil.

Fonte: Agência Brasil

29/06/2013

A esquerda não pode piscar


 Saul Leblon - Blog das Frases

O Brasil ingressa num ciclo de turbulência do qual a democracia participativa poderá emergir como parteira de uma sociedade mais equilibrada e justa.

Mas a esquerda não pode piscar.

A disputa fratricida, hoje, é o coveiro das esperanças nacionais.

Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado no jogo quando o povo já incendiava os carros do jornal 'O Globo', em resposta ao tiro com o qual Getúlio encerrou a sua resistência e convocou a das massas.

Ontem, como agora, o enclausuramento ideológico, o acanhamento organizativo e a dispersão programática pavimentam o caminho da ameaça regressiva.

É a hora da verdade de toda uma geração.

Cabe-lhe sustentar um novo desenho progressista para o desenvolvimento do país.

Um notável volume de investimentos é requerido para adequar a logística social e a infraestrutura às dimensões de uma nação que incorporou milhões de pobres ao mercado de consumo nos últimos anos.

Agora lhes deve a cidadania.

O novo giro da engrenagem terá que ocorrer num momento paradoxal.

A recuperação norte-americana encoraja as apostas no fim da crise, mas complica a mecânica do crescimento na periferia do mundo, encarecendo o custo do capital.

Asfixiada antes pela valorização do Real, a indústria brasileira agora é o canal de transmissão da alta do dólar nos índices de preços, por conta das importações.

Dotado de uma base fabril atrofiada pelo irrealismo cambial, o país importa quase 25% das manufaturas que consome.

A sangria transfere empregos ao exterior e corrói o principal irradiador de inovação em um sistema produtivo, ademais de fragilizar as contas externas.

O déficit comercial da indústria este ano alcançará o equivalente a 20% das reservas cambiais.

É só um vagalhão da tempestade perfeita que cobra respostas em várias frentes: prover a infraestrutura, combater a inflação, resgatar a industrialização, dar progressividade ao sistema tributário, ajustar o câmbio, modular o consumo.

Tudo junto e com a mesma prioridade.

A urgência das ruas sacudiu essa equação que há menos de um mês tornava a economia cada vez mais permeável a uma transição de ciclo preconizada pelo conservadorismo.

Com um título sugestivo, ‘Um Plano para Dilma’, coube ao editorial da Folha de 02/06, como já comentou Carta Maior, enunciá-la em detalhes.

O ‘plano’ consistia em impor ao país o projeto derrotado em 2002, 2006 e 2010.

A saber: arrocho fiscal e monetário; entrega do pré-sal às petroleiras internacionais; redução dos gastos sociais e dos ganhos reais de salários; renúncia ao Mercosul e adesão aos tratados de livre comércio.

Essa plataforma envelheceu miseravelmente nas últimas horas.

Mas não foi arquivada.

O interesse conservador que antes pretendia usar o governo para escalpelar as ruas, subtraindo-lhe conquistas e recursos na ordenação de um novo ciclo, agora quer usar as ruas para desidratar o governo.

A bipolaridade reflete a ansiedade típica de quem sabe que joga a carta do tudo ou nada.

Não por acaso, o jornalismo a serviço do dinheiro já constata receoso: ‘o que a rua pede colide com o que o mercado pretende'.(Valor Econômico)

Curto e grosso: o espaço para um ajuste convencional se estreita na colisão entre a agenda do Estado mínimo e a da Democracia Social.

Quem dará coerência ao desenvolvimento brasileiro a partir de agora? -- perguntava Carta Maior há menos de um mês.

Antes turva, a resposta desta vez emerge mais limpa.

A nova coerência macroeconômica terá que ser buscada na correlação de forças redesenhada pelas grandes multidões que invadiram as ruas nas últimas semanas.

Emparedado pela lógica conservadora o governo Dilma passou a ter escolhas (leia a advertência de Paulo Kliass e a análise das opções orçamentárias feita por Amir Khair; nesta pág)

E o PT ganhou a chance de se reinventar, explicitando uma agenda clara para o passo seguinte da história.

Sua e a do país.

O bônus não autoriza o conjunto das forças progressistas a adotar a agenda da fragmentação suicida.

O focalismo cego às interações estruturais é confortável como um conto de fadas, em que a varinha de condão substitui a dialética.

O descompromisso com partidos e organização dá leveza e audiência na mídia conservadora.

Mas levam ao impasse autodestrutivo e à inconsequência histórica. Em entrevista ao correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o pesquisador Paolo Gerbaldo, do Kings College, lembra que os indignados do Cairo rechaçaram os partidos na praça Tahrir. E abriram caminho a um governo desastroso da Irmandade Muçulmana no Egito (leia nesta pág).

Não se faz política sem poder; não se conquista poder sem disputar o Estado.

A responsabilidade de interferir num processo histórico pressupõe a adoção de balizas e estruturas que impeçam o retrocesso e assegurem coerência às mudanças.

Sem alianças aglutinadoras, nada feito.Sem construir linhas de passagem entre o real e o ideal, semeia-se angústia e decepção.

O jogo é pesado.

Limites estritos à ação convergente do Estado (mínimo) foram erguidos em todo o mundo nos últimos 30 anos.

A liberdade dos capitais manteve nações, projetos, partidos e governos sob chantagem impiedosa.

Domínios insulares foram instalados no interior do aparato público.

O conjunto elevou a tensão política que explode periodicamente, como agora --como em 2002, em 2006 e em 2010-- quando os mercados blindados se preparam para enfrentar a democracia insatisfeita nas urnas.

Teoricamente, essa é a hora em que o bancário e o banqueiro tem o mesmo peso no escrutínio do futuro.

Na prática, é a locomotiva dos grandes levantes populares que delimita a fronteira da democracia social em cada época. A urna, em geral, dá o acabamento do processo.

