Agência DIAP
O Senado concluiu, nesta terça-feira (26), a aprovação por 66 votos
favoráveis e nenhum contrário, da proposta de emenda à Constituição
(PEC) 66/12, conhecida como PEC das Domésticas, que iguala os direitos
dos trabalhadores domésticos aos dos demais trabalhadores urbanos e
rurais. Na última terça-feira (19), o Senado já havia aprovado a
proposta, em primeiro turno, por unanimidade, com 70 votos favoráveis.
Esta emenda será a 72ª alteração na Constituição Federal desde a promulgação da Carta Maior, em 5 de outubro de 1988.
A proposta, que já havia sido aprovada em primeiro turno na
terça-feira passada (19), foi aprovada novamente por unanimidade no
segundo turno, com o voto favorável de 66 senadores. De acordo com o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o texto será promulgado
na próxima terça-feira (2), em sessão conjunta do Senado e da Câmara
dos Deputados.
A PEC 66/2012 começou a tramitar em 2010, na Câmara dos Deputados,
por iniciativa do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB-MT). A senadora
Lídice da Mata (PSB-BA) foi relatora da proposta no Senado.
Durante a votação, vários senadores apelidaram informalmente a PEC de
Benedita da Silva, ex-empregada e hoje deputada federal pelo PT-RJ, que
trabalhou pela aprovação.
A partir da promulgação da proposta, na próxima terça (2), a PEC já
garante a aplicação imediata de nove novos direitos a babás, faxineiros e
cozinheiros, dentre outros trabalhos exercidos em residências.
Outros sete direitos, no entanto, ainda dependerão de regulamentação
para detalhar como serão aplicados e efetivar os direitos e deveres de
empregados e empregadores.
Entre os direitos que começam a valer imediatamente após a
promulgação da lei, estão a garantia de salário nunca inferior ao mínimo
(hoje em R$ 678), jornada de trabalho não superior a 8 horas por dia
(máximo de 44 horas semanais), pagamento de horas-extras, além do
reconhecimento de convenções ou acordos coletivos.
Por enquanto, não serão efetivados de imediato o direito a
indenização em demissões sem justa causa, a concessão de
seguro-desemprego e salário-família pelo governo, conta no Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), adicional norturno, auxílio-creche
e o seguro contra acidentes de trabalho.
Regulamentação
Segundo o Ministério do Trabalho,
todos esses direitos ainda dependem de novas leis, ou alteração das
existentes – que precisam passar pelo Congresso –, além da edição de
decretos ou portarias – lançadas pelo próprio governo.
Não há prazo definido para essas novas normas, mas o Ministério do
Trabalho disse que a expectativa é que elas sejam criadas "o mais rápido
possível", segundo a assessoria da pasta.
A assessora jurídica da Federação da Empregadas e Trabalhadoras
Domésticas do Estado de São Paulo, Camila Ferrari, se reuniu na tarde
desta terça (26) com o presidente do Senado para pedir a regulamentação
do texto.
Diante da dificuldade para fazer o controle de horários, ela
considera necessário que seja estabelecido um piso salarial diferente
para profissionais que dormem na casa do patrão.
Segundo ela, o piso maior evita o excesso de pagamento de horas
extras e de adicional noturno. "Estamos lidando com patrão e não com uma
empresa com vários funcionários. Não é interesse do sindicato onerar o
patrão e causar risco de aumento de demissões e da informalidade",
afirmou.
7 milhões
Dados do Ministério do Trabalho estimam
em 7 milhões o número de trabalhadores domésticos no país hoje; destes,
somente cerca de 1 milhão têm carteira assinada e, portanto, os
direitos trabalhistas assegurados. Até a aprovação da PEC, os domésticos
registrados já tinham direitos como 13º salário, repouso semanal,
férias, aposentadoria, entre outros.
Em novembro de 2011, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
recomendou condições de trabalho e remuneração decente e iguais aos dos
demais trabalhadores para os domésticos em todo o mundo. A organização
alertava que a falta de proteção legal aumenta a vulnerabilidade desses
profissionais.
Neste ano, a OIT apresentou estudo que aponta o Brasil como o país
com mais empregados domésticos, seguido pela Índia, com 4,2 milhões e a
Indonésia com 2,4 milhões. (Com Agência Senado e G1)
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