Por Redação - do Rio de Janeiro
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares, carioca, nascido em 15
de dezembro de 1907, morreu na noite desta quarta-feira. O arquiteto
estava internado no Hospital Samaritano, que confirmou o falecimento de
um dos principais ícones da Arquitetura mundial. Niemeyer teve seu
estado de saúde deteriorado após uma longa internação. Ele respirava por
aparelhos, devido a uma insuficiência pulmonar, que se agravou nas
últimas horas, segundo informações divulgadas pelo hospital onde estava
internado, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Esta foi a última de uma série de internações pelas quais passou
Oscar Niemeyer este ano. Ele morre às vésperas de completar seu 105º
aniversário. Em maio e em outubro ele foi levado ao hospital com
problemas de desidratação.
Niemeyer foi o arquiteto brasileiro de nome mais influente na
Arquitetura Moderna. Pioneiro na exploração das possibilidades
construtivas e plásticas do concreto armado, e por esse motivo teve
grande fama nacional e internacional desde a decada de 1940. Seus
trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que projetou para a
cidade de Brasília, embora possua um grande corpo de trabalho desde sua
graduação pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1934.
No início do século XX, nasce um gênio
Filho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida, Oscar
Niemeyer nasceu no bairro de Laranjeiras, na rua Passos Manuel, que
receberia no futuro o nome de seu avô Ribeiro de Almeida, ministro do
Supremo Tribunal Federal. Niemeyer foi profundamente marcado pela lisura
na vida pública do avô, que como herança os deixou apenas a casa em que
morava e cuja regalia era uma missa em casa aos domingos, apesar de ser
um ateu convicto.
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura,
inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos
seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é
feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”.
Oscar Niemeyer
Niemeyer passou a sua juventude sem preocupações e gostava da boêmia.
Frequentava o Café Lamas, o clube do Fluminense e a Lapa. Em suas
palavras: “Parecia que estávamos na vida para nos divertir, que era um
passeio”.
Em 1928, aos 21 anos, casou-se com Anita Baldo, 18 anos, filha de
imigrantes italianos da província de Pádua. A cerimônia de casamento na
igreja do bairro atendeu aos desejos da noiva.
– Casei por formalidade. Mais católica do que minha esposa é impossível, então não me incomodei em casar dessa forma – lembrou.
O casamento foi no mesmo ano da formatura no ensino médio. O casal
teve somente uma filha, Anna Maria Niemeyer, que deu cinco netos, treze
bisnetos e quatro trinetos ao arquiteto. Anna Maria faleceu no dia 6 de
junho de 2012, aos 82 anos.
Viúvo desde 2004, casou-se em novembro de 2006 com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos.
Até 23 de setembro de 2009, quando foi internado, passando em seguida
por duas cirurgias, para retirada da vesícula e de um tumor do cólon, o
arquiteto costumava ir todos os dias ao seu escritório em Copacabana,
onde trabalhava no projeto Caminho Niemeyer, em Niterói, um conjunto de
nove prédios de sua autoria. Até outubro de 2009, Niemeyer permaneceu
internado no mesmo hospital, no Rio de Janeiro.
Em 25 de abril de 2010,
foi novamente internado, apresentando um quadro de infecção urinária. O
arquiteto deveria participar do lançamento da edição especial da revista
“Nosso Caminho”, no dia 27 de abril, em homenagem aos 50 anos de
Brasília. A festa foi cancelada.
Formação acadêmica
Casado, Oscar troca a vida boêmia pelo trabalho na tipografia do pai.
Resolve retomar os estudos. Em 1929 ingressou na Escola Nacional de
Belas Artes, de onde saiu formado como arquiteto e engenheiro, em 1934.
“As ideias marxistas continuam perfeitas, os homens é que deveriam ser mais fraternos”
Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer
A luta política é uma das questões que sempre marcaram a vida e obra
de Oscar Niemeyer. Em 1945, já um arquiteto conhecido, conheceu Luís
Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que
este montasse o comitê do partido. Sempre foi um forte defensor de sua
posição como stalinista. Durante alguns anos da ditadura militar do
Brasil autoexilou-se na França. Um ministro da Aeronáutica da época
diria que “lugar de arquiteto comunista é em Moscou”.
Niemeyer visitou a União Soviética, teve encontros com diversos
líderes socialistas e foi amigo de alguns deles. Em 2007 presenteou
Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano: uma figura
monstruosa ameaçando um homem que se defende empunhando uma bandeira de
Cuba. Em seu discurso de 2007, onde Fidel fala em aposentadoria, faz
referência ao amigo Niemeyer: “Penso, como (o arquiteto brasileiro
Oscar) Niemeyer, que se deve ser consequente até o final”. Esta frase
foi repetida em sua carta de renúncia de 18 de fevereiro de 2008.
“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de
expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para
todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da
felicidade geral”
Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer
Desde sempre idealista, mesmo passando por dificuldades financeiras,
decide trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa e Carlos
Leão. Não lhe agradava a arquitetura comercial vigente e viu no
escritório de Lúcio Costa uma oportunidade para aprender e praticar uma
nova arquitetura.
