Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

31/05/2012

Do engajamento ao bestialógico, passando pelo “patrulhamento”B


Blog do Emir

Por Emir Sader

Especialmente desde a ditadura, a direita brasileira foi se sentindo cada vez mais complexada, com sentimento de inferioridade diante da esquerda. Não era apenas porque ela defendia soluções de força, violentas, tinha a figura de seus chefes em obtusos chefes militares, mas também porque artistas, intelectuais, todos os que se identificavam com a cultura e a inteligência, não eram de direita, mas de esquerda.
Bastou terminar a ditadura para que uma espécie de “liberou geral” se abater sobre alguns artistas e intelectuais, como se todos e tudo agora fossem iguais – liberais, democratas, ditadura, democracia. Alívio para alguns, que já não teriam que aparecer denunciando as ações da ditadura e poderiam se dedicar a compor, a escrever, sem nenhum compromisso com a realidade concreta. Como se todo o resto – exploração, dominação, discriminação etc. etc. – tivessem desaparecido da noite pro dia e estivéssemos na maior das democracias.
Já um pouco antes, houve quem começasse a decretar o fim do artista engajado. No Brasil, ganhou forma na expressão da revolta contra o que seria um “patrulhamento” das organizações de esquerda sobre artistas e intelectuais, o que supostamente lhes retiraria a liberdade de criação. Sob a caricatura de um alegado “stalinismo” dos partidos de esquerda, se manifestava uma primeira forma de descompromisso com a realidade concreta e com o povo, mediante expressões do individualismo e do egoísmo. O liberalismo assumia o lugar do socialismo na cabeça e no comportamento de muita gente
O fim da ditadura inaugurou assim a temporada da debandada do campo da esquerda por intelectuais e artistas que, livres de qualquer constrangimento moral, aderiram ao pensamento conservador, com os respectivos espaços com que a direita passou a retribuir-lhes o papel de clowns que passaram a desempenhar.
Escandalizar manifestando explicitamente o racismo, o machismo, o obscurantismo, passou a ser moda entre jornalistas, escritores, artistas, nos espaços da mídia monopolista, que pregou o golpe militar, apoiou a ditadura e se enriqueceu com ela.
Mais recentemente, passou a ser moda escrever livros sobre o politicamente incorreto, contanto que, com ajuda dos colegas da mídia, possa frequentar duas ou três semanas a lista dos mais vendidos – cujas denúncias sobre as fraudes na revista Veja foram objeto de artigos do Luis Nassif. Atacar aos que eles consideram “ícones” da esquerda: Chico Buarque, Antonio Candido, Marilena Chaui.
Um desses clowns, que se jactava de fazer esse papel, escritor fracassado, terminou abandonando tudo e fugindo do país, para nao acabar como o Paulo Francis – boquirroto como ele, que fez denúncia sem fundamento contra a Petrobras, e morreu angustiado porque iria à falência com a multa que teria que pagar.
Periodicamente saem livros que se pretendem engraçadinhos, supostamente para “desmistificar” as interpretações da esquerda sobre o Brasil ou a América Latina. Desparecem em poucas semanas, sem pena nem glória, ninguém nem se lembra do nome dos autores. Em geral, são empregados da velha mídia, que promove seus livros.
São bestialógicos, que revelam a ignorância sobre o Brasil e a América Latina, pessimamente escritos, por editoras desconhecidas, que desaparecem sem pena, nem glória. Não sabem distinguir Valparaiso de Guadalajara, Guayasamin de Botero, cueca de vallenato, montoneros de tupamaros (como confundiu recentemente um global recém ingressado à Academia Brasileira de Letras).
É que a realidade da história do Brasil e da America Latina os incomoda, por isso periodicamente se dedicam a “desmistificar” o Che, os que lutaram contra a ditadura, Cuba, Hugo Chávez, e tudo o que represente os ideais populares e que, para seu desespero, se projetam e se perpetuam no tempo, sem dar bola para os latidos desses cães da guarda dos seus patrões e da direita brasileira.

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