Sob o meu olhar

Aqui neste blog, vocês poderão ver, ler e comentar a respeito do que escreverei. Por meio deste meu olhar sincero, tentarei colocar artigos e dar minha opinião sobre questões atuais como politica, problemas sociais, educação, meio ambiente, temas que tem agitado o mundo como um todo. Também escreverei poesias e colocarei poemas de grande poetas que me afloram a sensibilidade, colocarei citações e frases pequenas para momentos de reflexão.
É desta forma que vou expor a vocês o meu olhar voltado para o mundo.

16/05/2013

Se o Brasil for, eu vou.

Flavio Aguiar - Blog da Boitempo

A eleição de um diplomata brasileiro, Roberto Azevêdo, para a direção da OMC, levantou uma nova onde de poeira lançada pelas vozes da direita à livre circulação dos ventiladores.

Baseia-se esta nova tempestade poeril (ou será pueril?) na rebatida ideia de que “o Brasil está isolado” (?) ou na recauchutada mania de que tudo no país é um “fracasso”.

Não sei muito bem onde se sustenta a tese deste “isolamento” brasileiro, se recentemente candidatos nossos venceram eleições importantes, a da direção da FAO e agora a da OMC. A não ser pelo vezo de que o Brasil anda em “más companhias”, quais sejam, as do pobrerio do mundo. Parodiando e invertendo o dito de Lúcifer no Paraíso Perdido, de Milton, para este tipo de mentalidade é melhor ser servo(a) na Casa Grande do que senhor(a) em sua própria casa.

Quanto à tese do “fracasso”, ela se apóia em duas vertentes. A primeira vem de longa data, e vitupera, ainda que à socapa, que o país não jeito, no fundo, por causa do povo que abriga. A segunda é a de que não adianta “dar dinheiro para pobre”. Eles (os pobres) não sabem gastar, preferindo porcarias a refinagens. 
Assim, tudo o que se faz nesta direção vira mesmo “assistência eleitoreira”.

O mundo em que vivem os arautos destas teses é de um anacronismo ímpar. Desconhece até as teses de seus colegas conservadores de outras plagas, um pouco mais ilustrados e solertes quanto ao que vai pelo planeta.

Estive pass(e)ando os olhos por um documento muito interessante, elaborado pelo National Intelligence Council dos Estados Unidos inicialmente para leitura do presidente e agora divulgado (desconheço se há diferenças entre a versão entregue à Casa Branca e esta que agora vai em pdf para as telas dos comuns mortais). O documento se chama “Global Trends 2030: Alternative Worlds”.

Grosso modo, trata-se de uma previsão de como poderá ser o nosso mundo em 2030. O documento faz poucas afirmações cabais, preferindo ficar na definição de molduras possíveis. O que vai acontecer se o Irã desistir do seu programa nuclear? O que acontecerá se ele não desistir? E assim por diante.

Mas há nele algumas afirmações bastante, digamos, afirmativas.

Uma delas é a de que diminuirá muito o alcance, o poder e a influência das potências ocidentais. Elas hoje manejam 56% da atividade econômica mundial. Em 2030 deverão manejar 25%. Este declínio aponta para uma reversão de tendência multissecular, que data do Renascimento. Em compensação, o peso asiático vai aumentar.

Mas não só o asiático, seja chinês ou indiano (pois o japonês também estará em declínio). Haverá outros polos que, de regionais, passarão a ter um alcance mundial – entre eles (vejam só!), o nosso “isolado” Brasil. Além, possivelmente, da África do Sul.

Mas há mais. Neste mundo de pesos que se valorizam e se desvalorizam, o da Europa vai decrescer sensivelmente. Talvez até o ponto, alerta o documento, de pôr em perigo a própria coesão da União Europeia, quem sabe a da Zona do Euro em primeiro lugar.

Na contramão do que acontece hoje na Europa, a tendência predominante deste mundo velho sem porteira será a do fortalecimento da classe média, que, apesar da sua perda de poder aquisitivo no Velho Continente, deverá estar em torno de 35% da população mundial. Serão 3 bi em 8,4 bilhões de pessoas. Pela primeira vez na história, pode ser que a maioria da população mundial não viverá na miséria – com uma substantiva contribuição do “fracasso Brasil” para tanto, como mostram sucessivos documentos de múltiplos organismos internacionais, entre eles a OIT e a Unesco, dentre outros.

Esta ascensão social provocaria um aumento da demanda por saúde, educação, alimentação, água e – veja só – energia. Neste itens todos, apesar da persistência de problemas seculares, o “fracasso Brasil” vai bem, embora isto seja difícil de ver através da cortina de fumaça – ou poeira – que os nossos doutores em isolamento ou fracasso continuamente teimam em levantar.

Ah, um outro item interessante é o da internet. Levantamentos recentes indicam que no “isolado” e “fracassado” Brasil, a maioria da informação buscada pela população está nas redes virtuais. Pois bem, o documento do Council afirma que uma das características do mundo em 2030 será a da formação de “comunidades congregadas” virtuais, supra-nacionais, em territórios novos como a “googlelândia”, ou a “twitterlândia”, ou ainda a “facebooklândia”. Não é a minha praia, partidário que ainda sou de uma boa caneta-tinteiro, mas devo reconhecer que há uma tendência mundial naquele sentido, e que nela, o “fracasso Brasil”, ou o “isolado Brasil” navega muito bem.

É claro que um documento desta natureza deve ser lido com várias mãos e pés atrás, não só por vir de onde vem, mas igualmente por ser, no fundo e ao final, um conjunto de previsões para melhorar ou tirar o sono do ocupante da Casa Branca.

Mas ele mostra, de modo muito inequívoco, a bobajada que os adeptos do “fracasso Brasil” ou do “isolado Brasil” são infatigáveis em apregoar.
 
A estes, o passado. Ao Brasil, de novo, o futuro – mas desta vez carregado de presente. E se o Brasil for, eu vou. Com minha caneta-tinteiro e tudo.

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