Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

25/12/2012

SE ELES MANDAM! (Célestin Freinet)


Se eles mandam na Câmara ou no Sindicato — dizia o fleumático pastor mastigando as palavras —, é porque nós os deixamos mandar. Sabemos discutir muito bem, no café ou na curva dos caminhos, quando nada nos apressa, o sol está claro e o rio murmura aos nossos pés. E assim, entre nós, reconstruímos o mundo. Mesmo Deus tem a sua parte de críticos e, por pouco, nós lhe faríamos concorrência. Mas quando se trata, numa reunião, de dizer as verdades aos que criticamos e de tomar diante deles a posição viril que tomamos entre nós, então já não há homens. Há somente ovelhas e criados. E, na saída, nós nos lamentamos!
 
É verdade que eles foram habituados a falar e a mandar, e, quanto a nós, nossa função é calar e obedecer. No entanto, temos o mesmo na cabeça, e na língua não é eloqüência que nos falta. Sentimo-nos simplesmente dominados por uma cadeia de que não nos conseguimos libertar.
 
O mais grave é que essa cadeia somos nós que a preparamos, e a forjamos para os nossos filhos.
 
Quando resistem a nós obstinadamente, por acharem que têm razão contra as nossas razões e a nossa autoridade; quando defendem até a raiva e as lágrimas — e em respeito, é verdade, pelas hierarquias formais — o que são o bem e a verdade deles, batizamos essa coragem de presunção e essas reivindicações de irrespeitosa inconveniência.
 
Talvez se você, educador, os ajudasse a afirmar a sua personalidade como desejaria ensinar-lhes ortografia e cálculo; se você os treinasse para salvaguardar a própria dignidade, com a mesma ciência pedagógica que emprega para os fazer obedecer; se você tivesse tanto cuidado em formar o homem como em educar o estudante, então talvez tivéssemos amanhã gerações capazes de saber defender-se dos faladores e dos políticos que hoje nos dirigem.
 
Porém, os que mandam lhe dirão, para desanimá-lo, que, ao esquecer as hierarquias justas e formais você está fazendo uma reivindicação presunçosa, e que você perdeu, pela ciência deles, o respeito devido aos ídolos e aos deuses.

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