Obra do Berço
Seu primeiro projeto individual a ser construído foi a Obra do Berço, em 1937, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical. Durante a construção, o arquiteto estava fora do Brasil e, ao retornar, encontrou o brise instalado de forma inapropriada, sem proteger o interior contra a insolação. Sendo assim, Niemeyer, que nada havia cobrado pelo projeto, pagou pela execução do brise na forma em que havia projetado. O prédio da Obra do Berço foi inaugurado em 1938 e em 2012 a instituição ainda o ocupa.
Seu primeiro projeto individual a ser construído foi a Obra do Berço, em 1937, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Neste edifício nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical. Durante a construção, o arquiteto estava fora do Brasil e, ao retornar, encontrou o brise instalado de forma inapropriada, sem proteger o interior contra a insolação. Sendo assim, Niemeyer, que nada havia cobrado pelo projeto, pagou pela execução do brise na forma em que havia projetado. O prédio da Obra do Berço foi inaugurado em 1938 e em 2012 a instituição ainda o ocupa.
Ministério da Educação e Saúde
Em 1936, o escritório onde Niemeyer trabalhava como estagiário, dirigido por Lúcio Costa e Carlos Leão, foi chamado pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (que anulara o concurso público ganho por Archimedes Memoria), para projetar o novo edifício do Ministério da Educação e Saúde. Este projeto estava inserido no contexto político do Estado Novo, quando Getúlio Vargas, presidente do Brasil, usava a arquitetura e o urbanismo como ferramentas para ilustrar os novos rumos da nação em uma fase intermediária, que buscava se transformar de potência agrícola exportadora de café em um país industrializado.
Em 1936, o escritório onde Niemeyer trabalhava como estagiário, dirigido por Lúcio Costa e Carlos Leão, foi chamado pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (que anulara o concurso público ganho por Archimedes Memoria), para projetar o novo edifício do Ministério da Educação e Saúde. Este projeto estava inserido no contexto político do Estado Novo, quando Getúlio Vargas, presidente do Brasil, usava a arquitetura e o urbanismo como ferramentas para ilustrar os novos rumos da nação em uma fase intermediária, que buscava se transformar de potência agrícola exportadora de café em um país industrializado.
Ministério da Educação e Saúde: fachada com brises
Lúcio Costa pediu assessoria ao arquiteto franco-suíço Le Corbusier, um dos grandes expoentes mundiais do Movimento Moderno e montou uma equipe de arquitetos para o desenvolvimento do projeto: Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira, Carlos Leão e Niemeyer. O projeto segue os 5-pontos corbusianos, já realizados no Pavilhão Suíço, um prédio de apartamentos em Paris projetado por Le Corbusier em 1930. O edifício do MEC, terminado em 1943, eleva-se da rua apoiando-se em pilotis: sistema de pilares de concreto que mantém o prédio “suspenso”, permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo do mesmo (um espaço público de passagem). O prédio uniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com azulejos de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx e é considerado o primeiro grande marco da Arquitetura Moderna no Brasil.
Lúcio Costa pediu assessoria ao arquiteto franco-suíço Le Corbusier, um dos grandes expoentes mundiais do Movimento Moderno e montou uma equipe de arquitetos para o desenvolvimento do projeto: Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira, Carlos Leão e Niemeyer. O projeto segue os 5-pontos corbusianos, já realizados no Pavilhão Suíço, um prédio de apartamentos em Paris projetado por Le Corbusier em 1930. O edifício do MEC, terminado em 1943, eleva-se da rua apoiando-se em pilotis: sistema de pilares de concreto que mantém o prédio “suspenso”, permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo do mesmo (um espaço público de passagem). O prédio uniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com azulejos de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx e é considerado o primeiro grande marco da Arquitetura Moderna no Brasil.
Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York
Em 1939, Niemeyer viaja com Lúcio Costa para projetar o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque de 1939-40. Associam-se ao escritório de Paul Lester Wiener, responsável pelo detalhamento dos interiores e stands de exposição. Em uma época em que a Europa e os Estados Unidos estavam concentrando suas potências industriais na Segunda Guerra Mundial, o Brasil estava investindo em arquitetura, o que lhe colocou na vanguarda da Arquitetura Modernista internacional, onde ainda permaneceu por várias décadas, graças em boa parte ao talento de Oscar Niemeyer.
Em 1939, Niemeyer viaja com Lúcio Costa para projetar o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque de 1939-40. Associam-se ao escritório de Paul Lester Wiener, responsável pelo detalhamento dos interiores e stands de exposição. Em uma época em que a Europa e os Estados Unidos estavam concentrando suas potências industriais na Segunda Guerra Mundial, o Brasil estava investindo em arquitetura, o que lhe colocou na vanguarda da Arquitetura Modernista internacional, onde ainda permaneceu por várias décadas, graças em boa parte ao talento de Oscar Niemeyer.
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