Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

28/01/2012

Fórum: UBM discute desafios da mulher para o próximo período

UBM no FST2012
Oficina da UBM na Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre

Neste um século de luta das mulheres pela igualdade de gênero muitos avanços foram contabilizados. Mas, quais os desafios para o próximo período? Esse foi um dos pontos que procurou responder a oficina “Mulher e Participação Política, Avanços e Desafios”, promovida pela União Brasileira de Mulheres (UBM), no Fórum Social Temático 2012.


De Porto Alegre, Deborah Moreira



O encontro, que aconteceu na Casa de Cultura Mário Quintana, região central de Porto Alegre (RS), começou com a leitura de poesias que retratam o universo feminino desvinculado da submissão e da exploração. Os textos foram lidos por integrantes da Associação Gaúcha de Escritores Independentes, e pelos coletivo Marias, Amélias e Camélias e o Viva Palavra, além da secretária de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Jussara Cony, que já publicou livros do gênero.


“Tenho a honra de participar e ser militante da União Brasileira de Mulheres, desde a sua fundação. Sempre que podemos, participamos em agradecimento pelo papel que a UBM tem desempenhado no processo pela luta histórica desse país por transformações, perpassou anos de momentos estratégicos de enfrentamento a ditadura, a redemocratização, a eleição de Lula e, depois, da Dilma e muitas estamos sim nas instâncias de poder, mas ainda não o detemos de fato”, disse Jussara Cony.

Para pontuar a atividade, a presidente do Sindicato da Associação dos Professores da Faculdade Católica de Goiás (APUC – GO), a professora Lúcia Rincón, convidou as participantes a refletirem sobre o significado de poder, ressaltando o fato de que a mulher conquistou espaços de poder, mas não o adquiriu de fato. Citou nomes de mulheres que fizeram parte da história, mas que não constam nos registros.

“Nos livros de história temos poucos nomes registrados. Na poesia, só temos Cecília Meireles . Antes, nem Anita Garibaldi aparecia. Então, penso que a primeira reflexão que temos que fazer é que o poder não está somente no exercício da política institucional, do estado e do partido, mas também nos outros espaços sociais”, disse Lúcia, que reforçou que esses espaços de poder são os reconhecidos pela organização social desse estado formado sobre a divisão de classes e sobre o objetivo da acumulação do capital. 

Lucia ressaltou também que a emancipação das mulheres está vinculada a organização de uma sociedade que não tem um objetivo da acumulação de capital. “Não queremos o espaço para fazer a mesma coisa. Não basta ser mulher, tem que ser de luta. Outra questão é que é preciso romper com a moral tradicional, temos que ocupar os espaços públicos com outra lógica de raciocínio das relações sociais entre homens e mulheres. Trazer outros temas para a agenda política”, ponderou a professora.

Gilda Carvalho, procuradora federal dos Direitos do Cidadão, em Brasília, que estava na plateia, retratou a ocupação dos espaços de poder pelas mulheres na Justiça. 

“Somos 30% das mulheres no Ministério Público Federal. Além da dificuldade de ingressar, vejo que muitas colegas tem medo de exercer seus cargos. Para a gente mudar essa sociedade é preciso atuar. E a mulher precisa trabalhar mais para mostrar que é capaz. Digo isso porque precisei me empenhar para conquistar o meu espaço”, comentou a procuradora.

Datas históricas e desafios
Lúcia lembrou de alguns momentos históricos para as mulheres, como a educação, com a educadora e poeta Nísia Floresta, em 1831; direito ao voto, em 1932; em 1951 a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprova a convecção da igualdade da remuneração entre homens e mulheres, que o Brasil assinou também; e o surgimento da pílula anticoncepcional, em 1963 no Brasil, que trouxe autonomia a mulher sobre seu corpo. Também foi lembrada a criação das delegacias de defesa da mulher e do surgimento das casas-abrigo em Goiás, em 1986, com a primeira secretaria da condição da mulher feminina da América Latina.

Liège Rocha, coordenadora de Relações Internacionais da UBM e do Conselho de Direção da Federação Internacional de Mulheres (Fdim), e integrante do Conselho Diretivo da UBM, acrescentou a discussão sobre a reforma política. 

