Justiça, a cínica
Clã Sarney: as provas não valem
Justiça é Serial killer de provas, mata em série as provas contra os ricos.
A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de anular as provas
da investigação da família Sarney pela Polícia Federal é mais uma prova
(evidente, concreta, válida) de que no Brasil ricos não podem ser
investigados. As provas anuladas são da chamada operação Boi Barrica,
que investigou os negócios do empresário Fernando Sarney e outros
familiares do presidente do Senado, José Sarney.
Quando um rico é investigado, como nos casos das operações Castelo
de Areia e Satiagraha, a justiça simplesmente anula as provas. É
anulação em série. As provas podem provar que houve corrupção, mas isso
não importa quando são os ricos os acusados. Aqui não se pode nem
investigar os ricos.
Essa é mais uma situação ou prova de que a consciência de renda
tornou-se mais importante do que a consciência de classe nas sociedades
contemporâneas. A consciência de renda parece evidenciar que as
diferenças entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores são
menos importantes atualmente do que a diferença entre os ricos (sejam
proprietários dos meios de produção ou simplesmente corruptos) e a
população em geral. As decisões que anulam provas de ricos são
explicadas pela consciência de renda. Há interesses comuns entre as
camadas mais ricas da população e esses interesses comuns são
estabelecidos por práticas e procedimentos que impedem até a
investigação. Quicá a punição.
Há tempos estamos dizendo que o problema da corrupção no Brasil não
é do Legislativo nem do Executivo. Não adianta fazer manifestação
contra a corrupção se a justiça, o principal problema do país, não
cumpre sua função. A justiça deveria ser o principal alvo das
manifestações contra a injustiça e a corrupção.
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