Cãmara Notícias
A Coordenação de Participação Popular da
Câmara vai promover um videochat pela internet na próxima quinta-feira
(20), às 16 horas, para que os cidadãos possam debater o projeto sobre a
possibilidade de atendimento psicológico aos homossexuais insatisfeitos
com sua opção sexual. O debate será feito com o relator da proposta na
Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Roberto de Lucena
(PV-SP).
No mesmo dia, às 20 horas, Lucena estará na bancada do jornal Câmara Hoje, na TV Câmara, para fazer um balanço da discussão com os internautas.
Como o projeto ainda não foi votado pela comissão, este é o momento
em que o relator pode ouvir a sociedade e acatar sugestões de mudanças
no texto. Para participar do videochat, acesse o banner no portal Câmara Notícias. O link estará disponível apenas no horário do bate-papo.
Restrição ao atendimento psicológico
O Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 234/11,
do deputado João Campos (PSDB-GO), susta a aplicação de dois
dispositivos da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia que
orientam os profissionais da área: o primeiro deles diz que os
psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham
tratamento e cura da homossexualidade. O segundo determina que os
psicólogos não se pronunciarão publicamente de modo a reforçar os
preconceitos em relação aos homossexuais como portadores de qualquer
desordem psíquica.
Para João Campos, ao proibir os psicólogos de colaborar com serviços
que proponham o tratamento da homossexualidade, o conselho está
restringindo o direito de o paciente homossexual insatisfeito com sua
condição receber atendimento psicológico, quando o solicitar. Campos
também avalia que a resolução ofende o princípio constitucional da
liberdade de expressão, ao impedir o psicólogo de se pronunciar
publicamente.
O projeto mantém o artigo da resolução que determina que “os
psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de
comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva
tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”.
Relator é favorável
O relator, deputado Roberto de Lucena, é favorável à proposta. Ele
argumenta que ela se originou de queixas de profissionais que têm sido
levados a julgamento no Conselho de Ética de seu órgão de classe quando
atendem pessoas egodistônicas – cuja sexualidade não está em
conformidade com sua personalidade.
“Não tem cabimento uma lei proibir as pessoas de fazerem as mudanças
que elas mesmas desejam em suas vidas, independentemente de serem na
área sexual ou não. Também não há cabimento para a proibição de
profissionais atenderem a essa demanda”, afirma Lucena. “Se determinado
cidadão de orientação heterossexual, em conflito com a sua
heterossexualidade, desejar ajuda por definir-se pela homossexualidade, o
psicólogo poderá livremente atendê-lo em sua solicitação. No entanto, o
sentido contrário não é permitido”, argumenta.
Para Roberto de Lucena, a resolução do conselho também é ilegal, pois
a Constituição garante o livre exercício profissional, desde que
atendidas as qualificações impostas por lei. “Logo, as restrições ao
exercício profissional devem ser impostas única e exclusivamente por
lei, e não por resolução de conselho”, explica. A Lei 4.119/62 garante
ao psicólogo o direito de “utilizar métodos e técnicas psicológicas para
solucionar problemas de ajustamento.” “Assim, nesse caso há um conflito
de normas, e a norma superior deve prevalecer sobre a inferior”,
observa o deputado.
Tramitação
O projeto será examinado pelas comissões de Seguridade Social e Família;
e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive no mérito) e
votado pelo Plenário.
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