Diversas entidades dos movimentos sociais do país divulgaram uma nota
de repúdio ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP), por conta de sua
indicação e manutenção à frente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da
Câmara dos Deputados.
Conheça a íntegra da nota:
Exmo. Sr. Henrique Eduardo Alves
Presidente da Câmara dos Deputados e Deputadas
C/c Deputadas e Deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
Deputadas e Deputados da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos
Nós, entidades do movimento social e feminista, vimos por meio desta
manifestar nosso repúdio à insustentável manutenção do deputado Marco
Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
da Câmara dos Deputados e exigir, desta Casa Legislativa, sua imediata
substituição.
O deputado Feliciano tem um lastimável histórico de opiniões e
iniciativas parlamentares de cunho racista, contrárias à liberdade de
crença religiosa, lesbofóbica, homofóbicas e machistas. Isso é um
escárnio à Constituição e, mais especificamente, ao trabalho da referida
Comissão. Tal histórico o inviabiliza na presidência da Comissão, já
que sua função precípua é a garantia de direitos que, embora estejam
assegurados a todos e todas pela Constituição indistintamente, na vida
real são diariamente negados a determinadas populações, por motivos
diversos.
É certo que a afirmação dos direitos dessas populações não será
possível sob a inépcia de uma Comissão de Direitos Humanos e Minorias
que acredite que os direitos inalienáveis dos cidadãos e cidadãs
brasileiros devam ser gozados por apenas alguns, e não por outros, em
consequência de uma ordem imutável de abençoados (homens, ricos,
brancos, heterossexuais) e amaldiçoados (mulheres, negros e indígenas,
LGBT).
No caso específico das mulheres, as opiniões assustadoramente
anacrônicas do pastor se sobrepõem ao respeito à Constituição —
democrática e laica — que deveria balizar o a conduta do deputado. Este
afirmou categoricamente que o trabalho fora de casa da mulher destrói a
família; marcha contra conquistas civilizatórias históricas da sociedade
brasileira como o direito ao livre divórcio; o direito à livre
orientação sexual; a uma vida livre de violência; o respeito e garantia
aos direitos sexuais e direitos reprodutivos das mulheres, que podem
optar, ou não, pela maternidade, entre tantas outras formas e vivências
femininas que, aparentemente, o pastor não conhece nem respeita.
Pelos motivos expostos, consideramos insustentável a permanência do
referido deputado à frente de uma comissão tão sensível e relevante para
sociedade brasileira. O Sr. Marco Feliciano vem se destacando por ser o
porta-voz da intolerância e dos preconceitos mais tacanhos e
reacionários no nosso país. Exatamente por isso não pode ocupar a
cadeira de presidente da Comissão que zela por direitos humanos para
todos e todas, pelas minorias exploradas e oprimidas, e deve ser
imediatamente substituído.
São Paulo, 25 de março de 2013.
União Brasileira da Mulheres UBM
MMM- Marcha Mundial das Mulheres
SOF – Sempreviva Organização Feminista
Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT
Secretaria da Mulher Trabalhadora da CTB
UNE União Nacional dos Estudantes
UBES União Brasileira de Estudantes Secundaristas
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
FEPAC Federação Paulistana de Associações Comunitárias
MDM Movimento pelo Direito à Moradia
Levante Popular da Juventude
CSP Conlutas
Setorial de Mulheres do PSOL
Movimento Mulheres em Luta
Frente de Luta por Moradia
Coletivo Maria Lacerda de Maringá
Coletivo Juntas!
Círculo Palmarino
Rompendo Amarras
UJS União da Juventude Socialista
UNEGRO União de Negras e Negros Pela Igualdade
Portal CTB
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