Sob o meu olhar

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27/11/2012

Operação israelense em Gaza encontra outro Egito pós Mubarak


Por Adam Morrow e Khaled Moussa al-Omrani, da Envolverde/IPS


Mohammed Omer/IPS
Gaza
Família palestina em uma rua de Beit Lahia, norte de Gaza
“O governo do deposto Hosni Mubarak participou de forma descarada do sítio imposto por Israel à Faixa de Gaza, sem perder uma oportunidade de pressionar o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica)”, disse à IPS o especialista em assuntos israelenses Tarek Fahmi, do Centro Nacional de Estudos sobre o Oriente Médio, com sede no Cairo. “Por outro lado, os novos governantes egípcios expressaram seu apoio incondicional ao Hamás e ao povo de Gaza, e trataram de acabar com o bloqueio”, acrescentou.

O presidente Mohammad Morsi foi eleito nas urnas no último verão, 16 meses depois da saída de Mubarak em fevereiro de 2011, após 30 anos no poder. Morsi pertence à Irmandade Muçulmana do Egito, vinculada ideologicamente ao Hamas, que controla Gaza desde 2007. E, ao contrário de seu antecessor e da maioria dos governantes ocidentais, rapidamente denunciou o último derramamento de sangue em Gaza.

Ao participar do sermão semanal islâmico do dia 16, Morsi prometeu que o Egito não deixará a Faixa de Gaza “por sua conta” para enfrentar a “descarada agressão” de Israel. Em clara alusão às mudanças ocorridas neste país em matéria de política externa após a revolta popular que derrubou Mubarak, disse que “hoje o Egito é muito diferente do de ontem”.

Violência em Gaza

O último episódio de violência começou no dia 14, quando as forças israelenses assassinaram Ahmad Jabari, comandante de operações das Brigadas Ezzedine al-Qassam, vinculadas ao Hamás, ao que a resistência armada palestina respondeu com foguetes contra o sul de Israel. Os dias seguintes de incessantes bombardeios, por ar, terra e mar, deixaram mais de 150 palestinos mortos, na enorme maioria civis, e centenas com ferimentos graves. Os foguetes lançados desde Gaza contra o sul de Israel mataram cinco israelenses e deixaram vários feridos.

Após o anúncio do cessar-fogo, o chefe político do Hamás, Jaled Meshaal, expressou sua gratidão a Morsi pelo papel de mediador desempenhado pelo Egito para acabar com a violência, bem como por suas “decisões e posição a respeito da última agressão de Israel contra Gaza”. Desde o começo do último enfrentamento, a reação do Egito ficou reduzida a declarações fortes.

Desde o primeiro dia, Cairo anunciou a retirada de seu embaixador em Israel, enquanto Morsi pediu ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e à Liga Árabe, com sede nesta capital, para realizarem reuniões de emergência. Dois dias depois, o primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, fez uma curta visita ao atribulado território palestino, de 40 quilômetros de comprimento por 14 de largura, em uma demonstração de solidariedade.

Abertura da fronteira

O Egito também abriu a passagem da fronteiriça cidade de Rafah, a única ligação de Gaza com o mundo exterior. Israel manteve suas fronteiras rigidamente controladas desde sua “retirada unilateral” do território palestino em 2005. Agora, pessoas e mercadorias, incluindo os tão necessários suprimentos médicos, entram na Faixa de Gaza pelo Egito, enquanto doentes palestinos podem se dirigir a este país para realizar tratamento médico.

Segundo Fahmi, a reação do novo governo frente ao último ataque contra Gaza corresponde à posição declarada de Morsi, e por extensão da Irmandade Muçulmana, diante do eterno conflito árabe-israelense. “A reação de Morsi está de acordo com sua plataforma eleitoral e com suas declarações posteriores à sua eleição”, observou Fahmi. “Sob sua lideranç,a o Egito apoiará o povo palestino contra a contínua ocupação por parte de Israel e trabalhará para garantir suas aspirações nacionais”, acrescentou.

A atual resposta do Egito contrasta claramente com a do regime de Mubarak diante da Operação Chumbo Derretido, lançada por Israel no final de 2008 e começo de 2009. Durante aquela campanha, em que os israelenses usaram armas proibidas, morreram 1.500 palestinos, na maioria civis, e milhares ficaram feridos.

Apesar da violência nessa oportunidade, Mubarak manteve a fronteira de Rafah fechada. Nem mesmo feridos graves puderam ser levados para tratamento no Egito. “Por pressão dos Estados Unidos e de Israel, Mubarak completou o bloqueio da Faixa, mesmo durante o pior do massacre, com a esperança de destruir o Hamás”, disse à IPS o analista Magdi Hussein, ex-presidente do Partido Trabalhista Islâmico Egípcio, de tendência islâmica.

“Por outro lado, Morsi apoia abertamente a resistência em Gaza e começou a tomar medidas para abrir a fronteira, mesmo antes desta última agressão”, ressaltou Hussein, que esteve preso por dois anos durante o regime de Mubarak, por ter cruzado para Gaza sem permissão durante a Operação Chumbo Derretido.

O apoio do Egito ao povo de Gaza e à resistência local não se reduziu a círculos oficiais. Além disso, “o Egito agora apoia o Hamas”, enquanto o “regime de Mubarak apoiou seu arquirrival Fatah, que insiste em manter infrutuosas ‘conversações de paz’ com Israel e que fracassaram totalmente em melhorar a situação dos palestinos”, pontuou Hussein.

Centenas de ativistas egípcios de todos os partidos políticos fizeram uma breve visita a Gaza no dia 18 para expressar solidariedade aos seus irmãos palestinos. Dois dias antes, manifestações contra o ataque reuniram dezenas de milhares de pessoas. A política do Egito mudou após a revolta popular, mas, ao que parece, a comunidade internacional não. Como ocorreu com a Operação Chumbo Fundido, o Conselho de Segurança não emitiu nenhuma resolução pedindo o fim das hostilidades.

No dia 20 deste mês, um dia antes do cessar-fogo, os Estados Unidos bloquearam uma declaração do Conselho condenado a escalada de violência. “Alguns governos europeus pareceram mais favoráveis ao Hamas e a Gaza desta vez. Mas o apoio de Washington a Israel parece total, como da outra vez”, enfatizou Fahmi.

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