Não te amo como se fosses a rosa
de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam
o fogo:
Te amo como se amam certas coisas
obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a
alma.
Te amo como a planta que não
floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz
daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em
meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da
terra.
Te amo sem saber como, nem quando,
nem onde,
Te amo assim diretamente sem
problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar
de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou
nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu
peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos
com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era
meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas.
Nada contava nem tinha nome.
O mundo era do ar que esperava
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo.
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio.
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
Nenhum comentário:
Postar um comentário