O Comitê Central do Partido Comunista Português (PCP) aprovou uma vasta agenda de atividades para comemorar o centenário de nascimento do grande líder comunista Álvaro Cunhal, que transcorre em 2013. Na semana passada, o Vermelho publicou o importante pronunciamentodo secretário-geral do Partido, Jerónimo de Sousa, na sessão pública em que foi anunciada a agenda comemorativa. Publicamos agora artigo do membro do secretariado nacional do PCP, Albano Nunes.
Por Albano Nunes, no jornal “Avante!”
O PCP apresentou ao País os elementos centrais do programa com que assinalará o centenário de Álvaro Cunhal. Trata-se de um vasto conjunto de iniciativas que ao longo de 2013 empenharão todo o Partido e que, longe de se encerrarem nas fronteiras partidárias se projetarão na sociedade portuguesa, envolvendo desde a classe operária, de que Álvaro Cunhal se orgulhava de ser «filho adotivo», à intelectualidade progressista, passando pelas novas gerações que, menos familiarizadas com a sua vida e a sua obra, nela descobrirão renovadas razões de empenhada e combativa participação nas primeiras linhas da luta popular como compete à juventude.
A alguns poderá surpreender a inédita dimensão, riqueza e diversidade das iniciativas já anunciadas, e haverá até quem nelas queira encontrar traços de um inexistente culto de personalidade, que estaria aliás nos antípodas da sensibilidade e da vontade de Álvaro Cunhal. Outros poderão estranhar que numa situação nacional tão complexa, marcada por uma violentíssima ofensiva contra as condições de trabalho e de vida dos portugueses e no preciso momento em que, como acontece com a greve geral de 14 de Novembro, estão em curso importantíssimas batalhas contra o pacto de agressão e um Orçamento de Estado terrorista, quando urge erguer em defesa da Constituição da República uma forte barreira a sinistros projectos de «refundação» do Estado que visam liquidar as suas funções sociais e colocá-lo integralmente ao serviço do grande capital nacional e estrangeiro, e quando de Norte a Sul do País a organização partidária se empenha na preparação do 19º Congresso, que perante tão absorventes e urgentes tarefas, o PCP encontre espaço e energia para preparar, e responsavelmente anunciar, um programa de comemorações que se quer digno da grande figura de homem, comunista, intelectual e artista que foi Álvaro Cunhal, principal construtor deste grande coletivo partidário que somos e queremos continuar a ser e figura destacada do movimento comunista e revolucionário internacional.
Evocação voltada para o futuro
A explicação para a importância atribuída pela direção do Partido à evocação de Álvaro Cunhal quando passam cem anos sobre o seu nascimento está contida na intervenção do camarada Jerónimo de Sousa na apresentação do passado sábado e é afinal bem simples. Para os comunistas portugueses a evocação da vida, pensamento e obra de Álvaro Cunhal, sendo incontornável tributo e reconhecimento, não é um ato formal e passadista mas algo de vivo voltado para o presente e para o futuro da luta do povo português por uma vida melhor.
À semelhança dos clássicos do marxismo-leninismo e de outros grandes nomes do movimento operário e comunista, a vida e a obra de Álvaro Cunhal transportam para a atualidade da luta de classes experiências e ensinamentos de grande valor, são fator de encorajamento, inspiração e confiança na vitória da causa dos trabalhadores. Pode dizer-se que Duarte, Manuel Tiago, Álvaro Cunhal caminha(m) ao nosso lado e nos incita(m) a nunca vacilar na confiança no ideal e no projeto comunista que, alimentados por fortes raízes na classe operária e nas massas, são a principal razão de ser deste Partido de que a excepcional personalidade de Álvaro Cunhal é inseparável.
Um riquíssimo património teórico
Ao lembrar, estudar, refletir sobre a sua trajetória de revolucionário estamos a «dialogar» com Álvaro Cunhal, a partilhar o seu pensamento marxista-leninista criador, a sua ilimitada confiança nas massas, a profundidade dos seus estudos da sociedade, a lucidez das sua análises, a sua criativa e audaciosa intervenção política, a sua intransigência nos princípios, a constância das suas convicções, o valor da sua energia e coragem militante.
No momento em que o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e a ofensiva exploradora e agressiva do imperialismo tendem a arrastar o mundo para um gigantesco salto atrás civilizacional, quando se colocam aos comunistas portugueses tarefas de tanta responsabilidade, é grande privilégio e felicidade termos à nossa disposição o riquíssimo patrimônio teórico e prático que Álvaro Cunhal nos legou, nomeadamente com obras tão marcantes como o Rumo à Vitória, A Revolução Portuguesa – O Passado e o Futuro ou O Partido com Paredes de Vidro, obras que todos os membros do Partido devem estudar e assimilar. Muito especialmente no que respeita à luta de massas e ao Partido, os principais pilares da construção da alternativa patriótica e de esquerda por que lutamos e da luta pela realização do Programa do Partido de uma democracia avançada, ela mesma parte constitutiva da luta pelo socialismo e o comunismo, ideal e projeto a que Álvaro Cunhal dedicou toda a sua vida.
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