“Está em curso no Brasil a reforma politica. Em 2009, com uma reforma pequena garantiu que os partidos políticos destinem 5% do fundo partidário para a capacitação das mulheres. Isso é uma lei que tem que ser cumprida. Temos 10 minutos do programa de TV dos partidos, voltados para as mulheres. E conquistamos que 30% das candidaturas de um partido precisam ser preenchidas por mulheres. Mas, nenhum partido cumpriu isso na última eleição. Foi o PCdoB quem conseguiu chegar próximo, com 29,7% de candidaturas de mulheres”, declarou Liège. Ela também lembrou da discussão sobre a lista preordenada fechada com alternância de gênero para garantir vagas para as mulheres.

Duas representantes do movimento na América Latina também fizeram intervenções durante a atividade. Sayo Moregon Calixto, da Fundação Yerbabuena, do Equador, e Olga Goitez, da Colômbia, contaram como algumas mulheres que chegam ao poder em seu país, acabam deixando de contribuir com a construção da igualdade. “A lei de igualdade é formal e não real. Falta muito para que seja cumprida. As mulheres participam dos partidos, mas não tomam as decisões”, disse Sayo.

“As mulheres tem conquistado alguns espaços, mas acabam mudando de atitude quando chegam ao poder e dão continuidade ao pensamento machista”, completou Olga.

A vereadora de Ijuí (RS), Rosane Simon (PCdoB-RS), e presidente do Sindicato dos Comerciários de Ijuí, também presente, ressaltou a importância do empoderamento em todos os espaços de poder nas diversas instâncias. 

“Sou a primeira mulher presidente do sindicato. Esse encontro não vai mudar diretamente. Mas somos sementinhas que podemos contribuir para a expansão. Nós mulheres temos que ser de luta é buscar a felicidade, desacomodar nossa institucionalidade imposta pelos homens. Estamos no século 21. Só estamos há um século lutando. Antes disso, a mulher não tinha voz, sofria muitas violências. Então, penso, que isso é revolucionário. Tenho muito orgulho de fazer parte desse movimento”, exclamou Rosane. 

Gênero e raça

Estela Maris Cardoso, vice-presidente da Unegro e membro da UBM, lembrou da situação das mulheres negras e do encorajamento das mulheres. “ Nós mulheres negras já estamos nos espaços de poder, nos colocamos nas disputas. As mudanças acontecem nos materiais didáticos e livros escolares. Muitas vezes a questão cultural também é um impedimento. Eu tinha muita dificuldade em entrar na UBM. Eu dizia: não sou feminista e também sou contra o aborto. Mas comecei a refletir que, independente de ser ou não contra o aborto, muitas meninas morrem por abortos mau feitos. Então, integrei na UBM porque eu posso decidir que sou contra o aborto, mas essas meninas que decidem pelo aborto precisam ter o direito de escolha”, declarou Estela Maris, que é de Santa Catarina.

Mulher e comunicação
A radialista Mara Régia, da Rádio Nacional da Amazônia, que abrange os estados da Amazônia Legal, com audiência estimada em 20 milhões de pessoas, foi convidada a falar sobre sua atuação no programa Viva Maria, no ar há 30 anos, pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Ela contou que se sensibilizou com o tema por conta de sua experiência de vida e reforçou a importância da participação das mulheres na comunicação, se apoiando nas mídias alternativas e comunitárias, tendo em vista que a questão ganha invisibilidade nos grandes veículos hegemônicas.

“Venho de uma família muito humilde, filha de avô pedreiro e avó trabalhadora doméstica, e minha mãe era vítima de violência doméstica. Apanhava ficava 15 dias roxa da cabeça aos pés. Me lembro que tinha 8 anos quando disse a mim mesma: quando eu crescer, tenho que fazer algo para que as mulheres não apanhem mais”, revelou Mara, que dedica seu trabalho a denúncia contra a violência doméstica, realizando oficinas com mulheres, na Amazônia Legal, com apoio nas rádios comunitárias.

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