Fosse eu uma combativa feminista, já teria acusado mídia e classe política por insistir em tratar a Dilma Rousseff como faxineira, diarista, não como presidente ou presidenta.
Qualquer ato da mulher leva o verbo faxinar logo de cara. Dilma fez faxina aqui, Dilma não faxinou os órgãos ligados ao queridinho PMDB –nem usou o mais leve espanador.
É elogiada por deixar as coisas limpinhas, como no Ministério dos Transportes; é criticada por fazer um serviço porco em outros cômodos do organograma do poder.
Dificilmente há um texto ou matéria de rádio e tv que não ponha a Dilma em uma tarefa doméstica. (Sobe a trilha do bravo Eduardo Dusek!)
A continuar assim, ela terá que preencher, o quadrinho das profissões com o antigo “do lar”.
Tudo bem, é só uma observação cricri sobre o uso das palavras, mas governar, que já foi “abrir estradas” (com o presidente Washington Luís, nos anos 1920),não pode ser apenas fazer faxina.
Tudo bem, é só um pitaco de um lacaniano de boteco atento ao palavreado, seus chistes, seus troca-letras.
Dilma que se cuide para não cair nessa arapuca, que agora é apenas simbólica, mas pode virar uma perigosa armadilha.
Mais perigosa do que dormir com um inimigo como o Nelson Jobim, o ministro da Defesa que joga no ataque contra todas as mulheres do Planalto.
Não que faxinar seja uma tarefa indigna. Mas governar não pode se resumir a diárias clandestinas sem carteira assinada.
Feministas do mundo inteiro, uni-vos! Como diria o camarada Karl Marx, que amava, inclusive sexualmente, a sua empregada!
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