Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

09/11/2012

Capitã machista defende que mil mulheres PM de Goiás padronizem cor de cabelo “pelo bem da instituição”

policiais

Por Manu Barem

É estranho e triste quando uma atitude machista parte de uma mulher. Em Goiás, a coisa tomou uma proporção ainda mais absurda: a capitã da Polícia Militar, Ester Lacerda, apresentou uma proposta de padronização da cor dos cabelos e unhas utilizada pelas mulheres que integram a PM, além de acessórios de cabelo, brincos e anéis. A justificativa é a “imagem da corporação”. A gente pode concordar que certas regras como cabelo preso e o não exagero nos acessórios são aceitáveis — bom senso é recomendável em qualquer ambiente de trabalho. Porém, impor regras sobre a cor do cabelo de cerca de 940 servidoras não é um pouco demais? Claro que é. 
O caso foi apresentado pelo jornal local. Entre as propostas excessivamente detalhadas apresentadas pela capitã Ester estão:
 - o cabelo deve ficar preso em coque, só com redinha ou laço preto ou marrom. Para o modelo “rabo de cavalo”, os cabelos crespos, afros ou anelados devem ser trançados. Quanto à cor, ficariam proibidos, por exemplo, os loiros ou ruivos. 

- as unhas devem ser curtas e os esmaltes em cores como amarelo, azul e roxo são proibidos 

- a policial não pode usar maquiagem colorida ou salto alto, nem mesmo no serviço administrativo. 

- a policial pode usar no máximo dois anéis apenas um par de brincos, cujo tamanho não pode ultrapassar a ponta da orelha

O objetivo de todas estas propostas radicais, segundo a capitã, é “zelar pela imagem da corporação”.  No Facebook da PM de Goiás, que também sedia um fórum de discussão destas propostas, 
a assessoria de imprensa da instituição ainda defende que:

A apresentação pessoal é elemento fundamental para qualquer servidor público. Uma imagem descuidada, sem uma proposta funcional e equilibrada, pode trazer descrédito ao serviço prestado e a sua Instituição;

Não se trata, portanto, de preciosismo, autoritarismo ou desrespeito à individualidade, e sim de defesa do interesse público e institucional, através da imposição de limites para que os servidores atendam a um padrão mínimo de cuidados com a apresentação pessoal, conciliado a imagem profissional com os demais atributos individuais como sexo e beleza física.

Sinceramente, fora a capitã Ester, quem julgaria a cor de cabelo, esmalte ou quantidade de anéis que uma policial está usando? Primeiro que, em respeito à autoridade policial, eu duvido muito que exista alguém que tenha coragem de dizer “minha filha, que loiro é este?” ou qualquer outra observação. E quem simplesmente não gosta de pintar o cabelo de cores escuras?
Em segundo lugar, uma mulher que trabalha como policial usa tanta farda em serviço quanto um homem policial. Usar maquiagem, apresentar cabelos e unhas bem cuidadas e outros detalhes é o que a mantém feminina. E isso é importante para a vida de uma mulher cuja rotina não é fácil. A gente sabe que quando a gente se arruma, nossa autoestima fica melhor e, também com isso, nossa autoconfiança. Projetando isso no cotidiano de uma policial, podemos imaginar que se importar com sua feminilidade faça bastante diferença.
Também é um pouco de exagero afirmar que “uma imagem descuidada” traria descrédito à instituição. Isso é balela machista. É o mesmo que dizer que quem usa roupas curtas e extravagantes pode ser digno de descrédito. Lembrando, novamente, que estas 940 mulheres trabalham fardadas.
Quando o texto diz que “Não se trata, portanto, de preciosismo, autoritarismo ou desrespeito à individualidade, e sim de defesa do interesse público”, a incoerência fica clara. Lógico que é desrespeito à individualidade. Por que o interesse público seria afetado por isso? Apenas a instituição, representada pela capitã Ester, parece se incomodar com a vaidade de suas funcionárias.
Fora tudo isso, na mesma reportagem sobre a proposta, a população opina sobre o assunto com uma simples frase — a mesma que deve estar rodando na sua cabeça desde o começo deste texto: “a PM tem outras questões bem mais importantes para resolver”.

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