Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

05/12/2011

O Brasil rende homenagens aos cem anos de Marighella


Há cem anos nascia, em Salvador, Carlos Marighella, um dos principais nomes do comunismo no país e importante organizador da guerrilha urbana de resistência ao regime militar. Foi deputado federal pelo Partido Comunista na Constituinte de 46 e morreu assassinado em uma emboscada em 1969, um ano depois de fundar e ser o principal dirigente do grupo armado Ação Libertadora Nacional.


 Marighella
Marighella foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista em 1945
Hoje, gozando da democracia que nomes como Marighella ajudou a conquistar, o Brasil rende várias homenagens aos cem anos desse baiano, que como sua biografia conta, apesar de todas as dificuldades, vivia de bem com a vida. Era poeta, escritor, deputado, comunista e segundo os que o conheceram sempre alegre.

Comissão da Anistia
A principal homenagem será a realização da 53ª edição da Caravana da Anistia, que acontece no Teatro Vila Velha, em Salvador e terá como pauta o julgamento do processo de anistia de Marighella. Na ocasião, a Comissão de Anistia fará um pedido de desculpas formal aos familiares do revolucionário. 

Estão confirmadas as presenças do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, do governador Jaques Wagner, além de Clara Charf e Carlos Augusto Marighella, sua viúva e seu e filho. Além deles, muitos políticos, familiares, ex-companheiros, intelectuais, além de artistas e movimentos sociais. 

No evento da Comissão de Anistia vai ser lançado o Pró Memorial Marighella Vive, que reúne acervo sobre o revolucionário. Pela manhã, a Associação dos Professores Universitários da Bahia, APUB Sindicato, fixou em sua sede uma placa alusiva ao centenário de nascimento de Marighella, que foi ex-aluno de engenharia civil da Escola Politécnica da UFBA. Também nesta segunda-feira (5), será lançado o documentário Marighella, de Isa Ferraz, no Espaço Unibanco Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. 

História
Marighella foi sem dúvida dos nomes mais importantes do movimento revolucionário brasileiro. Não só por sua ação, mas pela influência que exerceu em muitos seguidores ao longo de sua vida. Enfrentou duas ditaduras, da Era Vargas e a de 64, sendo preso e torturado barbaramente em ambas. 

Carlos era a síntese da miscigenação brasileira. Filho de operário imigrante italiano e por parte de mãe neto de escravos africanos trazidos do Sudão. Vinculou-se ao Partido Comunista no início da década de 30. Pouco antes, havia ingressado no curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia. 

Sua primeira prisão foi em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, se engajou de vez na militância política, interrompendo os estudos universitários e deslocando-se para o Rio de Janeiro.

Fora preso outras duas vezes naquela década, em 1936, no Rio de Janeiro e em 1939, em São Paulo. Nas duas últimas prisões, foi barbaramente torturado, mas apesar disso, nunca disse uma única palavra que comprometesse seus companheiros ou o partido. 

Biógrafo 

Segundo o deputado federal Emiliano José (PT-BA), “era de uma bravura incomum. De uma coragem quase temerária. Marighella disse uma vez que não tivera tempo para ter medo”. Emiliano publicou em 1997 a obra “Carlos Marighella, o inimigo número um da ditadura militar”, que já está em sua terceira edição. O livro é fundamental para quem quer conhecer mais a fundo esse herói do povo brasileiro. 

Da última prisão da era Vargas, Marighella só saiu em 1945, seis anos depois, graças à anistia. Fora da prisão, volta para seu estado natal e se elege deputado federal pelo Partido Comunista. “Exerce um mandato brilhante e ousado politicamente, afinado com o PCB naturalmente. É cassado em 1948, na esteira da cassação do registro do PCB. A Guerra Fria ditava os rumos políticos do Brasil, sob Dutra”, explica Emiliano José.

Depois de cassado, volta para a clandestinidade, se deslocando para São Paulo. Ali, ajuda a coordenar a greve operária de 1953, que envolveu mais de 400 mil trabalhadores e saiu vitoriosa. Em 1957, é eleito para a Executiva Nacional do PCB. Segundo Emiliano, “já era dirigente do Comitê Central desde o final dos anos 30, quando foi eleito para integrá-lo, mesmo estando preso, por decisão da chamada Conferência da Mantiqueira”.

Rompimentos 
Com o processo de cisão vivido pelo Partido Comunista em 1962, opta pelo PCB, conduzido por Luiz Carlos Prestes. Porém, segundo Emiliano, vai se incomodando com o que considerava “a linha excessivamente conciliatória do PCB”, revelada de modo mais claro com o golpe de 1964, quando não houve chance de qualquer reação. Segundo o seu biógrafo, “Ele considerava que se o partido tivesse uma linha mais combativa, seria possível reagir ao golpe”. 

O golpe militar foi deflagrado no fim de março e já em maio saíram à caça de Marighella. Deram voz de prisão a ele dentro de um cinema no Rio de Janeiro. O baiano resistiu e lutou contra os policiais, levando um tiro bem perto do coração quando gritou: “Viva a democracia”. O episódio está descrito no seu livro “Por que resisti à prisão”. Depois de preso, conseguiu sair da prisão no ano seguinte, graças a um habeas corpus. 

As divergências com a linha “conciliatória” do PCB se acentuam por não concordar com a resistência pacífica ao regime militar. Em 1966, rompe com o partido e funda logo depois a Ação Libertadora Nacional (ALN), assumindo claramente a perspectiva da luta armada, na qual se envolve profundamente. 

Guerrilha urbana
Passa a ser o comandante a partir daí de ações de guerrilha urbana executadas nos principais centros. Apesar de ajudar a vários companheiros a se exilarem fora do país, jamais admitiu a possibilidade de se ausentar. 

Com o AI-5, a ditadura aperta o cerco, e as prisões, torturas e mortes passam a ser a sua principal marca. “Numa sucessão impressionante de torturas, de assassinatos, a repressão foi se aproximando de Marighella, até matá-lo covardemente na noite de 4 de novembro de 1969, na Alameda Casa Branca, em São Paulo, numa operação comandada pelo mais famoso torturador da ditadura, Sérgio Paranhos Fleury”, conta Emiliano José. 

Em um discurso no plenário da Câmara dos Deputados, Emiliano José declarou que com entusiasmo apóia a iniciativa a Comissão Nacional da Verdade e homenageou assim o seu ídolo. “Marighella deputado, o Marighella comunista, o Marighella poeta, o Marighella militante, o Marighella companheiro, o Marighella solidário, o Marighella defensor da democracia e do socialismo, o Marighella que entregou sua vida na defesa do povo brasileiro. Viva Carlos Marighella, herói da Pátria brasileira, símbolo e intérprete dos nossos melhores sonhos”. 

Abaixo a poesia Rondó a Liberdade, que deu nome ao seu livro de poesias, publicado pela editora Brasiliense: 
Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer. 

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão. 

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas. 

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento. 

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
De Brasília, 
Kerison Lopes

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