O que os trabalhadores e os movimentos sociais podem fazer
para ampliar sua organização e fortalecer suas próprias lutas
A disputa eleitoral já está nas ruas. Ou melhor, está na mídia. Os jornais, as revistas, a TV, o rádio e a Internet já estão noticiando a movimentação dos partidos e dos candidatos. Ao mesmo tempo veiculam também os podres de sempre, as matérias encomendadas, a baixaria, a troca de denúncias sensacionalistas. Tudo indica que até as eleições, no dia 7 de outubro, o povo brasileiro será bombardeado por uma guerra suja sem limites éticos e políticos.
O tiroteio generalizado evidentemente encobre o verdadeiro sentido das
eleições, que é a escolha consciente de propostas, programas e candidatos que
expressem coerentemente as demandas maiores do povo. No meio da guerra suja,
com acusações de todos os lados, fica cada vez mais difícil selecionar partidos
e candidatos identificados com os trabalhadores e as causas populares, que
mereçam a confiança não apenas no voto, mas principalmente depois de eleitos.
Nessas horas, o melhor mesmo é não se deixar enganar pelo discurso demagógico e
nem pela propaganda enganosa, não embarcar no denuncismo rasteiro da grande
imprensa, já que a artimanha dos setores conservadores, das elites e da direita
em geral, é confundir o eleitorado, é colocar todo mundo no mesmo saco da
despolitização, do fisiologismo, da corrupção e dos interesses pessoais. Os
eleitores precisam se livrar dessas armadilhas e escolher candidatos
verdadeiramente comprometidos com as transformações sociais.
Mais do que isso, o momento da eleição pode e deve ser aproveitado para que a
comunidade, os trabalhadores e o povo, tratem de fortalecer as suas próprias
organizações, as associações de moradores, os sindicatos, os movimentos sociais
por moradia, educação, saúde, emprego, melhores condições de vida e de
trabalho. Independemente da escolha de partidos e candidatos nessa eleição, as
organizações populares devem debater a conjuntura política e econômica do país,
construir suas próprias pautas de reivindicações, definirem seus métodos de
luta, ter uma atuação forte e contínua para a obtenção de conquistas
duradouras. A visão imediatista de que a eleição resolve tudo, é um grande
equívoco.
A eleição municipal deste ano vai escolher,
prefeitos, vereadores. Devemos apoiar e votar somente
naqueles candidatos que tenham projetos para seus Estados, que não vão jamais trair o
povo, que vão honrar os votos depois de eleitos.
A eleição não é a única forma de o povo trabalhador influenciar na política
brasileira. A verdadeira democracia é mais ampla que o sistema representativo,
contempla a participação efetiva do povo trabalhador nos destinos do país, nos
espaços públicos e privados, nas escolas, nos locais de trabalho e nas
instituições em geral.
O Brasil precisa de uma democracia real, ampla, participativa, com igualdade de
direitos para todos. Mais importante do que o voto é a capacidade de pressão
organizada dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Se o povo não defender
as suas propostas com total autonomia, dificilmente o que é prometido na
campanha eleitoral será cumprido posteriormente. A força dos trabalhadores
depende de sua própria organização permanente, em movimentos sociais,
sindicatos e partidos.
A hora é de refletir e de agir. O que devemos fazer para
construir no Brasil a democracia que assegure o avanço popular?
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