Redação - Carta Maior
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação divulgou a seguinte
nota pública na última sexta-feira (22), a respeito da declaração do
secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, no
último dia 20, de que o governo federal não vai tratar da reforma do
marco regulatório das comunicações.
“A declaração do
secretário-executivo do Ministério das Comunicações, no último dia 20,
de que este governo não vai tratar da reforma do marco regulatório das
comunicações, explicita de forma definitiva uma posição que já vinha
sendo expressa pelo governo federal, seja nas entrelinhas, seja pelo
silêncio diante do tema.
A justificativa utilizada – a de que não
haveria tempo suficiente para amadurecer o debate em ano pré-eleitoral –
é patética. Apesar dos insistentes esforços da sociedade civil por
construir diálogos e formas de participação, o governo Dilma e o governo
do ex-presidente Lula optaram deliberadamente por não encaminhar um
projeto efetivo de atualização democratizante do marco regulatório. Mas o
atual governo foi ainda mais omisso ao sequer considerar a proposta
deixada no final do governo do seu antecessor e por não encaminhar
quaisquer deliberações aprovadas na I Conferência Nacional de
Comunicação (Confecom), realizada em 2009. O que fica claro é a ausência
de vontade política e visão estratégica sobre a relevância do tema para
o avanço de um projeto de desenvolvimento nacional e a consolidação da
democracia brasileira.
A opção do governo significa, na prática,
o alinhamento aos setores mais conservadores e o apoio à manutenção do
status quo da comunicação, nada plural, nada diverso e nada democrático.
Enquanto países com marcos regulatórios consistentes discutem como
atualizá-los frente ao cenário da convergência e países
latino-americanos estabelecem novas leis para o setor, o Brasil opta por
ficar com a sua, de 1962, ultrapassada e em total desrespeito à
Constituição, para proteger os interesses comerciais das grandes
empresas.
Ao mesmo tempo em que descumpre o compromisso reiterado
de abrir um debate público sobre o tema, o governo federal mantém
iniciativas tomadas em estreito diálogo com o setor empresarial,
acomodando interesses do mercado e deixando de lado o interesse público.
No setor de telecomunicações, na mesma data, foi anunciado um
pacote de isenção fiscal de 60 bilhões para as empresas de Telecom para o
novo Plano Nacional de Banda Larga em sintonia com as demandas das
empresas, desmontando a importante iniciativa do governo anterior de
recuperar a Telebrás, e encerrando o único espaço de participação da
sociedade no debate desta política – o Fórum Brasil Conectado.
Somando-se ao pacote anunciado de benesses fiscais, o governo declara
publicamente a necessidade de rever o texto do Marco Civil da Internet
que trata da neutralidade de rede, numa postura totalmente subserviente
aos interesses econômicos.
Na radiodifusão, faz vistas grossas
para arrendamentos de rádio e TVs, mantém punições pífias para violações
graves que marcam o setor, conduz a portas fechadas a discussão sobre o
apagão analógico da televisão, enquanto conduz de forma tímida e
errática a discussão sobre o rádio digital em nosso país. Segue tratando
as rádios comunitárias de forma discriminatória, sem encaminhar nenhuma
das modificações que lhes permitiriam operar em condições isonômicas
com o setor comercial.
Diante desta conjuntura política e do
anúncio de que o governo federal não vai dar sequência ao debate de um
novo marco regulatório das comunicações, ignorando as resoluções
aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, manifestamos nossa
indignação, ao mesmo tempo em que reiteramos o nosso compromisso com
este debate fundamental para o avanço da democracia.
De nossa
parte, seguiremos lutando. A sociedade brasileira reforçará sua
mobilização e sua unidade para construir um Projeto de Lei de Iniciativa
Popular para um novo marco regulatório das comunicações.
Coordenação executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC:
Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub)
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária - Abraço
Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – Aneate
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Conselho Federal de Psicologia – CFP
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações - FITTEL
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão – Fitert
Intervozes - – Coletivo Brasil de Comunicação Social”
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