Por Redação, com ABr - de Brasília
A regulamentação
de negociações coletivas entre governo e servidores públicos para
aumento salarial pode receber um encaminhamento em 2013. O secretário de
Relações de Trabalho no Serviço Público
do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, anunciou que “Vai ser o
ano em que poderemos avançar na institucionalização desse tema e também
do exercício do direito de greve. A decisão da presidente Dilma Rousseff é para que se discutam os dois assuntos juntos”, disse o secretário.
Mendonça participou, de audiência pública sobre a política salarial
das carreiras típicas de Estado na Comissão de Trabalho da Câmara dos
Deputados. Ele fez sua declaração em resposta a críticas de
representantes do funcionalismo, que anteriormente defenderam a adoção
de negociações anuais sobre reajustes, como ocorre no setor privado.
O secretário informou que o Executivo ainda não decidiu se vai
encaminhar um projeto ao Congresso sobre a regulamentação do direito de greve
e da negociação coletiva ou se vai apoiar alguma das propostas que já
tramitam na Câmara. Existem, pelo menos, 11 textos sobre os temas na
Casa.
Constituição
O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de
Estado (Fonacte), Roberto Kupski, foi um dos que reivindicaram a revisão
anual do poder aquisitivo dos salários de servidores públicos. Ele
destacou que trata de um direito que está previsto na Constituição, mas
que não vem sendo respeitado.
“Os servidores não podem ver seu ganho ser corroído pela inflação.
Queremos ter garantia efetiva da recomposição dos nossos salários.
Tivemos ganhos reais para algumas categorias, mas o que adianta se
depois se fica dois, três anos sem nenhum reajuste?”, questionou Kupski.
Ele criticou ainda o aumento de 15%, em três parcelas anuais de 5%,
concedido aos funcionários neste ano pelo governo, uma vez que a
inflação acumulada desde julho de 2010 foi de 15%.
Em defesa do governo, Mendonça argumentou que a responsabilidade do
setor público é maior que a do privado ao negociar novos salários. “Uma
empresa privada, quando toma decisão de reajustar e erra, demite. Aqui
não se demite.”
O secretário lembrou ainda que, desde 2003, 105 acordos foram feitos
com servidores. Não são os acordos ideais, admitiu, mas os dois lados
cederam. “Não reconhecemos as perdas. Os dois governos de Lula e o de
Dilma trabalharam pela recuperação de salário. Houve uma política de
valorização do serviço público e a disponibilização de 120 mil vagas em
concurso”, destacou.
Regulamentação
A presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho
(Sinait), Rosangela Silva Rassy, também criticou a falta de
regulamentação da negociação coletiva anual entre os servidores e o
governo federal. Ela trouxe ao Congresso uma sugestão de projeto de lei
sobre o assunto, que, segundo Rosangela, é fruto de um trabalho de dois
anos no Ministério do Planejamento, mas que não teve o devido
encaminhamento pelo governo. O texto já foi entregue ao senador Paulo
Paim (PT-RS) e também será sugerido aos deputados, para que passe a
tramitar como proposta parlamentar.
O projeto tem como base a Convenção 151 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, e trata de data-base, direito
de greve e negociação coletiva. “A campanha salarial deste ano
foi pesada porque ainda não há um instrumento legal normatizando a
negociação”, avaliou a sindicalista.
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