13/1/2012 16:12,
Por Redação, com Cubadebate - de Havana
O escritor uruguaio Eduardo Galeano afirmou nesta sexta-feira, em sua
chegada a Havana, que a neutralidade é impossível em um mundo que está
dividido entre os indignos e os indignados. Qualquer um pode ser indigno
ou indignado, afirmou, em breve conversa com jornalistas em sua chegada
à capital cubana depois de mais de 10 anos de ausência, convidado pela
Casa de las Americas, para o Prêmio Literário 53 (anos da revolução
comunista) que se inicia na próxima segunda-feira.
A crise que o planeta enfrenta tem levado muitos povos a aceitar o
inaceitável, forçando-os à indignidade. É por isso que, segundo ele, os
movimentos emergentes, como o dos indignados, de repente, tornam-se
perigosamente contagiante em todos os países. Ninguém pode deter a
capacidade viral que tem a indignação, disse referindo-se aos movimentos
sociais que surgiram em vários países para expressar seus protesto
contra a desigualdade e o desemprego.
Em sua opinião, em todos os lugares se pode respirar uma energia de
mudança que procura se manifestar. A esquerda, segundo ele, está por
toda parte. Processos de mudança que realmente ocorrem, crescem
lentamente de baixo para cima e de dentro para fora. Às vezes, eles são
silenciosos, quase secretos, mas existem em toda parte.
– Eu volto para Cuba sem ter saído, porque esta ilha
permaneceu sempre viva em mim, em minhas palavras, minhas ações e minha
memória, uma memória viva de tudo o que dela recebí. Nunca ocultei minha
admiração por esta Revolução, um exemplo de dignidade nacional e da
solidariedade em um mundo onde o patriotismo é um direito negado aos
países pequenos e pobres. Nunca na minha vida conheci um país tão
solidário como este, nenhuma revolução tão oferecida aos demais (seres
humanos) como esta – assegurou.
Referindo-se a sua relação com a Casa de las Américas, “minha casa”,
disse ele, lembrou que, no início, era um caso de amor pouco
correspondido.
– Eu me lembro como eu escrevi As Veias Abertas (da América Latina, principal obra na vida do autor)… para chegar a tempo do concurso literário. Tanto esforço e perdi na competição – lembrou.
Três vezes vencedor do prêmio, logo em seguida, Galeano retorna à instituição para apresentar o seu livro Espelho, uma história quase universal, Menção Honrosa de Narrativa do Prêmio José María Arguedas 2011.
– Este texto oferece uma tentativa de ajudar na recuperação do
arco-íris terrestre, que contém mais cores e esplendor do que o
arco-íris celeste. Queria ajudar a recuperar essas cores perdidas,
porque estamos cegos, mutilados por uma longuíssima tradição de racismo,
de machismo, elitismo, de militarismo e de outros ismos que nos impedem
de descobrir toda a plenitude de nossa beleza possível – apontou.
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