O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deixou o silêncio em que se manteve
até esta terça-feira para tentar explicar, em nota publicada em sua
página na internet, parte de sua fortuna, avaliada em R$ 16 milhões.
Desde a última sexta-feira, Dias teve seu patrimônio contestado após
receber uma punição, na Justiça, no processo que move contra ele a
funcionária pública Monica Magdalena Alves, mãe de uma filha do
parlamentar fora do casamento. A ação visa anular a venda de cinco casas
em Brasília que, segundo a causa, também pertenceria à herdeira, menor
de idade. Dias não teria pagado a pensão alimentícia da menina e poderá
se tornar alvo de uma investigação da Polícia Federal.
O senador Álvaro Dias assumiu, após a renúncia do senador Demóstenes
Torres por denúncias de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o papel de principal defensor dos
ideais da extrema direita, no país. Moralista e dono de um
discurso contundente nas denúncias aos desafetos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Dias vê-se agora diante do mesmo pelotão de fuzilamento, na mídia, ao
qual convocou na tentativa de alvejar a reputação da ex-secretária da
Presidência da República, em São Paulo, Rosemary Noronha. É dele o
pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para
investigar o que ele apelidou de ‘Rosegate‘, repercutido prontamente pela mídia conservadora no país.
– É um escândalo de baixo nível, que expõe a postura descabida de
quem preside o país, antes e agora – disse ele, referindo-se ao
antecessor da presidenta Dilma.
Em 2006, o patrimônio que Dias declarou à República, tão logo
diplomado como senador, foi de R$ 1,9 milhão. Naquele mesmo ano, o
senador não teria declarado aplicações no valor de R$ 6 milhões e, ao
longo do período, ergueu cinco mansões na Capital Federal, avaliadas em
R$ 16 milhões. Na nota, Dias tenta explicar os fatos acusando “abutres
morais” que promovem “o achincalhe” em uma página de microblogs.
Patrimônio da Honestidade: a homenagem a meu pai!
25 de dezembro de 2012 – 12:00
O espírito do Natal contrastando com o achincalhe de alguns poucos
abutres morais, especialmente no Twitter, leva-me a homenagear meu pai.
Sem ter frequentado a escola, transformou-se em notável professor da
honradez e do trabalho. Construiu significativo patrimônio material, mas
o mais importante que legou a seus 10 filhos foi o da decência e
honestidade.
Imagino se estivesse vivo qual seria sua reação nesta hora. Sua
trajetória na construção desse patrimônio foi uma epopeia. Começou em
1938, portanto, muito antes do meu nascimento, quando ainda jovem chegou
onde hoje se localiza Maringá. Saindo de Quatá-SP, na antiga
jardineira, a viagem sobre quatro rodas se encerrava em Londrina, cerca
de 100 quilômetros do destino. A partir daí no lombo de cavalos
percorreu trilhas abertas na mata para chegar. Em Mandaguari a parada no
único e pequeno hotel existente, depois a cavalgada até o fim da picada
em Maringá.
Acompanhado por corretores desceu até onde se localiza hoje a UEM e
foi adiante até o local escolhido.
Decidiu por esse lugar porque
encontrou água (pequeno rio) e soube que a linha férrea mais tarde
passaria por lá. A região era inóspita, perigosa e afastava os
desbravadores. Não foi difícil com algumas dezenas de réis adquirir
extensa área de terras, o inicio da construção de um razoável
patrimônio. Várias vezes foi aconselhado a vender, a selva era perigosa.
Resistiu, persistiu! Aos poucos foi derrubando a mata e plantando café.
As viagens se repetiam, nas mesmas e difíceis circunstâncias, a partir
de Quatá onde a família ficava.
Em 1954 a mudança. Casa construída para receber mulher (minha mãe
Helena) e filhos. Verdadeiro mar verde, os cafezais produziam safras
incríveis. Foi o ponto de partida para a formação de novas fazendas de
café, como a de Itambé que muito me impressionava ainda garoto, pela
grandeza e beleza das suas lavouras.
Logo a seguir Jesuítas, no Oeste do
Paraná, etc.etc.. Silvino, meu pai, mandava os filhos estudar e ficava
na sua batalha diária que começava sempre antes do nascer do sol. Vida
dura de trabalho e só. Não conheceu o mar, não colocou o pé nas areias
da praia e só viu Curitiba, nossa capital, quando da minha posse como
governador.
A fazenda Diamante que formou em Maringá, transformou-se na Cidade
Nova. Morreu aos 95 anos e pouco antes disso me disse: “a cidade chegou
muito perto de mim, se fosse mais jovem iria embora para algum Estado
emergente fazer o que fiz quando aqui cheguei em 1938 cheio de
esperança”. Em nome dos seus oito filhos vivos, dois já se foram, as
minhas homenagens neste Natal. Obrigado meu pai! Seus filhos aprenderam a
lição, formaram-se em universidades, aumentaram o patrimônio material
pelo senhor legado, (mais os que não estão na vida publica), mas sem
esquecer de preservar a sua riqueza maior: a honestidade!
Por isso meu pai, em sua homenagem, aos que achincalham a honra deste
seu filho, por ignorância ou má fé, lembro Mario Quintana, poeta
gaúcho, ‘Eles passarão, eu passarinho”
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