Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

20/09/2012

Somos Naturalmente Solidários com Outros?


Por Marcelo Szpilman - Instituto Ecológico Aqualung 

É possível que você fique desapontado com a resposta à pergunta acima formulada, mas nós seres humanos nunca fomos “naturalmente” solidários com outros, especialmente quando não fazem parte do nosso grupo ou tribo. Apesar de ser um choque para muitos, a solidariedade (natural) é um comportamento de adaptação social com o pragmático objetivo de ajuda mútua para defesa (e sobrevivência) dos membros de um grupo às ameaças externas, sejam elas forças da Natureza, predadores selvagens ou outros grupos disputando o mesmo espaço e as mesmas fontes de alimentação.

Entre os mamíferos, no mundo animal, esse comportamento não é diferente. Sejam leões, lobos, elefantes ou chimpanzés, só há solidariedade e compartilhamento entre os membros de um mesmo grupo, de afinidades ou interesses. O combate, muitas vezes mortal, ocorre entre grupos de uma mesma espécie, competindo pela dominância de território e primazia dos recursos, ou entre membros de um mesmo grupo, competindo pela liderança.

Nós, Homo sapiens, evoluímos enfrentando o ambiente adverso não somente como indivíduos, mas, principalmente, como grupos de famílias ou pequenos bandos disputando os recursos com outros bandos semelhantes de nossa própria espécie. Nessa luta permanente, além da defesa e sobrevivência dos adultos, o cuidado com a prole foi um dos fatores que mais contribuíram para o advento da solidariedade entre os membros de um mesmo grupo. Explica-se: o sucesso do grupo passou a depender essencialmente da sobrevivência e crescimento da prole, que, por sua vez, sofria forte influência da qualidade e intensidade de cuidados dados pelos pais e da solidariedade e compartilhamento dos outros membros do bando.

Ainda que os bandos mais bem sucedidos apresentassem crescimento populacional, como grupos em constante disputa com uma infinidade de outros bandos e ameaças, a sensação relativa de pertencer a uma minoria sempre foi comum a todos. Por consequência, as minorias passaram a se solidarizar entre si como meio de coesão e defesa recíproca.

Não é por outra razão que a solidariedade foi incutida na alma judaica há pelo menos três mil anos. É possível que ela tenha se iniciado com as 12 tribos na Terra Prometida, que lutavam contra seus muitos inimigos, e se solidificado em função das grandes perseguições iniciadas 500 anos antes de Cristo e continuadas ao longo dos séculos seguintes de diáspora.

Na idade média, berço do obscurantismo, os ruivos (especialmente as mulheres) eram associados à bruxaria e as crianças ruivas e sardentas costumavam ser relacionadas às forças malignas e bárbaras. Vem dessa época o sentimento de solidariedade entre os ruivos. Até hoje trocam sorrisos quando se cruzam na rua.

Um exemplo mais contemporâneo vem da minha vivência com as motocicletas. Fui iniciado no mundo das duas rodas por meu pai na década de 1970, época em que era muito comum o cumprimento com a cabeça quando dois motociclistas se cruzavam ou paravam no sinal. Como éramos uma tribo de poucos membros, incompreendidos e fechados pelos seres de quatro rodas, havia um forte sentimento de solidariedade entre aqueles que gostavam da sensação de liberdade e vento no rosto. Mas não precisamos ir muito longe para ver esse mesmo sentimento entre taxistas e motoboys __ basta que um deles se envolva em um acidente de transito para que muitos parem para se solidarizar __ e entre brasileiros quando se encontram enfrentando algum perrengue em terras estrangeiras.

Assim, se realmente “continuamos sendo tribais” __ como meu grande amigo Sergio Besserman costuma dizer __, faça parte da tribo que trabalha a favor da sustentabilidade e uso consciente dos recursos naturais. Seja solidário, associe-se, contribua, apoie e participe de ações, entidades e projetos atuantes e respeitados por seu verdadeiro trabalho em favor da Natureza.

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