A alavanca brasileira, no caso, foram os levantes operários do ABC paulista dos anos 70/80 e a luta cívica contra a ditadura militar.

Nasceria daí o PT.

E o subsequente ciclo de governos do partido, caracterizado pela negociação permanente do divisor entre os dois domínios, o do dinheiro e o dos interesses gerais da sociedade.

Negociou-se ‘sem romper contratos’ durante os últimos 12 anos.

Com acertos, equívocos e hesitações fartamente listados.

Ainda assim, o saldo configura ‘um custo Brasil’ intolerável aos interesses acantonados no polo oposto do braço de ferro.

Um dado recente do Ipea explica essa rejeição: a renda dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos, no Brasil dos últimos 12 anos.

Avançar à bordo da composição de forças que delimitou a ação progressista até aqui tornou-se cada dia mais penoso.

Não apenas por conta do esgotamento real de um ciclo econômico.

Mas também porque se descuidou de prover a sociedade de instrumentos para comandar o passo seguinte do processo.

A ausência de regulação que assegurasse um sistema audiovisual pluralista entregou a opinião pública à Globo.

A negligência com a organização democrática dos segmentos beneficiados pelas políticas públicas estreitou o seu foco nas gôndolas dos supermercados.

Faltava a locomotiva da história apitar outra vez para esticar os limites do possível na discussão do novo ciclo de crescimento que o país requer.

Foi o que as ruas fizeram.

A presidenta Dilma viu o bonde passar e não hesitou. Reagiu na direção certa.

Ao propor uma reforma plebiscitária para redesenhar os perímetros da democracia, deixou implícito --queira ou não-- que a soberania popular é também o único impulso capaz de harmonizar as balizas do novo ciclo de desenvolvimento.

Não é pouco o que se tem sobre a mesa.

Vive-se um meio fio histórico.

De um lado, há a chance de uma ruptura efetiva do desenvolvimento brasileiro com a camisa de força do neoliberalismo.

De outro, a espiral descendente dos impasses pode jogar o país no abismo de uma recaída ortodoxa devastadora.

O tempo urge.

Terão as lideranças progressistas discernimento e prontidão política para negociar uma agenda comum feita de bandeiras, fóruns e ações que ordenem essa travessia?

A ver.

23/06/2013

Não há democracia sem partidos

 
Por Marcelo Semer, no blog Sem Juízo:

Poucas pessoas podem arriscar dizer hoje que consequências as manifestações de rua terão para o futuro da democracia brasileira.

Há quem comemore o prenúncio de uma democracia direta, cobrindo o visível déficit de legitimidade da política representativa.

Há quem receie o abandono dos partidos, como um campo livre para aventureiros de todos os gêneros.


A carona que parte da sociedade tomou na manifestação inicial do Movimento Passe Livre pode até ter desfigurado a integridade de seu conteúdo, pela redução da tarifa, ao compartilhar insatisfações distintas e mesmo excludentes entre si.

Mas algumas lições podem ser aprendidas com essas caminhadas coletivas.

A primeira delas é o resgate da importância do direito à manifestação.

Muitas pessoas vêm ocupando as ruas há anos empunhando suas bandeiras, cientes de que só existe negociação quando se cria pressão. Mas a verdade é que quase sempre são recebidas com má vontade, quando não com forte repressão.

A perturbação ao trânsito, travestida indevidamente de afronta a direito fundamental, e o incômodo ao cotidiano, já custou a integridade física de muitos desses manifestantes.

Nem precisamos ir longe.

Na última quinta-feira, os principais jornais de São Paulo, Folha e Estadão, cuidaram de deslegitimar totalmente as manifestações, ao acusar seus autores genericamente de vândalos, incensando a repressão policial.

Mas depois de milhares de pessoas na rua, transformados de um dia para outro em ativistas, quem se lembrou de repetir “que era hora do basta” ou exigiu “retomar a Paulista” para os automóveis?

Nada disso, por óbvio, exclui a reprovação aos atos de depredação, que os próprios manifestantes vem tentando impedir, como se viu ontem diante da Prefeitura de São Paulo.

E os saques oportunistas de quem apenas se esconde no meio de uma multidão pacífica para tomar proveito para outros fins.

A segunda lição é a sem-cerimônia com que o Estado abraça a repressão, quando estimulado pelos setores que gritam por lei e ordem.

Isto está longe de representar apenas excessos de funcionários despreparados –vem sendo constantemente traduzida como política de governos, seletiva, aliás, como tantas outras políticas públicas.

Não à toa, os índices de violência policial são expressivos e as maiores vítimas são jovens negros da periferia. O ponto fora da curva foi vê-la dirigida a destinatários pouco tradicionais, como os jornalistas, o que acabou por aumentar a visibilidade.

Por fim, começamos a entender que na democracia, o voto é uma condição necessária, mas está longe de ser suficiente.

E isso é um avanço, porque todas as vezes em que se pretendeu aprofundar mínimos espaços de democracia direta, com participação de entidades sociais na formulação de políticas ou mecanismos de plebiscito e referendo, pairou sobre seus autores a acusação de chavismo.

Há uma impressão arraigada em certos setores que o povo é sempre influenciável e refém de benesses governamentais, de modo que ouvi-lo é quase um sinônimo de autoritarismo.

Porém, quanto mais a política se mantém distante da sociedade, mais se torna surda, isolando-se em um curto-circuito que a autolimita a acordos e concessões mútuas.

A reinvenção da democracia pode introduzir novos atores e novos papéis à cena política. Mas dificilmente será exercida sem participação do povo, sem os partidos e sem o exercício consciente das liberdades.

Como conjugá-los é a tarefa que nos cabe construir.